Sindicato dos Bancários e UERJ firmam parceria para estudo sobre saúde mental e condições de trabalho

Pesquisa vai investigar fatores de risco, doenças ocupacionais e o impacto da precarização e das novas tecnologias sobre a saúde dos bancários

Na manhã da última quinta-feira, 09 de outubro de 2025, o Sindicato dos Bancários de Niterói e Regiões, por intermédio de seu presidente em exercício, Jorge Antônio (Porkinho), do secretário de Saúde, Pietro Cavalo, do secretário de Saúde da FEDERA — Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro, Edilson Cerqueira, e de membros da diretoria, formalizou uma importante parceria com o Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Estiveram presentes pela UERJ: Dr. Mário Dal Poz, diretor do Instituto de Medicina Social; Dr. Alexandre Cardoso, médico especialista em Medicina do Trabalho, pesquisador convidado e ex-deputado federal; e Prof. Fabiano de Oliveira, docente do Instituto de Medicina Social da UERJ.

A iniciativa

O projeto tem por objetivo desenvolver um estudo aprofundado sobre as condições de trabalho e as doenças relacionadas à atividade bancária, com foco especial nos transtornos mentais e psicossociais — problemas que vêm crescendo de forma alarmante entre os trabalhadores do setor.

Saúde é mais do que a ausência de doença

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “um estado de

completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de

enfermidades”.

Inspirado por essa concepção, o Sindicato reforça que cuidar da saúde dos bancários significa garantir ambientes de trabalho saudáveis, equilibrados e humanizados, que respeitem limites, pausas e a dignidade do trabalhador.

Nos últimos anos, a categoria tem enfrentado um aumento preocupante de doenças psicossociais — burnout, ansiedade, depressão, síndrome do pânico, insônia e uso abusivo de substâncias (psicofármacos e psicotrópicos). Essas condições estão diretamente associadas a formas de trabalho cada vez mais intensas e desumanizadas.

Contexto: intensificação do trabalho e vigilância digital

Entre os fatores que contribuem para esse cenário, destacam-se:

  • Precarização e intensificação do trabalho, com metas abusivas e cobranças

diárias;

  • Sobrecarga cognitiva e hiperconectividade, que dificultam o descanso e a desconexão;
  • Jornadas estendidas e ausência de pausas regulares;
  • Transformações tecnológicas e aceleração digital, que ampliam o controle

e reduzem a autonomia;

  • Modelos de vigilância digital, que aumentam o estresse e o sentimento de constante observação.

Esses fatores, somados, criam um ambiente propício ao adoecimento físico e psicológico, com impactos diretos na produtividade, na convivência e na vida pessoal dos bancários.

O projeto da UERJ: ciência a serviço dos trabalhadores

O estudo, coordenado pelo IMS/UERJ, integra um projeto mais amplo que investiga as condições de trabalho e as doenças ocupacionais em diferentes categorias profissionais do Estado do Rio de Janeiro, incluindo bancários, operadores de telemarketing, técnicos de enfermagem e agentes da Polícia Civil e Militar.

O objetivo é identificar a associação entre condições de trabalho, fatores de risco e problemas de saúde, em consonância com os debates da 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (5ª CNSTT).

Entre os principais objetivos estão:

  • Avaliar fatores de risco ocupacionais (demandas, controle, suporte social,

justiça organizacional e assédio);

  • Mapear características ergonômicas e condições dos postos de trabalho;
  • Medir a prevalência de transtornos mentais (depressão, ansiedade,

burnout), LER/DORT e problemas vocais;

  • Identificar e avaliar a eficácia das políticas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST);
  • Formular recomendações práticas e políticas públicas de prevenção e

promoção da saúde laboral.

Metodologia e garantia de sigilo

A pesquisa será desenvolvida em duas fases:

  1. Quantitativa: aplicação de questionário estruturado com base em instrumentos validados, como o Questionário de Copenhague (COPSOQ III), adaptado à realidade bancária.
  2. Qualitativa: realização de entrevistas semiestruturadas e observação participante/não participante em locais de trabalho, buscando aprofundar a compreensão das dinâmicas laborais e dos impactos

O processo seguirá padrões rigorosos de ética e confidencialidade, com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), total respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

Todos os dados serão tratados de forma anônima e agregada, garantindo segurança e privacidade aos participantes. O armazenamento das informações ficará a cargo do Laboratório Nacional de Computação Científica de Petrópolis, em convênio com a UERJ.

Resultados esperados e impacto social

Espera-se que o estudo identifique condições críticas na rotina de trabalho, como longas jornadas, intensificação de metas, assédio moral, inadequações ergonômicas e fragilidades nas políticas de saúde e segurança.

Os resultados deverão contribuir para:

  • Empresas: revisão de metas, adequação das cargas de trabalho, melhorias ergonômicas e implantação de programas de apoio psicossocial;
  • Órgãos públicos e reguladores: fortalecimento da legislação e da fiscalização em saúde mental e SST;
  • Sindicatos e entidades representativas: ampliação das ações de defesa e promoção da saúde dos trabalhadores.

As conclusões também subsidiarão políticas públicas e discussões legislativas, além de oferecer ferramentas de gestão mais humanas e proativas, conforme diretrizes da NR-1 e demais Normas Regulamentadoras (NRs) relacionadas.

O papel do Sindicato: proteger, informar e transformar

Para o Sindicato dos Bancários, a parceria com o IMS/UERJ representa um marco na luta pela saúde integral da categoria e reforça o compromisso histórico da entidade com a valorização da vida no trabalho.

“Nosso papel é garantir que a saúde mental seja reconhecida como parte essencial da saúde ocupacional. Doença mental também é doença do trabalho — e deve ser tratada, prevenida e reconhecida como tal”, destacou a Secretaria de Saúde do Sindicato.

O estudo pretende, assim, transformar o conhecimento científico em ação sindical e social, gerando melhorias reais nas condições de trabalho e no bem-estar dos bancários.

Compromisso com o futuro da categoria

O Sindicato dos Bancários reafirma seu compromisso em proteger a saúde física, mental e social dos trabalhadores, entendendo que saúde vai além da ausência de doenças:

É o direito de viver com dignidade, equilíbrio e bem-estar.

  • Sindicato dos Bancários

Cuidar de quem trabalha é defender a vida