Dieese aponta extinção de quase 80 mil vagas na década

 

Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia aponta uma extinção de 78.155 postos de trabalho entre janeiro de 2013 a outubro de 2020. No período, foram registradas 303,7 mil demissões e 225,5 mil contratações.

 

“É como se o setor tivesse constituído uma nova forma de fazer negócio, com um modelo mais enxuto e visando a redução de despesas. E eu acredito que ainda estamos nesse processo de reestruturação e que ações tomadas pelos bancos nos últimos meses sinalizam que é possível um corte elevado de pessoal até 2021”, analisou a técnica do Dieese Bárbara Vallejos.

 

A digitalização durante a pandemia (já que muitos clientes deixaram de ir às agências para resolver via internet banking e mobile), também foi responsável pelo aumento das demissões. “Com todo mundo fazendo operações pelo celular e pela internet, os bancos começaram a mudar os atendimentos, migrando das agências bancárias físicas para o digital. Isso também abre margem para a redução do time, já que a maioria dos clientes se concentra agora no mobile e no internet banking”, disse a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

 

De acordo com especialistas, o principal motivo dessa onda de demissões é a digitalização do sistema financeiro. Apenas de janeiro a outubro deste ano, o saldo é negativo em 8.086 vagas (13,7 mil contratações contra 21,8 mil desligamentos). O pior mês do ano foi outubro, com o fechamento de 5.6 mil vagas.

 

O Dieese acredita, ainda, que a taxa Selic em 2% ao ano também influencia. “O cenário de Selic mais baixa também acaba trazendo uma leve redução no spread bancário [diferença entre a taxa que o banco paga pelos recursos e a taxa pela qual ele empresta] e no que ele ganha com tesouraria”, pontuou Bárbara. “É difícil prever o que o segmento desenha como estratégia, mas olhando os números, é possível ver uma certa aceleração no corte de postos de trabalho”, completou.

 

Quando comparado 2020 com o ano anterior, os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander) apresentaram queda de 2,4% no número de funcionários, uma queda de mais de 10 mil bancários.

 

Vale lembrar que, em março, o Comando Nacional dos Bancários e representantes da Federação Nacional de Bancos (Fenaban) firmaram um acordo de não demissão durante a pandemia – acordo esse que foi descumprido por diversas instituições. Santander, Itaú e Bradesco, juntos, demitiram mais de dois mil bancários nos meses críticos da pandemia.