Noticiário bem-humorado de Marcelo Quaresma

@ Que a economia da Grécia está em ruínas [foto], todo mundo já sabia. Agora, se sabe que a Democracia grega também está em ruínas. O primeiro ministro grego, George Papandreaou queria que, através de um referendo, o povo decidisse se a Grécia faria seu segundo empréstimo com a União Europeia e o FMI: 130 bilhões de euros, cerca de 400 bilhões de reais… Ele queria, mas o G-20 e o parlamento grego não queriam. O referendo não saiu, o primeiro ministro caiu e o empréstimo saiu… O povo não pode opinar, mas pode pagar.

@ As bolsas estavam em baixa porque a Grécia ameaçava não pegar mais um empréstimo, sair da União Europeia e voltar a sua moeda original, o dracma… No dia seguinte ao que o parlamento grego aprovou o novo empréstimo, você pensa que as bolsas subiram?… É claro, que não!… O problema passou a ser a Itália pra quem a União Europeia e o FMI também queriam emprestar mais dinheiro. O empréstimo saiu e o Berlusconi caiu… E agora, por que é que as bolsas não vão subir?

@ A Grécia adotou o euro em 2001. Dez anos depois, o país é palco de uma tragédia econômica. Antes do euro, os gregos viveram 27 séculos com o dracma… Não é à toa que muitos adoram a Grécia Antiga.

@ “Vocês vão me ver aqui no ano que vem, em 2013, em 2014. Pela relação que tenho com Dilma, não saio. Para me tirar do ministério, só se eu for abatido a bala. E tem que ser uma bala muito forte porque eu sou pesadão”. Carlos Lupi (PDT), ministro do Trabalho, diante das previsões de que seria o sétimo ministro a ser demitido por Dilma Roussef, diante de irregularidades nos convênios de sua pasta com – adivinhe? – as Organizações Não Governamentais (ONGs).

@ “Todos os ministros sabem que quem nomeia e demite é a presidenta. Me empolguei, sou humano. Mas, se eu sou a bola da vez, só se for a bola sete, que é a bola que dá a vitória” (Carlos Lupi).

@ “Nunca vou desafiar a presidente Dilma… Presidente Dilma, desculpe, se fui agressivo. Te amo!” (Lupi).

@ Em seu último pronunciamento antes do fechamento desta edição, o ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT) se comparou a Leonel Brizola, João Goulart e Getúlio Vargas… Lupi não precisa ser demitido. Precisa ser internado.

@ Enquanto isso, em 2010, na mineira Guidoval, de oito mil habitantes, a Pynu Participações assinou contrato com a Prefeitura para fazer o plano de saneamento do município, com recursos – adivinhe? – do Ministério do Trabalho. O problema é que a empresa foi criada nove dias depois da assinatura do contrato por Camilo Fraga Reis. Camilo garante que esse foi o único serviço de sua firma, que já foi fechada. Já a Prefeitura de Guidoval garante que o serviço não foi realizado. Por via das dúvidas, Fraga Reis é hoje diretor-geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Minas Gerais… Camilo se arrumou no governo municipal com verba federal e ainda arrumou um cargo no governo estadual.

@ O Tira-Gosto informa!… Guidoval, um dos 853 municípios mineiros, fica perto de Astolfo Dutra, Divinésia, Dona Euzébia, Ervália, Piraúba e São Sebastião da Vargem Grande. Muita coisa ainda não chegou por lá. Mas a corrupção já.

@ Daniel Almeida Tavares, ex-funcionário da União Química, acusou o governador de Brasília, Agnelo Queiroz (PT), de receber propina de sua ex-empresa, quando Agnelo era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Daniel apresentou um recibo de 5 mil reais depositados na conta do governador, que seria parte de um suborno de 50 mil reais para liberação de alvarás de funcionamento de laboratórios. Agnelo diz que era o pagamento de um empréstimo que fez ao ex-funcionário “por amizade” aos donos da empresa farmacêutica… Agnelo deve ser tão amigo da União Química quanto a União Europeia e o FMI são amigos da Grécia e da Itália… São todos velhos amigos. Da onça!

@ A União Química é uma empresa de 75 anos que fatura mais de 40 milhões de reais por mês. Na campanha eleitoral de 2010, ela doou 2,2 milhões a 17 candidatos, entre eles, Agnelo Queiroz (PT), que recebeu 200 mil reais; Dilma Roussef (PT), que ganhou 457 mil; e Geraldo Alckmin (PSDB), que ficou com 490 mil… Será que a União Química não tinha R$ 5 mil pra emprestar a seu funcionário e teve que recorrer à “amizade” de Agnelo?

@ Preso no Rio, o traficante Nem sensibilizou a opinião pública ao ligar pra mãe, pedindo que levasse os filhos pra escola. Se fosse a Polícia Federal, Militar ou Civil, o insensível Tira-Gosto mandaria investigar se Nem tem mãe viva, se ela mora no Rio, se ele tem filhos, se os filhos estão em idade escolar, se é a mãe/avó que os leva à escola todos os dias ou se o telefonema foi apenas um código para que dinheiro e drogas fossem levados pra longe da Rocinha.

@ O traficante Nem da Rocinha disse que metade do dinheiro do tráfico vai pra caixinha da polícia, pro arrego. Será verdade ou parte do dinheiro dele a “mãe” já levou pra “escola”?

@ Pensamento da semana: Na operação que prendeu Nem, em frente ao Shopping da Gávea, estavam por perto alguns policiais civis de Maricá… Será que, assim como a União Europeia, o FMI e o Agnelo, eles estavam lá por “amizade”?

13 de novembro de 2011