O deputado federal pernambucano Severino Cavalcanti, do PP, partido de Paulo Maluf, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados nesta madrugada, derrotando em segundo turno o candidato do governo Lula, Luiz Eduardo Greenhalg (PT-SP), por 300 votos a 195. O processo eleitoral durou mais de 13 horas e chegou a faltar luz no plenário.
O deputado Virgílio Guimarães (MG), apresentou uma candidatura independente, dividindo a bancada de seu partido, o PT, e a base de apoio governista.
Concorreram ainda os deputados Jair Bolsonaro (PFL-RJ) e José Carlos Aleluia (PFL-BA).
A candidatura de Virgílio significava uma crítica ao governo Lula e uma tentativa de levar o governo mais à esquerda. Entretanto, a eleição mostrou que tal divisão abriu caminho para a direita.
Em 1964, Severino foi eleito prefeito de sua cidade natal, João Alfredo (PE), pela UDN, partido que apoiou a deposição de João Goulart (PTB), em março daquele mesmo ano. Depois, passou por diversos partidos de direita até chegar ao PP de Maluf, que também apoiou o golpe de 64.
A nova tendência do recém-empossado presidente da Câmara pode acelerar as reformas trabalhista e sindical, que andam em banho-maria, colocando em risco uma série de conquistas históricas dos trabalhadores, processo que os neoliberais chamam de “flexibilização”.
Severino e seus 300 eleitores podem ainda obstruir na Câmara os projetos do governo Lula em todos os setores, objetivando um melhor desempenho dos partidos de direita na eleição dos congressistas, dos governadores e do presidente em 2006.
Mais uma vez, vale a frase de Herbert Vianna: Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou, são 300 picaretas com anel de doutor.