Os bancos brasileiros Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e as filiais dos estrangeiros HSBC e Santander, que atuam no país, receberam pontuações pífias em pesquisa internacional que avaliou os aspectos Transparência e Prestação de Contas e Impostos e Corrupção. Eles concorreram com outras 40 instituições financeiras da Bélgica, França, Indonésia, Japão, Holanda e Suécia.
Realizado pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o segmento brasileiro da pesquisa classificou os bancos em três categorias: líderes, seguidores e retardatários. O levantamento apontou que no quesito Impostos e Corrupção, as instituições tiveram desempenho sofrível. Todos se situaram na pior escala (retardatários), com exceção do Santander, que atingiu o patamar mediano (seguidores).
“No tema ‘Impostos e Corrupção’, os bancos deixaram de ganhar pontos por não relatar receitas, custos, lucros e pagamentos de impostos”, consta em trecho do relatório da pesquisa.
A análise brasileira concluiu ainda que nenhuma das instituições pesquisadas avançou em suas práticas de Transparência e Prestação de Contas ao ponto de serem consideradas líderes neste quesito. Itaú, Santander, Banco do Brasil e Bradesco obtiveram pontuação que os coloca na categoria intermediária (seguidores), enquanto Caixa Econômica Federal e HSBC permaneceram como retardatários.
“A baixa pontuação dos bancos no tema de ‘Transparência e Prestação de Contas’ reflete a falta de informações sobre as empresas, projetos e governos em que efetivamente investem, até mesmo os mais importantes. Além disso, os bancos publicam relatórios anuais que não estão de acordo com alguns indicadores do Suplemento para Serviços Financeiros do GRI [Global Risk Institute]”, diz outro trecho do relatório.
Maus exemplos
O HSBC, instituição que se vê envolvida em denúncias de evasão de divisas de milhares de correntistas com contas na sucursal da Suíça – incluindo mais de oito mil brasileiros -, teve sua filial brasileira na pior colocação nos dois grandes temas, o que explica em certa parte as recentes denúncias. Também na Indonésia o banco britânico foi mal avaliado, demonstrando que a falta de boas práticas em transparência é um desafio global para o banco.
No geral as instituições apresentam desempenho semelhante em todos os países, o que revela que assim como o capital, as más práticas financeiras também são internacionais: quase 60% das pesquisadas marcaram menos de quatro pontos em 10 possíveis no quesito transparência, por exemplo. Os destaques positivos ficaram nas mãos de apenas três bancos, que obtiveram mais de seis pontos: o holandês ASN Bank (8,1), a filial indonésia do Citibank (6,8) e o Van Lanschot, que opera na Holanda e na Bélgica (6,1).
Mais transparência
“Ao contrário de outras empresas, essas entidades [bancos], por meio de seus investimentos e de financiamentos, desempenham um papel importante em praticamente todos os setores econômicos. Com isso, as instituições financeiras não só têm de informar ao público sobre suas próprias atividades, mas também têm que ser o mais transparente possível sobre as empresas, projetos e governos nos quais investem”, conclui o relatório.
O consultor do projeto pelo Idec, Lucas Salgado, avalia que o objetivo é permitir que se exija das instituições financeiras uma postura cada vez mais responsável, o que, segundo ele, refletirá na sociedade. “Pelo lado dos bancos, a ideia é que os relatórios sejam uma ferramenta que contribua para o processo de implantação de melhores práticas”, explica.
Durante o processo de pesquisa, o Idec enviou correspondência a todos os bancos avaliados, informando também a metodologia utilizada e compartilhando os resultados obtidos ao final. No Brasil, o envolvimento deles é muito pequeno, diferentemente do que acontece na Holanda, onde participam ativamente de reuniões e estão abertos ao diálogo.
Fonte: Seeb-SP