Encontro Estadual do BB destaca importância da unidade contra privatização

A defesa do Banco do Brasil como parte da luta dos bancários e bancárias contra a privatização das instituições públicas, uma ameaça real que está na pauta ultraliberal do Ministro da Economia Paulo Guedes, é uma das prioridades do funcionalismo na Campanha Nacional deste ano.  O anúncio, previsto pela atual conjuntura do país, foi feito pelos participantes do 22º Encontro Estadual dos funcionários do BB do Rio de Janeiro, realizado na sexta-feira, dia 3 de julho, por meio digital, em função do novo coronavírus.

 

A intenção de o governo Bolsonaro privatizar os bancos públicos já foi anunciada publicamente pelo presidente da empresa, Rubem Novaes e em várias ocasiões por Paulo Guedes.

 

Análise de Conjuntura

 

O encontro foi aberto com uma análise da atual conjuntura política e econômica do Brasil e seus efeitos sobre os bancários e demais categorias de trabalhadores. O vereador Reimont (PT), que também é bancário do BB destacou “a importância do papel social do Banco do Brasil nas políticas socioeconômicas” e disse que “a defesa das instituições públicas deve ser feita pelos trabalhadores, mas também pelos parlamentos em suas instâncias municipais, estaduais e federal”.

 

João Fukunaga, coordenador Nacional da Comissão de Empresa do funcionalismo falou das “dificuldades da atual conjuntura para o cenário das negociações com o banco e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) nas campanhas geral e específicas deste ano”. Ressaltou ainda a importância da vitoriosa estratégia da mesa única de negociação para a garantia de direitos e conquistas da categoria.

 

Márcio de Souza, Diretor de Administração da Previ, o fundo de previdência complementar dos trabalhadores do banco, também falou da ameaça real de privatização do BB e da necessidade de unidade e mobilização para impedir esta onda privatista no país e os impactos negativos que esta medida traria para a previdência complementar e assistência de saúde dos funcionários, além dos prejuízos para toda a população e para o país.

 

Função social ameaçada

 

Entregar o BB e a Caixa Econômica Federal ao setor privado é um antigo sonho do cartel do sistema financeiro nacional. Como sempre acontece nas privatizações, Itaú, Santander e Bradesco estão de olho nas fatias mais lucrativas dos bancos públicos, mas não têm nenhum interesse em manter a função social exercida por estas instituições seculares, como programas sociais, habitação, fomento de desenvolvimento regional, crédito educativo e agricultura familiar, principal produtora dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros (os grandes latifúndios, pecuaristas e ruralistas são mais voltados para a exportação). O apoio às micros, pequenas e médias empresas também é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, pois são estes setores que geram a maior parte dos empregos.

 

“O Banco do Brasil têm um papel relevante para a concessão de crédito para pequenas empresas, para o médio empreendedor e também para a agricultura familiar”, lembra a representante do funcionalismo no Conselho de Administração do BB, Débora Fonseca.

 

O fechamento de agências, a defesa da Cassi e da Previ e o combate às metas abusivas também estiveram na pauta do encontro.

 

Na avaliação do diretor do Sindicato Alexandre Batista, o encontro estadual foi bastante produtivo. “Tivemos a oportunidade de discutir temas relevantes que serão encaminhados ao nosso encontro nacional, entre eles a manutenção de direitos do Acordo Coletivo de Trabalho, o controle do ponto eletrônico, evitando o trabalho fora do horário em Home Office e unidades físicas, entre outras demandas”, disse.

 

Regulamentação do Home Office

 

Os sindicatos defendem uma regulamentação do teletrabalho, já que todas as instituições financeiras têm anunciado que esta forma da atividade profissional veio para ficar também no setor financeiro. O movimento sindical cobra que a empresa subsidie os custos maiores de luz, água, internet e ligações telefônicas que o trabalhador terá em sua função remota.

 

“O banco tem que manter também a manutenção dos vales alimentação e refeição, pois os funcionários precisam comer independentemente do lugar em que estejam trabalhando”, disse o sindicalista. O fornecimento de todos os programas (softwares) necessários para execução das tarefas, de aparelho celular e o respeito à privacidade dos bancários e de sua família também estão entre as bandeiras de luta. A categoria não aceita que o teletrabalho seja utilizado para justificar uma redução de direitos e até de remuneração.  

 

“É fundamental o acesso da representação sindical para monitorar as condições de trabalho também no home Office e não abrimos mão da manutenção dos acordos coletivos”, disse a diretora do Sindicato do Rio, Rita Mota, membro da Comissão de Empresa dos funcionários do BB.

 

A pauta de reivindicações e as estratégias de mobilização foram aprovadas e serão levadas para o 31º Congresso Nacional dos Funcionários do BB, que acontecerá também por via digital, nos dias 11 e 12 de julho.