Lucros dos cinco maiores bancos do país ultrapassa R$ 53 bi em nove meses

 

Os lucros somados dos cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) nos nove primeiros meses de 2020 foram de R$ 53,383 bilhões.

 

O resultado poderia ser ainda maior se não fosse o crescimento do provisionamento para o risco de créditos de liquidação duvidosa (as PDDs). Na média dos cinco bancos, o crescimento das despesas com PDD foi de 44,7%.

“Mesmo com a taxa de inadimplência muito baixa e em queda, os bancos aumentaram absurdamente o volume das provisões para cobrir os possíveis calotes. Estes valores são subtraídos do montante de lucro e prejudicam os resultados dos bancos”, explicou a economista Vivian Machado, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

 

Na ponta do lápis

 

Mesmo após a subtração dos valores de PDD, o lucro somados dos cinco maiores bancos do país nos nove primeiros meses 2020 é próximo a tudo o que foi investido (R$ 68,7 bilhões) pelo governo federal em educação até setembro.

 

Com a alta da PDD, a queda média de lucro dos cinco maiores bancos do país no terceiro trimestre foi de 33,7%, na comparação com o mesmo período de 2019.

 

Mesmo assim, o lucro obtido pelos bancos, em pleno período de pandemia representa quase a metade (43%) de todo o orçamento federal de recursos para a Saúde. Se comparado aos R$ 60,1 bilhões previstos no orçamento para pagamento do Benefício de Prestação Continuada durante todo o ano, os R$ 53,383 bilhões obtidos de lucro pelos bancos em nove meses já representa 89% do valor previsto para BPC.

“Com certeza, os bancos não têm do que reclamar. Mesmo após o aumento das PDDs, eles tiveram o lucro estrondoso de mais de R$ 53 bilhões”, observou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Em nove meses eles já lucraram mais do que todo o montante de R$ 40,6 bilhões, previsto para o pagamento do seguro-desemprego. E, repito, sem contar os bilhões de provisões para os calotes. É muito dinheiro para pouca gente”, criticou a presidenta da Contraf-CUT.

Lucros dos bancos

Caixa Econômica obteve um lucro de R$ 7,5 bilhões, com uma rentabilidade de 12,7%. No Itaú, o lucro foi de R$ 13,1 bilhões, com rentabilidade de 14%. No Bradesco, o lucro totalizou, aproximadamente, R$ 12,7 bilhões, com rentabilidade de 12,9%. O Banco do Brasil, por sua vez, obteve um lucro de R$ 10,2 bilhões no período, com rentabilidade de 10,3%; e, por fim, o Santander alcançou um lucro de R$ 9,9 bilhões, com uma rentabilidade que alcançou os 18,5%. Cabe destacar, no Santander, o crescimento do lucro do banco no 3º trimestre em relação ao trimestre anterior, de mais de 82%. Desconsiderando a provisão extraordinária por conta do cenário futuro previsto em função da pandemia, o lucro líquido chegaria a R$ 11.651 bilhões, representando uma alta de 7,6% em doze meses.

Os cinco ativos somados totalizaram R$ 7,93 trilhões, com alta média de 17,9% em relação a setembro de 2019. Grande parte desse crescimento se deve às carteiras de crédito desses bancos. A carteira de crédito total dos cinco bancos juntos atingiu, aproximadamente, R$ 3,5 trilhões, com alta de 13,4% no período. No segmento de Pessoa Física, os itens com as maiores altas são empréstimos consignados / crédito pessoal e veículos. Para Pessoa Jurídica, o segmento das grandes empresas voltou a apresentar variações positivas significativas.

 

 

O cliente paga a conta

 

As receitas com prestação de serviços e tarifas dos cinco bancos somadas, nos nove primeiros meses do ano de 2020, totalizaram R$ 100,4 bilhões. Estas receitas secundárias, que representam um valor irrisório frente ao que os bancos arrecadam com as demais transações, cobriram, com folga (exceto a Caixa), as despesas de pessoal dessas instituições, incluindo-se nessa conta o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A cobertura das despesas de pessoal, mais PLR por essa receita secundária dos bancos ficou em: 99,8% na Caixa; 130,5% no Banco do Brasil; 135,4%, no Bradesco; 163%, no Itaú; e 194,9%, no Santander.

 

Mas, o cliente, que é quem paga essa conta toda, é prejudicado. Os cinco bancos juntos fecharam 9.499 postos de trabalho, em doze meses. O saldo foi positivo somente no Itaú, com 736 novos postos abertos, em relação a setembro de 2019, contudo, com saldo negativo em relação ao trimestre anterior (71 postos fechados). Parte disso em função da aquisição da empresa de tecnologia Zup, que contava com 1.448 trabalhadores em seu quadro no momento da aquisição e estes foram agregados ao banco. No Bradesco foram fechados 3.338 postos de trabalho, no período; no Banco do Brasil, foram fechados 1.766 postos; na Caixa, foram fechados 796 postos e o Banco Santander, por sua vez, fechou 4.335 postos de trabalho bancário em doze meses.

Quanto à rede de agências, o único banco com saldo positivo foi o Banco do Brasil, com 67 agências abertas em doze meses. O Bradesco, por sua vez, fechou 772 unidades, entre setembro de 2019 e setembro de 2020, enquanto o Santander fechou 149 agências no período. No Itaú, foram fechadas 203 agências físicas no período. A Caixa fechou duas unidades. Juntos, os cinco bancos fecharam 1.059 agências no país em doze meses.