Selic precisa cair mais e trazer junto os juros bancários, diz Contraf-Cut

A decisão do Copom de baixar a Selic para 9% foi a sexta queda consecutiva na taxa, em processo iniciado em agosto de 2011.

A Contraf-CUT considera positivo o corte de mais 0,75% na taxa básica de juros decidido pelo Copom nesta quarta-feira (18), que mantém a trajetória descendente da Selic. Mas avalia que ainda há espaço para maior redução da taxa básica, de forma a se aproximar dos níveis internacionais, e que é imprescindível forçar o sistema financeiro nacional a também baixar o spread e suas taxas de juros.

“Embora a nova queda da Selic seja um passo positivo, o Brasil continua com uma das maiores taxas de juros do mundo. Em 2011, o Tesouro desembolsou R$ 236,6 bilhões para pagar os juros da dívida pública, o que é o maior programa de transferência de renda do governo, beneficiando os mais ricos”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

A decisão do Copom de baixar a Selic para 9% foi a sexta queda consecutiva na taxa, em processo iniciado em agosto de 2011. Antes disso, porém, o Banco Central fez sucessivos aumentos na Selic, entre abril de 2010 e julho de 2011, levando a taxa de 8,75% para 12,50%.

“Foi um equívoco o Copom elevar a Selic em meio à crise internacional, cedendo às pressões do mercado financeiro. Ele olhou apenas para a inflação e, com isso, sacrificou o crescimento da economia, que foi de apenas 2,7% no ano passado, e a geração de emprego e renda para os trabalhadores”, diz Cordeiro.

Derrubar ainda mais o spread

A Contraf-CUT também considera positivo o governo usar os bancos públicos federais para forçar o sistema financeiro a baixar o spread, como o Itaú e o Bradesco anunciaram nesta quarta-feira 18, seguindo os passos do HSBC. “Mas as reduções praticadas pelos bancos privados até agora foram muito pequenas. Continuamos com um spread muito acima da média internacional. A queda nos juros não pode ser apenas perfumaria, é preciso que os bancos reduzam de fato o spread e os juros”, aponta Cordeiro.

“É preciso também aumentar a oferta de crédito, que hoje é de apenas 49% do PIB, enquanto nos países desenvolvidos chega a ser mais que o dobro. Isso é imprescindível para sustentar o desenvolvimento econômico e social do país”, defende o dirigente sindical.

Conferência Nacional do Sistema Financeiro

A Contraf-CUT considera urgente a sociedade brasileira discutir o papel dos bancos na economia e por isso defende a realização de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, nos moldes de outros conferências setoriais realizadas pelo governo federal nos últimos anos.

“É preciso discutir com a sociedade o papel das instituições financeiras, que são concessões públicas e devem estar alinhadas com o desenvolvimento econômico e social do país. O que fazem hoje, ao oferecer crédito prioritariamente para o consumo em detrimento da produção e com juros altíssimos, é exatamente o inverso do que a sociedade espera”, critica o presidente da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT


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