Para bancos, doença de bancário é mentira

Banqueiros disseram que não existem metas abusivas nos bancos e colocaram sob suspeita as pesquisas que apontam o aumento do número de adoecimentos dos bancários.

Acredite: os banqueiros disseram que não existem metas abusivas nos bancos e colocaram sob suspeita as pesquisas que apontam o aumento do número de adoecimentos dos bancários devido à pressão por aumento da produtividade. Eles demonstraram essa cara-de-pau na negociação desta segunda-feira, 5 de setembro, quando negaram as principais reivindicações sobre saúde e condições de trabalho apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários.

A negociação continua nesta terça-feira, dia 6, e a rodada de negociação sobre remuneração foi antecipada para segunda-feira, dia 12.


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Levantamento do INSS mostra que as doenças mentais, provocadas pela pressão por cumprimento de metas e pelo assédio moral, já se aproximam do número de casos de LER/DORT. Entre janeiro e junho de 2009, por exemplo, 6.800 bancários no Brasil foram afastados por doenças, dos quais 2.030 por LER/DORT e 1.626 por transtornos mentais. Pesquisa da Universidade de Brasília revelou que houve 181 suicídios de bancários entre 1996 e 2005, o que dá uma média de 18 por ano. Outra pesquisa, realizada pela Contraf-CUT e pelo Dieese com base em informações do Ministério do Trabalho, mostra que mais de 47% dos desligamentos que ocorreram no sistema financeiro no primeiro semestre deste ano foram a pedido.

Irresponsabilidade com o sofrimento dos bancários

“A postura dos bancos foi de absoluto desdém em relação à saúde dos trabalhadores e às condições de trabalho”, condena Carlos Cordeiro, coordenador do Comando Nacional e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Finaceiro (Contraf-CUT). “Eles estão sendo irresponsáveis com o sofrimento dos bancários dentro das dependências”, disse. Os banqueiros declararam que os bancários estão satisfeitos com as metas e que quando um trabalhador sai do banco é para ir trabalhar em outro banco. “Quando não têm argumentos, os banqueiros questionam nossas pesquisas. Chegaram a duvidar dos dados extraídos do anuário estatístico do INSS”, criticou Carlos Cordeiro.

O Comando Nacional propôs na negociação a realização de uma pesquisa nacional conjunta sobre a saúde dos bancários e sobre as metas, além da inclusão na Convenção Coletiva de uma cláusula proibindo a divulgação de rankings individuais sobre cumprimentos de metas. Os representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ficaram de levar essas propostas para a avaliação dos bancos.

Mas os banqueiros recusaram cláusula proibindo que bancários sejam obrigados a trabalham em agências em obra e também rejeitaram que a ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses seja automática, sem a necessidade de opção por parte da bancária. Negaram também que, durante todo o recebimento de auxílio-doença, seja mantida a complementação salarial em valor equivalente à diferença entre a importância recebida do INSS e a remuneração total recebida pelo bancário. Pelo menos concordaram com a retomada imediata da comissão de acompanhamento da cláusula de prevenção de assédio moral, para concluir o balanço dos primeiros seis meses de vigência do programa.

Clique aqui para ver material sobre saúde dos bancários, preparado pela Contraf-CUT

Foto: Jailton Garcia/Contraf-CUT