O Coletivo de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) se reuniu para debater sobre os desafios e planejar suas ações para 2021 e fez um levantamento dos principais problemas relacionados à saúde enfrentados pela categoria. A partir daí, definiu uma série de iniciativas para qualificar a ação sindical em defesa da saúde e de melhores condições de trabalho da categoria.
Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT, lembra que o objetivo de 2020 era implementar um processo de negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para debater questões prioritárias, como atenção aos adoecidos; prevenção, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), qualidade dos serviços médicos oferecidos e as metas abusivas.
Antigos problemas
Mesmo com a pandemia em andamento, houve continuidade na negociação com os bancos em busca de soluções para vários problemas. Mas, o Coletivo Nacional de Saúde concluiu que os antigos problemas persistem e adquiriram novas formas, aprofundando a exploração e os impactos à saúde da categoria.
As metas abusivas, por exemplo, continuaram a todo vapor, com as intensas cobranças, em uma situação atípica, de emergência, com o mercado desaquecido e impactando ainda mais na saúde dos colegas.
- O sofrimento físico e psíquico na categoria aumentou, surgindo mais um risco (além do ergonômico e psicossocial), o biológico (Covid-19), para tencionar e adoecer ainda mais os bancários.
- Os serviços médicos continuam sendo usados com o objetivo de se livrar dos indesejados, passo a passo com a reestruturação.
- O INSS conseguiu piorar, com mais dificuldades para acesso a benefícios e direitos. Aproveitam a pandemia para precarizar ainda mais.
- A digitalização dos processos se acelerou e novos desafios são colocados, como o home Office.
- Mudanças no modelo de negócios e na atividade econômica se aprofunda, com reestruturações, que já estavam no radar, sendo acelerado e aprofundado.
“Os bancos se escondem atrás da pandemia e aproveitam para ‘passar a boiada’, com mudanças legislativas, demissões se livrando de doentes, descomissionamentos, mudanças em cargos, ataque à jornada de 6 horas, entre outros ataques”, observou o dirigente da Contraf-CUT.
Desafios 2021
Mauro acredita que este levantamento deixa claro que, em 2021 é importante a continuidade das negociações permanentes com a Fenaban sobre a pandemia. “Devemos também buscar retomar a mesa de negociação permanente que tratava da qualidade dos serviços médicos e programas de prevenção, das metas abusivas e a atenção aos bancários doentes. Esses debates têm ligação com a pandemia, pois os problemas se agravaram, o adoecimento cresceu, surgindo um novo risco, o biológico e as metas abusivas continuam a todo vapor. Portanto a prevenção, serviços médicos eficientes e a busca para conter e eliminar os riscos (metas abusivas; covid-19; ergonomia) são essenciais para enfrentar a pandemia e o adoecimento na categoria”, afirmou.
A conscientização dos colegas sobre a gravidade da situação e necessidade de tomar todos os cuidados preconizados é vital, de acordo com Mauro Salles, pois é estimulado por setores da sociedade, capitaneada por Bolsonaro, uma visão negacionista, com afirmações mentirosas que dificultam a contenção do vírus. “Um exemplo é a visão equivocada de que a atividade econômica é prioridade. Obvio que o mais importante é a vida e a saúde, mas, mesmo em relação à economia, só será possível voltar à normalidade quando a proliferação do vírus for contida. Defendemos um consistente plano de vacinação que tenha critérios transparentes baseados em requisitos científicos, nos quais as prioridades sejam estipuladas dentro de conceitos epidemiológicos”, disse.