Mais um 1º de Maio! Mais um Dia do Trabalhador! Mais um dia de reflexão! O que somos? O que seremos? O que fizemos? O que faremos?
Neste 1º de Maio, não poderia deixar de pensar na eleição de 2010. Há quem não goste de política. Há quem não quer saber de política. Mas a política quer saber deles. E a geladeira desses, como as nossas, depende da política. Então, vejo nas pesquisas Zé Serra na frente de Dilma. Mas as pesquisas podem manipular. Mas o horário eleitoral pode fazer isso mudar. E se as pesquisas estiverem certas? E se o Zé Tucano for nosso presidente em 2011? Será a volta do Tucanato!
Volto no tempo, e penso na eleição de 2002. Vitória de Lula! Vitória do Partido dos Trabalhadores! Um trabalhador na presidência, depois de 502 anos de História do Brasil, sob o poder de reis, donatários, senhores de engenho, imperadores, barões do café, coronéis, bacharéis, generais, Sarney, Collor e FHC.
E me lembro de FH, que dizia, repetindo Collor: “A inflação acabou! Para quê reajuste de salário, se não há inflação?”. Mas o INPC discordava! Nos oito anos da Era FHC, o índice registrou mais de 150% na alta dos preços. E o salário do bancário? Nos bancos privados, foi reajustado em pouco mais de 50%. Cerca de um terço da inflação! No Banco do Brasil foi pior: 8%. E pior ainda na Caixa Econômica: 5%!
E me lembro mais. Lembro que, há 20 anos, em 1990, éramos 800 mil bancários. Mas, no final da Era FH, éramos 400 mil. Você lembra que os bancos estaduais não existem mais? Esqueceu do BANERJ? E o desemprego naqueles oito anos, você também esqueceu? Esqueceu dos parentes e amigos demitidos e dos filhos que não encontravam trabalho?
E chego aos oito anos de Lula. Salários dos bancários reajustados acima da inflação e passamos de 400 para 450 mil bancários. Mas, nos e-mails que recebo da classe média, muitos desses de bancários, há um mar de piadas sobre esse governo. Alguns sobre o Mensalão, o maior escândalo de corrupção da História desse País: 150 milhões de reais. Ué? O Maluf não é acusado do desvio de seis bilhões de dólares? Dos 29 mensaleiros, não eram seis do PT? E quanto aos sanguessugas, não eram 82, dois deles do PT?
Pois é, com todos esses escândalos que escandalizam quem não se escandalizava com torturas e assassinatos dos Anos de Chumbo, quando a corrupção foi grossa, mas não chegava ao noticiário censurado, o governo desse semianalfabeto, com nove dedos e a língua presa, bateu o recorde da História do Brasil de valor do salário mínimo e de geração de empregos com carteira assinada.
O governo desse carregador de isopor também bateu os recordes da História do Brasil em venda de eletrodomésticos, passagens de avião, automóveis, material de construção e aquisição da casa própria. Ah! E esse governo do gordinho, baixinho e cachaceiro também equacionou a dívida externa. Aquela que JK, os militares e FHC aumentaram.
Pois é, a classe média tem mais salário, mais emprego, uma televisão maior e um computador menor. Viaja mais. De avião e carro novo. Reforma a casa ou compra casa própria. E não se cansa de fazer piada do governo. E a classe média tem razão! O governo Lula é o mais divertido dos últimos 510 anos. Muitos subiram na vida, outros até mudaram de classe.
Ah, mas a ascensão social deveu-se muito ao Fome Zero, um programa que dá o peixe, ao invés de ensinar a pescar. Esquecem-se de que, em 502 anos, os governos elitistas, entre eles, o tucano de FHC, não deram o peixe e nem ensinaram milhões de miseráveis a pescar. Também se esquecem de que, quando o governo dá o peixe, ganha o pescador e ganham quem transporta e quem vende o peixe, ou seja, o Fome Zero também beneficia o produtor e o comerciante.
E eu já ia me esquecendo da pergunta do título: “Quando será o Dia do Trabalhador?”.
Será o dia em que o trabalhador tiver consciência do que é e deixar de, quando tem uma vida melhorzinha, se considerar elite e não gostar de um presidente que veio dos pobres ou de uma candidata que lutou contra uma ditadura elitista e ilegítima, como toda a ditadura. Pode ser, por exemplo, o dia 3 de outubro, o dia da próxima eleição, quando o trabalhador decidirá se o povo vai continuar matando melhor sua fome ou se a elite política vai comprar mais panetone.
(*) Marcelo Quaresma é professor de História, funcionário do BB, Diretor Estadual RJ da Anabb
e Secretário de Imprensa do Sindicato dos Bancários de Niterói e Região.