Santander prioriza crescimento seletivo no Brasil

 

O Santander apresentou resultados que mostram uma mudança significativa em sua estratégia de negócios, no primeiro trimestre desse ano. A queda do lucro e o aumento das Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) são destaques negativos e indicam uma deterioração na qualidade dos ativos.

Em comparação aos demais bancos de grande porte do país – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú -, o Santander registrou o menor crescimento da carteira de crédito. Segundo o economista Gustavo Machado Cavarzan, da subseção do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT), essa situação revela uma postura conservadora na concessão de crédito, adotada pelo banco desde o ano passado.

Em seu balanço, o Santander declara que espera um crescimento mais seletivo da carteira de crédito, com foco na “melhoria na qualidade do portfólio” e na “vinculação e expansão de alta renda”. Para Gustavo, “o banco tem direcionado esforços para atrair e atender clientes de alta renda, visando aumentar a receita nesse segmento, que é oito vezes maior do que a receita proveniente de clientes de varejo.”

O banco registrou um crescimento 36% de clientes de alta renda em seu último balanço, chegando 834 mil clientes. A meta do banco é alcançar 1 milhão de clientes deste segmento até o final do ano. Esse segmento já representa mais de 60% dos investimentos do banco em pessoas físicas. Enquanto a carteira de crédito do segmento de alta renda cresceu 16%, o dobro do crescimento da carteira total de pessoas físicas, a carteira de pequenas e médias empresas foi deixada em segundo plano em favor das grandes empresas.

 

Rita Berlofa, funcionária do Santander e secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), tem levantado questões sobre a preocupação do banco com a atual situação econômica do país, ao apontar que a população comum enfrentará dificuldades para pagar empréstimos.

 

“É lamentável observar a falta de responsabilidade social do Santander ao adotar uma estratégia que prioriza o lucro em detrimento da população em geral. Ao focar no segmento de alta renda e nas grandes empresas, o banco está contribuindo para aumentar ainda mais a concentração de renda no país. Essa postura demonstra um descaso com a situação econômica atual e revela uma falta de compromisso com a redução das desigualdades sociais. É inaceitável que uma instituição financeira tão influente não esteja atuando de forma mais inclusiva e solidária”, afirma a dirigente.

Rita Berlofa explica que a concentração do Santander em segmentos de alta renda e grandes empresas tende a contribuir para o aumento da desigualdade social e da concentração de renda no Brasil.

 

“O Santander, ao priorizar o crescimento seletivo e direcionar seus esforços para atender apenas clientes de alta renda, está abandonando grande parte da população que precisa de crédito para impulsionar seus negócios ou realizar projetos pessoais”, disse a dirigente da Contraf-CUT.

 

*Fonte: Contraf-CUT