Sindicalistas e BB avançam nas negociações

Principais temas: jornada de seis horas, Plano de Carreiras e Remuneração (PCR), assédio moral, Previ e Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt)

Por mais de três horas, a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEE), coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), negociou com a direção do banco uma pauta extremamente importante ao funcionalismo.

Durante a reunião, iniciada às 10h desta sexta-feira (18), o movimento sindical fez denúncia da ocorrência de uma prática coletiva de assédio moral nas dependências, cobrou a assinatura do acordo aditivo de combate ao assédio moral, apresentou propostas para negociação de revisão do Plano Previ Futuro e reivindicou a retomada da mesa de negociação do plano 1, e cobrou a implantação da carreira de mérito. Os trabalhadores também solicitaram ao BB que aprove mudança em seu estatuto para incluir um representante dos bancários no Conselho de Administração da instituição financeira.

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Em relação ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt), os representantes dos trabalhadores voltaram a cobrar o concurso para completar o quadro de pessoal não preenchido com o processo de seleção interna. O negociador do banco José Roberto reconheceu que houve atraso no edital para a abertura do certame.

“Essa situação não pode se estender por mais tempo. A chamada Carreira Sesmt trará importantes melhorias para a saúde e segurança do conjunto do funcionalismo, uma vez que implanta serviços que garantem condições seguras de trabalho”, afirma Eduardo Araújo, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e diretor do Sindicato.

Ao reivindicar mudanças no Previ Futuro, a CEE cobrou o resgate da parte 1 (contribuição para o benefício de risco) e das contribuições patronais, além da diminuição da parcela Previ. “Os funcionários pos-98 também precisam dessas mudanças justas e necessárias para aprimorar o plano Previ Futuro”, observa Rafael Zanon, representante da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CN) na CEE e diretor do Sindicato. O banco ficou de agendar uma negociação específica para tratar apenas do Previ Futuro.

A CEE solicitou mudança no estatuto do BB para contemplar a eleição do representante dos funcionários no Conselho de Administração do banco. A reivindicação está de acordo com projeto de lei sancionado pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que autoriza a inclusão dos trabalhadores nos conselhos de administração. Em resposta, o BB disse que aguarda a regulamentação do Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest) sobre o tema.

Carreira de mérito

O Plano de Carreiras e Remuneração (PCR) foi um dos assuntos abordados entre os representantes dos bancários e do BB. O negociador do banco informou que o BB vai cumprir o prazo e viabilizar a carreira de mérito até o final de março. Na folha de abril, segundo José Roberto, serão disponibilizados os reflexos. “Esperamos que o banco cumpra até 31 de março o que foi acordado durante a campanha nacional. E, assim, restabeleça a confiança da mesa de negociação, arranhada com o atraso na implantação do plano odontológico”, avisa Eduardo Araújo.

Ainda sobre o PCR, o negociador ressaltou que a pontuação por cargo será apresentada ao movimento sindical até a próxima semana. Serão consideradas substituições e reflexos aos sábados, domingos e feriados, a título de pontuação.

O funcionário que não tem a verba CTVF receberá a receita imediata ao alcançar a pontuação para o mérito. A Comissão de Empresa também reivindicou adiantamento para março aos bancários que têm valores a receber em relação ao PCR.

A CEE cobrou explicações do BB por ter se recusado a assinar acordo de assédio moral com a Contraf-CUT no último dia 26 de janeiro. O negociador do banco tentou justificar a ausência da instituição na assinatura do texto afirmando que o BB já possui um instrumento de combate ao mal: os comitês de ética. “Mesmo com os comitês, o banco poderia muito bem ter aderido ao acordo, assim como fizeram Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, HSBC e Citibank. Não há conflito”, critica Wagner Nascimento, secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região e integrante da CEE.

Incorporados

Um dos assuntos mais debatidos na primeira negociação entre a CEE e o BB foi a situação dos funcionários oriundos dos bancos incorporados pelo Banco do Brasil em relação aos planos de previdência e de saúde. O movimento sindical solicitou encontro com o BB para discutir o tema e receber informações mais detalhadas.

Também foi informado ao banco que os sindicatos estão criando grupos de estudos para elaborar uma proposta definitiva e ampla sobre o tema. Parte desses bancários está sem plano de saúde (Cassi) e plano de previdência (Previ). “Recebemos inúmeras denúncias de trabalhadores que estão passando dificuldades por estarem totalmente desamparados e com sérios problemas financeiros. Sem plano de saúde, eles estão sendo obrigados a tirar dinheiro do próprio bolso para custear tratamentos caríssimos de saúde”, lembra Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionária do BB.

Big Brother do BB

A CEE cobrou explicações da direção do Banco do Brasil acerca do novo sistema de gerenciamento de serviços implementado nos CSOs e na Disap, que vem expondo todas as equipes a constrangimentos e pressões por conta da publicação dos nomes dos funcionários em ranking que mede o desempenho individual.

Na avaliação do movimento sindical, trata-se de uma flagrante política de assédio moral coletivo. Além de Brasília, a comissão relatou o mesmo problema em outros estados. Pelo novo sistema, que recebeu o apelido de Big Brother uma vez que todos têm acesso a ele, os bancários recebem sinalizações em vermelho, amarelo e verde de acordo com o nível de metas atingidas.

Segurança

Em virtude da nova ambiência das agências, a CEE solicitou reunião com o banco para tratar do assunto, negociação que ainda inclui a retirada das portas de segurança nas unidades. O coordenador da Comissão de Empresa, Eduardo Araújo, também denunciou que alguns gestores estão vedando férias nos períodos de grande movimento bancário (julho/dezembro).

Reestruturações

Os problemas causados pelas reestruturações de alguns setores, como a Coger, Dicom, Dicre, Dinop, CSO e CSL, entre outros, não deixaram de ser abordados pela CEE. A comissão solicitou garantia e prioridade aos funcionários dos setores reestruturados, como ocorreu na Nossa Caixa, quando foram bloqueadas as comissões até a realocação dos funcionários. “Pedimos, no mínimo, a ampliação do VCP”, acrescenta Araújo. A Comissão de Empresa ainda solicitou mais informações sobre possíveis mudanças na Dinop. O banco ficou de dar uma resposta na próxima negociação permanente com a Comissão de Empresa.

Seis horas

Em relação à reivindicação pelo cumprimento da jornada de 6 horas – uma conquista histórica do movimento sindical -, a CEE reafirmou a necessidade de o BB seguir a legislação vigente. “O Sindicato e a Contraf-CUT farão manifestações em todo o país para mobilizar os bancários e dar visibilidade à luta”, afirma Ana Smolka, representante da Fetec-PR.

O BB disse que está estudando uma solução para o assunto. “Até agora não existe nota técnica pronta do conselho diretor, o que existe de fato é um grupo interno que esta fazendo estudos e, quando houver um caminho, o banco pretende apresentar eventual proposta para o movimento sindical”, frisou o negociador do banco.

Outra preocupação da CEE é o projeto de agências complementares, que prevê a contratação de correspondes bancários. O BB ficou de apresentar o projeto aos sindicatos. A meta do banco é firmar presença em todos os 5.465 municípios do país até 2015.

Araújo ainda questionou o banco sobre a perda de comissões dos trabalhadores em Santa Catarina, que vieram do Besc. O banco ficou de dar retorno aos dirigentes sindicais o mais breve possível.

A negociação não ficou restrita a assuntos relacionados ao funcionalismo. Os representantes dos bancários cobraram auxílio para as cidades fluminenses vítimas das enxurradas em janeiro deste ano.

Fonte: Rodrigo Couto/Seeb Brasília
Foto: Aguinaldo Azvedo