O 5º Encontro Nacional dos antigos funcionários do Banerj foi realizado domingo, dia 14, na sede da Abanerj, em Jacarepaguá.
O 5º Encontro Nacional dos antigos funcionários do Banerj foi realizado no último dia 14 na sede da Abanerj, em Jacarepaguá. Mantendo uma tradição de décadas, os trabalhadores do antigo banco dão exemplo de mobilização, mesmo 13 anos depois da privatização do banco. Motivos não faltam: além da nostalgia, os empregados do antiga instituição têm muitas pendências e preocupações futuras. A Previ-Banerj, fundo de pensão que foi extinto um ano antes da venda, e a Caberj, caixa de assistência médica, são duas boas razões para apreensão.
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A Caberj, que já foi um excelente plano de saúde, agora é caro demais e eficiente de menos. Desde que o Banerj acabou, a parte patrocinada, paga pelo banco, passou a ser custeada pelos próprios beneficiários, o que tornou as mensalidades caríssimas. “Muitos dos problemas que os banejrianos enfrentam na Caberj são decorrentes da transformação numa empresa de mercado. Isso fez com que as mensalidades se tornassem muito caras. Hoje, muitos banerjianos não têm mais condições de pagá-las e acabaram ficando sem assistência médica”, destaca Maria José Gama de Assumpção Dias, presidente da Afber, que, ao longo destes anos, acabou se especializando no assunto.
Na Previ-Banerj uma novidade traz esperança para 75% dos funcionários remanescentes. Esta maioria aceitou a proposta de sacar sua reserva do fundo de pensão quando da extinção. O fundo foi incorporado ao RioPrevidência, entidade previdenciária dos servidores estaduais do Rio de Janeiro e, desde o fechamento da PreviBanerj as contribuições estão congeladas. Com o saque, estes trabalhadores ficaram sem direito a complementação de aposentadoria. Mas um projeto de lei que será encaminhado pelo deputado estadual Gilberto Palmares prevê a possibilidade de retorno dos que sacaram. “A proposta é que os funcionários que foram constrangidos a sair possam voltar”, simplifica o parlamentar. Para retornar, o funcionário tem que devolver os valores sacados para recompor sua reserva, equiparando-se, assim, aos que permaneceram no fundo, já que as contribuições estão congeladas.
A volta do que não foi
Outra questão muito discutida foi a recriação de um banco de fomento estadual no Rio de Janeiro. Com a privatização, sobrou uma “parte podre”, denominada Berj, que continua sob controle do governo estadual. Para os bancários, nada é mais fácil que recriar um banco de fomento através do Berj. Gilberto Palmares, que foi sindicalista do Sinttel e acompanhou a privatização das empresas de telecomunicações, vê uma semelhança entre os dois processos. “A Telebras foi privatizada, mas sobrou uma parte em liquidação. Anos depois, essa parte da Telebras, que já existia, foi transformada em outra coisa. É o mesmo que pensamos em relação ao Berj. Ele já existe, e como o estado do Rio de Janeiro recebeu muitos investimentos nos últimos anos, tornou-se muito necessário termos um banco para fomentar o desenvolvimento do estado. O que foi feito com a Telebras pode ser feito com o Berj”, ressalta Palmares.
Na questão do Berj, os banerjianos têm um aliado na Alerj: o deputado Paulo Ramos. Como presidente da Comissão de Trabalho e Emprego da casa parlamentar, ele sempre atendeu aos pedidos de realização de mesas redondas. Assim foi nas ocasiões em que o governo do estado anunciava um leilão para vender a parte podre. “A privatização do Banerj foi um clima contra a economia do Rio de Janeiro”, resume o deputado.
Quanto à refundação do Berj, a decisão é estadual, o que poderia gerar um conflito de interesse, já que o governador já deixou claro que o banco não interessa. Mas Antonio Biscaia, deputado suplente, se mostrou sensível à ideia e se mostrou disposto a ajudar no que for possível em âmbito federal. “Não tenho certeza de que é possível fazer alguma coisa pelo Legislativo. É mais provável que uma lei para determinar a mudança do Berj tenha que partir do Executivo. Mas vou fazer um estudo sobre isso, assim que passar a eleição”, anunciou Biscaia.
Três das associações de funcionários do Banerj se fizeram presentes ao encontro: alem da anfitriã ABanerj, a Afber e Abaesp eviaram representantes. Os candidatos Vivaldo Barbosa (Federal – PDT) e Sérgio Menezes (Estadual – PDdoB) também compareceram. O encontro teve ainda representantes dos sindicatos de Angra dos Reis, Niterói e Rio de Janeiro, da base da Federação, e também do Ceará. A Federação foi representada por seu presidente, Fabiano Júnior, e pelo diretor Antonio Leite, banerjiano.
Fonte: Unidade/Feeb RJ-ES
Foto: Nando Neves/Unidade