Reportagem do UOL repercute denúncias da Contraf-CUT sobre uso eleitoreiro da Caixa

 

Reportagem publicada pelo portal Uol, nesta segunda-feira (29), afirma que “Bolsonaro provocou calote bilionário na Caixa em tentativa de reeleição”. Segundo a matéria, Jair Bolsonaro editou duas medidas provisórias para criar linhas de crédito na Caixa Econômica Federal para devedores com nome sujo e para beneficiários do Auxílio Brasil, com fins eleitoreiros.

O dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e empregado da Caixa, Rafael de Castro, lembrou que a denúncia já havia sido feita pela Contraf-CUT. Segundo ele, a reportagem ajuda a dar maior repercussão à denúncia.

 

“E o uso da Caixa com finalidades eleitorais continuou após a saída de Pedro Guimarães. Logo após assumir a presidência do banco, Daniella Marques lançou o ‘Caixa Pra Elas’, nos mesmos moldes dos dois programas citados pelo portal, visando melhorar a imagem de Bolsonaro entre o público feminino, também com grande rejeição a Bolsonaro”, ressaltou.

Para Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, Bolsonaro usou o banco politicamente e eleitoralmente de forma irresponsável.

 

“O problema só não foi maior porque a Caixa é um banco sólido e conta com trabalhadores concursados e preparados. E, passada a eleição, o banco rapidamente parou de conceder esses créditos eleitoreiros”, disse. O Uol, em sua reportagem, confirma que a Caixa suspendeu os empréstimos para pessoas com nome sujo assim que Pedro Guimarães deixou a presidência da Caixa e que, logo após as eleições, também parou de conceder crédito para beneficiários do Auxílio Brasil.

 

As denúncias

 

Pedro reincidente


No dia 19 de maio de 2022, a Contraf-CUT publicou o texto “Caixa continua sendo usada em campanha eleitoral antecipada”, que trazia a denúncia de empregados da Caixa Econômica Federal contra o então presidente do banco, Pedro Guimarães, que tinha como base o vídeo “Caixa: mudança histórica de postura garante investimentos a quem mais necessita”, postado do canal pessoal no Youtube do presidente da República, com depoimento do presidente da Caixa.

“Não era a primeira vez que Pedro Guimarães usava a Caixa para fazer campanha eleitoral para Bolsonaro. Em 2021, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reconheceu que, já naquela ocasião, havia evidências de uso pessoal da Caixa para esta prática”, observou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt.

Endividamento das famílias e PMEs


Além do uso eleitoreiro da Caixa, os empregados também denunciavam que a “arapuca do consignado mantém risco de assédio na Caixa”. O texto, publicado no dia 19 de julho de 2022, ressaltava que a possibilidade de realizar empréstimos consignados às famílias, por meio do Auxílio Brasil, e às pequenas e microempresas, pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), somada ao aumento do percentual de comprometimento da renda para até 40%, poderia ampliar o endividamento dos brasileiros, mas também o assédio moral e a sobrecarga de trabalho dos empregados da Caixa.

Daniella Marques continua

Logo após a saída de Pedro Guimarães da presidência do banco, no dia 14 de setembro de 2022, a Contraf-CUT denunciou: “Caixa é usada para propaganda política”. O texto mostrava ainda que, além do uso político-eleitoral, a gestão de Daniella Marques impunha um “descabido aumento de metas de vendas” aos empregados.

Nada para os empregados


No segundo turno das eleições, no dia 19 de outubro de 2022, a Contraf-CUT no texto “Caixa reduz verbas para agências” denunciava que o banco buscava compensar a “mão-aberta” para os empréstimos eleitoreiros, com o corte de verbas para materiais essenciais ao funcionamento das agências.

Após as eleições

Em novembro de 2022, por ocasião da divulgação do balanço do terceiro trimestre da Caixa, a Contraf-CUT publicou um texto utilizando dados do próprio balanço do banco, no qual denunciava que o crescimento considerável de oferta de crédito que a Caixa Econômica, registrado no período, apontava para a instrumentalização do banco na tentativa frustrada de reeleger Bolsonaro.

O texto mostrava ainda que esta política levou à queda do índice de liquidez de curto prazo, o que levou o banco a praticamente deixar de ofertar crédito após as eleições.

 

*Fonte: Contraf-CUT