Minoritários questionam bônus aos executivos em assembleia do Santander

Os representantes do Santander ouviram os votos contrários e as manifestações dos minoritários, mas não responderam os questionamentos.

Em assembleia geral extraordinária dos acionistas do Santander, realizada na manhã desta terça-feira (7), em São Paulo, um grupo de minoritários questionou os bônus aos executivos e a política diferenciada de remuneração do banco espanhol. Eles votaram contra o Plano de Diferimento de Bônus referentes a 2011 e a alteração do estatuto social para a criação de Comitê de Remuneração, em cumprimento à Resolução nº 3.921 de 25 de novembro de 2010, emitida pelo Conselho Monetário Nacional. As propostas haviam sido anteriormente aprovadas pelo Conselho de Administração do Santander.

Os minoritários Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT, o Sindicato dos Bancários de São Paulo e a Afubesp registraram votos contrários às propostas do banco. Também votaram contra os minoritários Rita Berlofa, José Reinaldo, Vera Marchioni, Alberto Maranho e Maria Rosani.

Ademir questionou novamente a falta de transparência na divulgação das propostas no site do banco, o que dificulta o acompanhamento das informações e dos resultados pelos minoritários. “Entretanto, é possível registrar a inconformidade com a atual política de remuneração e o pagamento de bônus aos altos executivos do banco”, destacou.

“O banco possui uma política diferenciada para os membros do alto escalão e o conjunto dos trabalhadores, onde aqueles são supervalorizados enquanto estes recebem os menores valores do mercado e sequer possuem um Plano de Cargos e Salários (PCS) com regras transparentes de valorização e ascensão profissional”, comparou Ademir, que também é diretor da Afubesp.

Abismo da desigualdade na remuneração

O dirigente sindical lembrou que, na assembleia geral ordinária, em abril do ano passado, um grupo de acionistas minoritários votou contra a remuneração global anual dos diretores e integrantes do Conselho de Administração do Santander, fixada em R$ 283,5 milhões para o exercício de 2011. “Considerando que, na época o número de tais executivos era 62, cada um deles receberia, em média, R$ 4,5 milhões ao ano, o que significa um ganho mensal de R$ 381,1 mil. Enquanto isso, o piso salarial do bancário foi reajustado para R$ 1.400, um valor 272 vezes inferior, mostrando o abismo da desigualdade na remuneração do banco no Brasil”, frisou Ademir.

O diretor da Contraf-CUT registrou “indignação” diante dos bônus pagos ao ex-diretor do Santander para a América Latina, Francisco Luzón. Segundo informações da Europa Press, o executivo receberia uma pensão acumulada de 55,9 milhões de euros. A esse montante seriam acrescentados mais 10 milhões de euros a título de “outros seguros”. Trata-se de uma indenização “repugnante”, como apontou o secretário-geral da Federação Bancária das Comisiones Obreras (Comfia), José María Martínez, no momento em que os bancos da Espanha propõem congelar os salários dos trabalhadores.

Para Ademir, “o pagamento de bônus aos executivos deve estar conectado com a remuneração de todos os trabalhadores do banco, devendo incluir o fim da política de rotatividade, a criação de planos de carreiras, o atendimento de passivos dos funcionários da ativa e aposentados, como o pagamento do serviço passado do Plano II do Banesprev, a correção das aposentadorias e pensões dos pré-75 do Banespa, o restabelecimento das regras antigas do ex-HolandaPrevi, hoje SantanderPrevi, e uma solução para o passivo trabalhista dos aposentados, como o pagamento das gratificações semestrais estatutárias para os aposentados do Banespa”.

No voto, o Sindicato cobra soluções para as pendências apontadas pelos funcionários aposentados do Banespa (incorporado pelo Santander), reivindica soluções para o fundo de pensão (Banesprev) e evidencia os problemas enfrentados pelos trabalhadores do grupo como a imposição de metas inatingíveis na venda de produtos, a falta de funcionários para atender adequadamente a população entre outras questões.

“Abordamos as sucessivas demissões no Brasil, a questão dos aposentados referentes à desblindagem dos títulos públicos e a correção do INPC e a falta de aporte do serviço passado, no Plano II do Banesprev, que é de responsabilidade do banco” afirmou o diretor da Afubesp, José Reinaldo.

Por um representante eleito no Comitê de Remuneração

Em relação ao Comitê de Remuneração, o dirigente da Contraf-CUT propôs que “um dos integrantes seja escolhido diretamente entre os empregados do banco, através de processo eleitoral democrático, mediante regras definidas com as entidades sindicais dos trabalhadores”.

“Considero que uma política de remuneração de administradores, além de ser compatível com a gestão de riscos do banco, dentre outros critérios, também deve levar em conta a remuneração dos trabalhadores do banco, buscando reduzir as desigualdades e melhorar a distribuição da renda. Para tanto, é fundamental a participação de um representante eleito democraticamente pelos empregados”, justificou.

“Apresento esses votos contrários, como forma de manifestar a minha insatisfação com a desigualdade na política de remuneração do banco e chamar a atenção dos dirigentes da instituição e dos acionistas majoritários para a necessidade de adotar procedimentos que valorizem o conjunto dos funcionários e aposentados, e respeitem o Brasil e os brasileiros”, concluiu Ademir.

Os representantes do Santander ouviram os votos contrários e as manifestações dos minoritários, mas não responderam os questionamentos.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo e Afubesp


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