Negociações entre BB e Fenaban na saúde não houve remédio

Fenaban só atendeu a uma reivindicação e o BB negou tudo

Chegou agosto! As propostas dos bancários foram entregues e as negociações da Campanha Salarial 2014 começaram. Mais uma vez, com a impressão de que já vimos esse filme. E não gostamos!

Dias 19 e 20, os banqueiros da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), com a presença das direções do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, na mesa sobre a Saúde da categoria, só concordaram com uma proposta nossa: o acompanhamento dos sindicatos nos programas de reinserção dos licenciados ao trabalho.

Dia 22, os banqueiros do BB negaram todas as propostas específicas do funcionalismo do Banco que, nos últimos dois semestres, com muito suor, estresse e adoecimento, foi em boa parte responsável pelo lucro líquido de mais de R$ 15,5 bilhões. Valor que, dividido pelos pouco mais de 111 mil funcionários do Banco do Brasil, significaria quase 140 mil reais para cada um. Considerando que 12,5% do lucro são da PLR, seriam R$ 17.454 para cada um… Se você não recebeu isso de PLR nos últimos dois semestres, alguns colegas receberam por você.

Os negociadores do BB vão tentar nos convencer que há uma crise internacional que se reflete cada vez mais internamente e que o lucro do Banco caiu no último semestre. E isso é verdade! Porém, na data-base (1º de Setembro), debatemos os últimos 12 meses, os últimos dois semestres. E no último ano, ainda estamos sob o impacto do maior lucro da História do Banco do Brasil, no 2º semestre de 2013.

Eles também dirão que tal lucratividade decorreu de um fator atípico, as ações da seguridade. Aí, eu pergunto: não dá para entrar nada dessa atipicidade no bolso do bancário?… Atipicidade só entra no cofre do banqueiro?…

Quanto a Saúde, na Fenaban, foi debatida a pausa de 10 minutos a cada 50 nas tarefas repetitivas e para os funcionários do hall, além de rodízios de 2 horas para esses últimos; a ilegalidade da contestação de atestados de saúde dos bancários pelos médicos dos bancos; e a eleição direta de todos os membros das CIPA’s, as comissões internas de prevenção de acidentes, outrora foco de resistência dos trabalhadores e, hoje, quando a saúde dos bancários piora, em geral, mera formalidade burocrática. Geralmente, nem sabemos quem são nossos cipeiros.

No BB, os negociadores empurraram para a Cassi a responsabilidade da solução de vários problemas da nossa Saúde, muitos deles dependentes do patrocinador da Caixa de Assistência, que é o Banco. Além disso, foi debatido um plano de carreira para os PSO’s, as plataformas de suporte operacional; o fim do desvio de função dos “caixas líder” dos PSO’s; e a contratação de cerca de 7 mil bancários, uma vez que somos 111 mil, mas o Governo já autorizou o teto de 118 mil funcionários no Banco do Brasil.

Debaixo da mesa ficaram propostas como plano odontológico para dependentes e aposentados; despesas médico-hospitalares decorrentes de doença ocupacional por conta do BB; salário integral para os licenciados; irredutibilidade salarial aos que retornam de licenças sem a comissão anterior até serem comissionados novamente; adicional de 40% para funcionários em locais de periculosidade, risco de vida (isonomia aos vigilantes), insalubridade e penosidade; indenização de mais de R$ 253 mil para funcionários assaltados, sequestrados ou extorquidos, além da escolha do local de trabalho por esses após tais eventos; subordinação dos supervisores de atendimento aos PSO’s, evitando-se o desvio de função nas agências. Sem contar com a questão das metas abusivas e do assédio moral e institucional, as maiores causas de nosso estresse e adoecimento.

Para isso tudo sair do papel, é preciso muita disposição… Haja Saúde!… Que é bom pra todos!

Por Marcelo Quaresma é funcionário do BB, sindicalista de Niterói e Região