Fechamento de agências pelos bancos chega 2.080 unidades desde março de 2020

Imagem: UOL/Folha de SP

 

Matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo no domingo (10/10) revela o quanto a ganância dos banqueiros e a política de dilapidação do setor público pelo Governo Bolsonaro ameaçam o emprego da categoria bancária.

 

De março de 2020 até setembro foram extintas no Brasil 2.080 agências. Em agosto, eram 17.795, contra 19.875. A pandemia de Covid-19 acelerou o processo de digitalização do sistema financeiro e adiantou um movimento que já estava em curso: o de redução de dependências físicas. Do início da crise sanitária para cá, houve fechamento em massa de agências e 89 municípios perderam atendimento bancário presencial.

 

O fechamento de unidades físicas se deve ao avanço e a concorrência de fintechs, cooperativas e bancos digitais no setor financeiro, que explicam em parte a extinção de agências. No entanto, este é um processo que já vem acontecendo ao longo dos anos e o sistema financeiro sempre se utilizou das novas tecnologias para reduzir custos com mão de obra e aumentar os lucros.

 

O Itaú anunciou o fechamento, no Rio, de duas grandes agências na Avenida Rio Branco até dezembro deste ano.

 

Desde 2016, 4.752 agências fecharam as portas. No período, o número de municípios sem uma agência, um ponto de atendimento ou um caixa eletrônico aumentou 9,4%. Em 2012, esse número era 61,7% menor: na época, 147 municípios não tinham nenhum dos três tipos de serviço.

 

A pandemia como laboratório

 

Na pandemia, os bancos tiveram que ampliar o home office, atendendo uma reivindicação dos bancários para proteção das vidas contra a Covid-19. Apesar de necessário, esta mudança serviu como um grande laboratório para as estratégias dos bancos de avançar com plataformas digitais e reduzir custos administrativos com aluguéis de espaços comerciais, energia elétrica e despesas com empregados. Fato é que o setor mais lucrativo do país extingue empregos aos milhares para acumular ainda mais dinheiro.

 

Cidades sem bancos

 

Quem mora ou tem parentes no interior sabe da importância de uma agência bancária para o desenvolvimento dos pequemos municípios. No entanto, cada vez mais voltados para unidades de negócios, os bancos privados estão fechando suas agências nos pequenos municípios.

 

Em agosto deste ano, último dado divulgado pelo Banco Central, 43,4% das cidades brasileiras (2.427) não possuíam agência. Em março do ano passado, quando o vírus chegou ao país, eram 2.338.

 

Nesse período, aumentou também o número de municípios que, além de não contarem com agência, também não possuem pontos de atendimento presencial ou caixa eletrônico —de 377 para 384.

 

Política do Governo Federal corrobora para o fechamento, especialmente, de bancos públicos no interior como Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, importantes para garantir o desenvolvimento do país. O Banco do Brasil, por exemplo, começou este ano, uma reestruturação que prevê o fechamento de 361 unidades, incluindo em cidades menores que ficarão sem agência bancária.