A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) teve uma participação intensa no 6º Congresso da UNI Global Union, na Filadélfia, Estados Unidos. O evento aconteceu de 27 a 30 de agosto último.
Sendo uma das maiores entidades filiadas à Global Union, a Contraf-CUT foi representada pela presidenta Juvandia Moreira, o secretário-geral Gustavo Tabatinga, a secretária da Mulher Fernanda Lopes e a secretária da Juventude Bianca Garbelini.
O encontro reuniu mais de 1,2 mil líderes sindicais de 150 países, para debates sobre como ampliar a articulação global pelo fortalecimento sindical. Os eixos centrais foram organização e negociação coletiva, economia global inclusiva, direitos humanos, democracia e justiça racial, crise climática e saúde e segurança.
Temas como igualdade para mulheres; combate à desigualdade, ao racismo e a qualquer forma de discriminação; defesa da previdência pública e de empregos dignos na era digital; direitos dos jovens; paz mundial e sociedade ambientalmente responsável também mereceram destaque.
Juvandia ressaltou a relevância da temática abordada nos painéis, fundamental para a classe trabalhadora sob a perspectiva de sua mobilização mundial.
“O Congresso tinha como lema “levantar juntos”, ou seja, lutar por democracia, distribuição de renda, combate a todos os tipos de desigualdade de gênero, raça, orientação sexual; por uma economia verde, preservando o meio ambiente”, disse.
Para a dirigente, o encontro internacional permitiu às organizações sindicais dos vários países perceber que “os problemas da classe trabalhadora são iguais e que temos que nos unir globalmente para combatê-los.”
Segundo Gustavo Tabatinga, o protagonismo dos bancários no evento, representado pela Contraf-CUT, foi uma reafirmação da postura da categoria brasileira de que “os bancos devem assumir responsabilidades sociais na alocação de seus recursos”.
Para ele, “não é viável que eles continuem a financiar, por exemplo, a devastação em curso na Amazônia, ou as alterações climáticas resultantes da queima de combustíveis fósseis”.
Gustavo também ressaltou que a Contraf-CUT teve uma contribuição significativa ao debater as profundas transformações que o capital e as instituições bancárias têm promovido no âmbito da digitalização de suas transações e atividades financeiras.
Mensagem de Lula
No dia do encerramento, durante o painel “Paz, democracia e direitos humanos”, Juvandia, que também é vice-presidenta da CUT, leu uma mensagem do presidente Lula.
“Com vocês me sinto em casa. Não na minha casa brasileira, onde todos falam português e temos a mesma cultura. Mas uma casa maior, que acolhe a todos e onde nos entendemos em espanhol, inglês, coreano, árabe ou tantos outros idiomas. A verdade é que temos, no fundo, a mesma linguagem. A linguagem do trabalhador. E é ela que expressa a luta das pessoas oprimidas. É ela que entoa canções de igualdade, embala sonhos de uma vida digna e de um futuro melhor”.
Lula também manifestou indignação com o fato de 635 milhões de pessoas passarem fome no mundo, enquanto as nações mais ricas gastam com guerras. O presidente defendeu que os recursos da humanidade sejam “aplicados para defender a vida, combater a fome e reduzir as desigualdades”.
O presidente brasileiro também abordou desafios específicos do trabalho no atual momento da economia.
“Em uma economia digital, não podemos permitir que relações de trabalho sejam precarizadas para beneficiar apenas gigantes da tecnologia, que se colocam acima das regulações nacionais. Não podemos admitir que algo que poderia ser tão democrático como a internet se transforme em uma grande máquina de gerar poucos bilionários, à custa de milhões de pessoas vivendo em relações informais de trabalho, sem direitos”, avaliou.
Lula encerrou sua mensagem falando do meio ambiente. “O planeta não aguenta mais a pressão ambiental. E a humanidade não aguenta mais a opressão alimentada pela cobiça de uma pequena parcela que tudo tem, tudo pode e nada quer dar em troca. Que esse congresso aumente a força de nossa luta. Viva a todos os homens e todas as mulheres trabalhadoras do planeta”, concluiu.
O evento
Participaram da abertura do evento diversas lideranças sindicais dos Estados Unidos e do Canadá, autoridades políticas, como o prefeito da cidade da Filadélfia, Jim Kenney, e do então presidente da UNI Global Union, Rubén Cortina.
Eleita vice-presidenta da UNI Finanças Mundial, Neiva Ribeiro lembrou que “nós, bancários, defendemos e já apresentamos como reivindicação na última campanha nacional a jornada de quatro dias, para assim termos mais tempo para viver, para ficar com a família, para o lazer, estudo, cultura e cuidados pessoais”.
Conferências
O 6º Congresso aconteceu após a Conferência Mundial da UNI Finanças, realizada no dia 24, e a 6ª Conferência Mundial de Mulheres, nos dias 25 e 26 de agosto, o que reflete o compromisso da entidade em abordar não apenas questões trabalhistas, mas também a inclusão de mulheres em todos os níveis sociais.
Na Conferência da UNI Finanças, a italiana Anna Maria Romano foi eleita para a Presidência, até então ocupada pela secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Rita Berlofa. No mesmo evento, o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga, fez uma apresentação sobre a digitalização do sistema financeiro, com detalhes do caso brasileiro.
No dia 28 ocorreram dois debates: “Equidade de direitos para mulheres através da negociação coletiva” e “Campanha Amazon”, sobre a experiência da organização mundial dos trabalhadores da Amazon, empresa que mundo afora age contra o sindicalismo e os direitos dos trabalhadores.
No dia 29 foram realizados os debates “Mudar as regras para uma economia justa e inclusiva”, “Juntos contra a desigualdade, o racismo, e a discriminação”, “Segurança e saúde” e “Trabalho digno na era digital”.
*Fonte Contraf-CUT