Você calcula o que sejam R$ 13.900.000.000,00? É claro, que não!… Nem uma calculadora comum consegue calcular esse valor.
Mas os banqueiros sabem muito bem quanto são 13 bilhões e 900 milhões de reais… Foi o que eles lucraram em 2004!
O maior lucro do sistema bancário da História do Brasil, dos últimos 197 anos.
Pelo quarto ano consecutivo, o setor bancário foi o de maior lucratividade no País, representando 22,7% dos lucros de todas as grandes empresas.
Entre 2000 e 2004, o lucro dos bancos cresceu assim: ABN-Real, 424%; Santander, 386%; Banco do Brasil, 311%; HSBC 260%; Itaú 204%; Bradesco 175%; Unibanco 175%; e Caixa Econômica, 164%. Uma média de 262% em cinco anos.
Nesses mesmos cinco anos, os bancários dos bancos privados tiveram reajuste de 83%, os do BB de 32% e os da CEF de 28%.
Apesar disso, os banqueiros, que, no 1º semestre de 2005, aumentaram ainda mais seus lucros, oferecem aos bancários um reajuste de 6%.
A banqueirada está lavando a égua na banheira de hidromassagem, com sabonete neutro, perfume francês, sais medicinais e flores holandesas.
Se você coloca seu dinheiro na poupança, o banqueiro te paga menos de 1% ao mês. Mas, se você pega um dinheiro emprestado, ele te cobra mais de 10%.
Não é à toa que a égua dos banqueiros tem andado muito bem lavada.
As leis que exigem atendimento rápido não são respeitadas pelos banqueiros, nem fiscalizadas pelo governo. Afinal, o governo também é banqueiro, dono do BB e da Caixa.
Por isso, ir ao banco é um sacrifício para clientes e usuários.
Tem sempre uma fila enorme e um monte de guichês vazios.
Por volta de 1990, os bancários eram mais de 800 mil. E começou a informatização e a demissão. Hoje, 16 anos depois, os bancários são menos de 400 mil.
E os banqueiros começaram a mandar para outro lugar pagar suas contas.
Nos caixas eletrônicos, que fazem o trabalho dos bancários demitidos. Mas a maioria dos brasileiros não sabe mexer no computador.
Nos supermercados, onde o caixa de lá faz o trabalho do bancário demitido. Trabalha por dois e recebe por um.
Nas lotéricas, onde acontece o mesmo. E você aproveita para fazer uma fezinha, dando mais dinheiro para o governo, que também é banqueiro.
Pelo telefone, onde o banqueiro ganha ainda um pouco mais com você, pois, com a privatização, ele virou sócio da companhia telefônica.
Pela Internet, mas a maioria dos brasileiros não tem computador e por isso não sabe mexer nele, como já se disse antes.
Essas “facilidades” nos serviços bancários têm um custo social. Desemprego, miséria, fome, assaltos, arrastões, brigas de gangues e balas perdidas.
E têm um custo psicológico. Stress, depressão e doenças, além do alcoolismo e do uso de drogas, ou seja, mais violência e mais doenças.
E o banqueiro, o maior concentrador de renda do País, tem muito a ver com a desigualdade e a exclusão no Brasil.
Você nas filas e os bancários nos guichês e nas mesas não estão em lados opostos. Estão do mesmo lado. O lado dos explorados, mesmo que você tenha um bom dinheiro na conta.
Apesar de ter a égua bem lavada, o banqueiro não é flor que se cheire.
Como se diz no Nordeste, o banqueiro mais se parece com um filho da égua.
Por isso pedimos sua compreensão com a greve dos bancários.
Ela atrapalha você por alguns dias no ano.
Mas o banqueiro atrapalha sua vida o ano inteiro.