A Contraf-CUT entrou com representação contra o Santander no Ministério Público do Trabalho (MPT) por propagandas com gerentes em poses sensuais e pediu a suspensão imediata da peça publicitária. Em um dos banners, o banco utiliza a foto de uma mulher para motivar o interesse do público em abrir uma conta bancária com a gerente e diz: “Joyce, gerente do Santander. Abra uma conta com ela”. A propaganda mostra a gerente, ao que parece estar balançando numa rede, com as pernas de fora, vestido decotado, em trajes inapropriados e incondizentes com a atividade profissional.
Outro banner traz a imagem de um gerente sem camisa, tomando banho em um chuveiro de praia. “Rafael. Gerente Santander. Abra uma conta com ele”, são os dizeres que também acompanham a foto. A campanha teve início no dia 22 de setembro e além de gerar espanto e revolta entre a categoria bancária, também causou polêmica nas redes sociais. Internautas de várias partes do País classificaram a publicidade de apelo ao erotismo, incentivo ao assédio sexual, de grotesca e vergonhosa.
Para o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, a atitude do banco é inadmissível. “Queremos que as peças publicitárias saiam de circulação imediatamente. O Santander passou dos limites ao explorar o corpo e a sensualidade dos próprios funcionários. Os banners também mostram gerentes felizes da vida. Estamos entrando na terceira semana de greve por responsabilidade dos bancos, que não apresentaram ainda uma nova proposta. É um desrespeito total à categoria, que não está nada feliz, mas indignada com a postura dos banqueiros de forma geral e com a falta de ética do Santander com este tipo de publicidade”, afirma Roberto.
Segundo divulgação do banco à imprensa, a campanha utiliza 200 gerentes de agências em banners distribuídos nas principais cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. O banco ainda informou que cada peça retrata um gerente em momento de lazer, descontraído e fora do ambiente de trabalho. Segundo o Santander, a intenção é fazer as pessoas se identificarem com o funcionário da foto.
“Neste caso, a identificação para ser real, deveria utilizar outro tipo de foto”, dispara a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis. “Os casos de adoecimento aumentam a cada dia, com metas abusivas e assédio moral. As mulheres, tão utilizadas e usadas, na campanha do banco, ainda são minoria nos cargos de direção e recebem salários mais baixos, só pelo fato de serem mulheres. Realidade? Nada é real nesta campanha, somente a exploração praticada pelos bancos mais uma vez”, critica a secretária.
O assessor jurídico da Contraf-CUT, Jefferson Martins de Olivera, explica que o banco pode ser processado por grave violação à dignidade de toda uma categoria profissional. “A denúncia ao Ministério Público do Trabalho busca o estabelecimento de uma mediação o mais breve possível com o banco, para determinar uma regra de conduta que resguarde a dignidade da categoria bancária. O banco extrapolou os limites da relação de trabalho. Tal processo pode inclusive acarretar uma multa altíssima por dano moral coletivo”, informa o advogado.
“Não vamos admitir mais esta tentativa de abuso do banco. Tenho certeza que vamos derrubar a campanha publicitária e vencer mais esta batalha”, ressalta Roberto von der Osten.
Fonte: Contraf-CUT