Enquanto bancários ganham demissões e ficam sem adicional da PLR, superintendentes ganharam bônus de até R$ 1,4 milhão e os 26 diretores-executivos receberam R$ 8,6 milhões.
A agência do banco espanhol Santander na Avenida Amaral Peixoto, Centro de Niterói, foi paralisada pelo Sindicato durante uma hora, nesta quinta-feira, dia 4. A manifestação (foto) fez parte do Dia Nacional de Luta no Santander e do Real, reivindicando o pagamento do adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o fim das demissões e a manutenção e ampliação dos direitos dos trabalhadores dos dois bancos.
O Santander da Amaral Peixoto fica praticamente ao lado de uma agência do Real, e os funcionários temem as demissões, que já vêm ocorrendo em todo o Brasil desde a fusão dos dois bancos, ano passado.
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mensagem de rádio preparada pelos sindicatos sobre o Santander
Durante a manifestação, o sindicalista Júlio Pessoa lembrou que os funcionários do Santander não receberam o adiconal da PLR devido a manobras contábeis no balanço publicado pela empresa em 2008. Os superintendentes do banco, porém, ganharam bônus de até R$ 1,4 milhão, e os 26 diretores-executivos receberam R$ 8,6 milhões como remuneração anual média em 2009.
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simulação do cheque de R$ 1,4 milhão para executivos
“Enquanto os executivos do banco recebem milhões, a recompensa dos bancários, verdadeiros responsáveis pelo lucro do banco, é bem diferente: demissão. Entre março de 2008 e março de 2009, o banco espanhol extinguiu mais de 3 mil empregos no Brasil”, afirmou a sindicalista Haidée Rosa, na manifestação.
Bancos descumprem o que negociaram
As demissões no Santander e no Real desrespeitam um processo de negociação com os trabalhadores que já conquistou vários mecanismos para evitar as demissões, como a criação de um centro de realocação profissional e os aditivos à convenção coletiva que estabeleceram a licença remunerada pré-aposentadoria (pijama) e incentivos para aposentadoria.
Os bancários exigem o fim das demissões e o deslocamento de mais funcionários para as agências, para resolver a sobrecarga de trabalho e a falta de pessoal.
Mudanças sem aviso na assistência médica
O Sindicato também criticou mudanças sem negociação no HolandaPrevi e nos planos de assistência médica e odontológica, entre outros pontos. O caso mais grave aconteceu com os planos de previdência. Em vez de estender o antigo HolandaPrevi, do Real, para os bancários que não tinham plano com uma patrocinadora, o Santander criou um novo plano.
“A proposta precisa de avanços porque não considera o tempo de casa e nem faz aporte que possibilite um acúmulo de reservas”, disse o sindicalista Héber Matias. Ele acrescenta que, para quem já tem o HolandaPrevi, o novo plano é péssimo, com redução de mais de 50% dos valores depositados. A orientação é que ninguém faça adesão. Além do mais, os bancários têm prazo de 60 dias, a partir do dia 1º de junho, para fazer a sua escolha.