Bancários alertam população para possível greve em ato da categoria em São Gonçalo

Foi lançada a Campanha Salarial dos Bancários na cidade de São Gonçalo nesta terça-feira (15). Dirigentes do Sindicato dos Bancários de Niterói e região percorreram ruas do centro da cidade onde informaram a população de uma possível greve da categoria no fim de setembro. Os bancários estão em negociações com os bancos desde o dia 11 de agosto quando foi entregue a pauta de reivindicações. A categoria pede 16% de reajuste salarial, tíquete alimentação de R$ 788,00 e fim das demissões. Somente na região de abrangência do Sindicato de Niterói cerca de três mil bancários trabalham nas mais de 200 agências.

O ato em São Gonçalo contou com a encenação da Cia de Emergência Teatral que retratou a exploração vivida pelos funcionários nas agências bancárias e as imposições do banqueiro assediador, além de apresentar à sociedade a alta lucratividade dos bancos apenas nos primeiros seis meses de 2015. Os seis maiores bancos em operação no Brasil lucraram juntos mais de R$ 49 bilhões.

“Nosso ato é para chamar a atenção da população para a nossa campanha salarial que está nas ruas. Os banqueiros até agora não atenderam nenhuma reivindicação e isso pode levar a categoria em todo país a uma greve por tempo indeterminado. O mínimo do que nós estamos pedindo, que são os 16% de reajuste, esperamos ser atendidos. Quem faz greve é o bancário, por isso esperamos uma unidade e muita mobilização para fazermos um movimento forte”, afirma Luís Cláudio Caju, presidente do Sindicato dos Bancários de Niterói e região.

Uma banda de música deu som ao cortejo fúnebre que percorreu as principais agências bancárias do centro de São Gonçalo. Uma carta aberta também foi entregue aos transeuntes alertando para os altos lucros dos bancos e sobre a recusa das instituições em receber o pagamento de contas nos caixas nos interiores das agências. A atitude fere norma do Banco Central e é passível de denúncia no Procon. Um juiz da Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro fixou multa de R$ 5 mil para o banco que se recusar a receber contas conveniadas como luz, água, telefone e gás. A medida atendeu um pedido do Procon/RJ.

Negociações

Apesar dos números positivos, os bancos não avançaram nas três primeiras rodadas de negociações que aconteceram nos últimos dias, em São Paulo, entre o Comando Nacional dos Bancários, a Fenaban e as diretorias do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Os temas das primeiras reuniões foram: saúde, emprego, segurança e igualdade de oportunidades. Na quarta-feira (16), um novo encontro debaterá a remuneração, tema que pode levar a categoria à greve por tempo indeterminado caso as reivindicações não sejam atendidas.

Demissões

Nos primeiros sete meses deste ano os bancos que operam no Brasil fecharam 5.864 postos de trabalho, de acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB). As reduções mais expressivas ocorreram no Rio de Janeiro (-1023), São Paulo (-782) e Minas Gerais (-618) e Rio Grande do Sul (-579). Os bancos múltiplos, com carteira comercial, categoria que engloba grandes instituições, como Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil, foram os principais responsáveis pelo saldo negativo. Eles eliminaram 3.715 empregos.

Calendário Negociações

Fenaban

16/9 – Remuneração

Caixa

18/9 – Contratação, condição das agências e jornada

Banco do Brasil

18/9 – Remuneração e plano de carreira

Principais reivindicações aprovadas na Conferência

– Reajuste salarial de 16%. (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real)

– PLR: 3 salários mais R$7.246,82

– Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).

– Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

– Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.

– Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.

– Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.

– Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.

– Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.

– Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).

Texto e fotos: Willian Chaves – Imprensa Seeb-Nit