Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander, principais instituições financeiras com ações em bolsa, arrecadaram cerca de R$ 8 bilhões de janeiro a setembro deste ano apenas com cobranças ligadas à conta corrente, expansão de 20% a 30% em relação a 2011.
O montante equivale a 25% do lucro líquido acumulado pelos bancos no mesmo perído. A reportagem lembra que, mesmo que haja clientes isentos de tarifas, alguém deve estar arcando com essa conta bilionária.
Desta forma, os clientes gastaram mais em 2012 com as taxas em comparação ao ano anterior. Há quase cinco anos da regulamentação de nomenclaturas do Banco Central, que facilitaram a comparação para o consumidor em diferentes bancos, o preço dos serviços bancários pesa no bolso.
Tarifas nas alturas
Entre os quatro bancos, quando o assunto é pacote de tarifa, o mais cara é o do Santander: R$ 65. O mais barato custa R$ 5,5, no BB. Há serviços gratuitos que os bancos são obrigados a prestar por determinação do Banco Central e nas contas eletrônicas – e sem tarifas – oferecidas, sem alarde.
Mas se há planos mais baratos e até isentos de cobrança, quem fica com o mais caro? Os bancos têm a prática de trabalhar com iscas para tornar atrativos os pacotes mais salgados.
Uma estratégia antiga é a inclusão de um serviço desejado e bastante usado, mas que não costuma entrar na maior parte dos planos mais baratos, como a transferência de dinheiro de um banco para outro, via DOC/TED.
Entre os quatro bancos pesquisados, o mais barato que inclui esses serviços é o “Especial”, do BB. Custa R$ 19,7 por mês, mas só dá direito a um DOC mensal. Por outro lado, oferece quantidades excessivas – pelo menos para a maioria das pessoas – de outros serviços: 22 transferências entre contas do próprio BB e 17 saques.
No Itaú, o preço do pacote “Total” é R$ 27,5 por mês, quase o dobro do preço do “Econômico”, de R$ 14,10. Quem paga R$ 160 a mais por ano, totalizando R$ 330, pode fazer 24 saques por mês em caixas eletrônicos, ante 8 do plano mais barato, e realizar 34 transferências entre contas do mesmo banco, mais que uma por dia, em comparação com 12 do “Econômico”. Nenhum dos dois tem DOC ou TED incluídos. Esses serviços só fazem parte do pacote de quem paga a partir de R$ 30,40 por mês.
Em alguns desses combos mais sofisticados, que incluem DOC e outros serviços, os bancos ampliam ainda mais o volume de serviços como saques, o que serve de argumento para o preço mais caro. O total de saques e transferências sobe para 20, 30 eventos por mês ou se torna até mesmo ilimitado. É algo recorrente nas quatro instituições analisadas pelo Valor.
Muitos dos serviços que compõe os pacotes são bem pouco utilizados pelos clientes. Segundo a reportagem, com a engenharia usada pelos bancos para montar os pacotes, fica mais difícil a comparação direta e há uma aparente justificativa para um plano ser mais caro que outro.
Com a ação do governo para que os bancos reduzissem os juros, outra ação teve de ser tomada. Muitos bancos vincularam os cortes à adesão a pacotes de serviços, fazendo com que o BC interferisse e deixasse claro que redução de spread não pode ser compensada por aumento de tarifas.
Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico