O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou o Grupo de Trabalho (GT) Empoderamento Negro para a Transformação da Economia. O objetivo é planejar medidas de fortalecimento da equidade racial na entidade.
Formalizada nesta terça-feira (23), a medida tem apoio da Open Society Foundations. O evento começou com desagravo ao jogador Vinícius Júnior, que foi vítima de violenta manifestação de racismo em jogo da liga espanhola no último domingo.
O GT deverá atuar na elaboração de um novo censo para identificar a composição étnico-racial dos empregados do BNDES, propor medidas para impulsionar a diversidade, a equidade e a inclusão da população negra no banco e desenvolver propostas para adequar sua atuação a legislações como a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância e o Estatuto da Igualdade Racial.
O secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, ressaltou que “depois de muitos anos, o BNDES volta a abrir suas portas para discutir racismo e empoderamento negro na transformação da economia, tema fundamental, e o BNDES tem um importante papel para alavancar o empreendedorismo negro”.
O BNDES vai disponibilizar R$ 17 milhões, além da captação de mais R$ 10 milhões junto à iniciativa privada, para a construção do Museu e do Distrito Cultural do Cais do Valongo, com inauguração prevista para 2026 na região carioca conhecida como Pequena África.
Segundo Almir, “por mais de 40 anos, o Cais do Valongo, que foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Histórico em 2017, recebeu mais de um milhão de escravizados, e por isso nos leva a refletir sobre grandes barbáries cometidas contra a humanidade”.
O dirigente afirmou que “o Museu será muito importante para o Rio de Janeiro e para o Brasil, como um marco para fortalecer a luta contra os crimes cometidos contra negros e contra o racismo, que precisam acabar. Basta de racismo!”
O colegiado vai ainda sistematizar estudos de ações afirmativas para negras e negros no BNDES e em outros bancos de desenvolvimento, além de mapear e propor ações para o empoderamento da população negra no país, em interlocução com órgãos públicos e instituições da sociedade civil.
“Vamos sair daqui com algumas tarefas, e não apenas para o banco. No próximo dia 20 de novembro, data de Zumbi, vamos lançar um documento para incluir nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) a questão do racismo. Queremos colocar essa agenda em discussão na ONU”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
*Fonte: Contraf-CUT