MPF notifica Banco do Brasil sobre envolvimento na escravidão

 

O Banco do Brasil foi notificado pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre a abertura de um inquérito civil público, que investiga seu envolvimento na escravidão. O banco tem até o dia 17 de outubro para responder questões sobre participação ou fomento na escravidão no país.

 

A ação é assinada por pesquisadores e historiadores que mostraram de que maneira o BB se alimentou e fomentou o tráfico de pessoas.

 

Segundo eles, a primeira relação entre o banco e a escravidão aconteceu com a vinda de D. João VI para o Brasil. Na ocasião, parte do dinheiro da instituição vinha de taxas cobradas de embarcações usadas no tráfico de pessoas.

 

A concessão de títulos de nobreza, pelo governo imperial, a escravocratas e comerciantes ilegais também incentivava o comércio de pessoas. Eles colocavam dinheiro no banco.

 

Em nota, o Banco do Brasil disse que responderá aos questionamentos do MPF e que “como empresa que busca promover a igualdade racial (…) está à disposição do Ministério Público Federal para continuar protagonizando e envolver toda a sociedade na busca pela aceleração do processo de reparação.”

 

O secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, falou sobre o processo de reparação histórica, que acontece no mundo.

 

“Com essa ação do Ministério Público Federal, é preciso descortinar o processo de construção do Banco do Brasil, derrubando essas estátuas que marcaram o passado do banco, beneficiando economicamente várias pessoas com o processo de escravização no país, torturando e matando negros e negras”, afirmou Aguiar, acrescentando que “o banco tem o dever de reconhecer os erros do passado. Inclusive, garantir formas de trazer mais negros e negras em seu quadro de funcionários, onde a porta de entrada, por ser um banco público, é via concurso.”