O HSBC, que por anos foi conhecido como o “banco local do mundo”, está acelerando um plano para romper com esse modelo de negócios global e retirar-se de importantes mercados emergentes, conforme embarca em uma missão para se tornar “mais simples e menor”.
O maior banco da Europa em valor de mercado passou duas décadas montando uma presença estratégica em mais de 80 países, mas foi forçado a entrar na defensiva depois de uma série de escândalos e de seu menor lucro anual em cinco anos.
O novo plano estratégico levará à retirada do banco de varejo do Brasil e da Turquia, destino que será seguido por outras operações de baixo desempenho, informaram pessoas próximas ao banco. Partes de seu braço de banco de investimento – um de seus principais negócios – também serão cortadas.
Isso representa uma retração mais profunda e mais rápida do que a estratégia de três anos delineada pelo diretor-executivo, Stuart Gulliver, depois que ele assumiu o cargo, em 2011.
Altos executivos do HSBC têm sido alvejados por críticas de comissões parlamentares do Reino Unido com referência ao escândalo em seu banco privado na Suíça – que ajudou dezenas de milhares de clientes ricos a iludir o Fisco entre 2005 e 2007.
Gulliver também está sob ataque de políticos quanto à sua remuneração e acordos fiscais, mas continua a ser popular entre os investidores. Ele procurará cimentar tal apoio em uma reunião com investidores marcada para 6 de Junho, na qual anunciará detalhes do novo plano.
O banco está na mira dos reguladores desde 2012, quando foi multado em US$ 1,9 bilhão e colocado em avaliação por cinco anos pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, sob alegações de lavagem de dinheiro de cartéis de drogas mexicanos e violação de sanções.
Parece provável que os acionistas acolham a nova estratégia de Gulliver, que respondeu ao escândalo na unidade suíça enfatizando sua decisão de sair de mais de 70 operações e de mais de 10 países.
Um grande acionista disse: “Será que eles ainda precisam estar em cada mercado bancário de varejo? Há grandes questões.”
Apesar de ter cortado 50 mil funcionários desde que Gulliver assumiu, o grupo foi forçado a abandonar várias metas. Uma foi a de baixar a relação entre custos e receita para uma faixa entre 48% e 52%, por meio do corte de US$ 3,5 bilhões em custos. Na última contagem, a proporção era de mais de 67%, muito maior do que quando Gulliver assumiu. As despesas gerais de compliance empurraram os custos para cima e as taxas de juros ultrabaixas prejudicaram a receita.
O lucro antes de impostos do banco caiu 17% no ano passado e, recentemente, o HSBC cortou a previsão de retorno sobre o patrimônio de 12% a 15% para algo “superior a 10%” nos próximos três a cinco anos, principalmente por causa dos requisitos de capital mais elevados.
O HSBC também considerou se retirar dos EUA e do México, mas é provável que conclua que os laços de livre comércio faz valer a pena permanecer nesses mercados.
No ano passado, a operação de varejo na Turquia, com 300 agências, teve perda de US$ 155 milhões e receita total de US$ 791m. No Brasil, a maior operação do HSBC na América Latina, com 850 agências, o banco perdeu US$ 247 milhões, com receita de US$ 4,8 bilhões.
Fonte: Financial Times