De acordo com a publicação “Estatísticas Monetárias e de Crédito”, divulgada pelo Banco Central, nesta quarta-feira (27), a taxa média de juros das concessões de crédito livre passou de 43,8% para 43,5% ao ano, em agosto. Foi o terceiro mês seguido de queda.
A redução foi de 0,3 ponto percentual (pp) no mês. Porém, segundo a publicação, em 12 meses a alta nos juros médios é de 3 pontos percentuais.
Para as empresas, nas novas contratações, a taxa média de crédito livre ficou em 22,6% ao ano, com redução de 0,4 pp no mês. A baixa, segundo o Banco Central, é resultado das reduções disseminadas pelas principais modalidades de crédito. O recuo ficou em 0,1 pp em 12 meses.
Para as famílias, a taxa média de juros livres nas contratações, chegou a 57,7% ao ano, com redução de 0,6 pp no mês e alta de 3,7 pp em 12 meses.
Merecem destaque as reduções das taxas no crédito consignado para beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que registrou queda de 0,8 pp, crédito pessoal para trabalhadores do setor público, com queda de 0,4 pp, e crédito pessoal não consignado vinculado à composição de dívidas, que teve queda de 1,8 pp.
Vale lembrar que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes, no crédito livre. Mas o crédito direcionado, com regras definidas pelo governo, é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
Selic
A expectativa do mercado financeiro é de queda da taxa básica de juros (Selic), principal instrumento usado pelo BC para alcançar a meta da inflação. No momento, ela está definida em 12,75% ao ano. Os cortes de 0,5 ponto percentual devem continuar nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Cartão de crédito
As taxas do cartão de crédito caíram em média 0,4 pp no mês, mas tiveram alta de 13,8 pp em 12 meses, chegando a 101,5% ao ano.
O crédito rotativo, quando o consumidor paga menos que o valor integral da fatura do cartão, subiu 4,4 pp em agosto e 46,1 pp em 12 meses, alcançando o patamar de 445,7% ao ano.
O BC estuda o fim dessa modalidade e a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que limita os juros do crédito rotativo. Depois de aprovada e publicada a lei, as empresas emissoras de cartão de crédito terão 90 dias para encaminhar ao Conselho Monetário Nacional uma proposta de regulamentação com definição desse teto.
Se não fizerem isso, ficou decidido que os juros não poderão ser maiores que o valor original da dívida. O texto está em tramitação no Senado Federal.
A desaceleração da economia, com prolongada alta dos juros, também desaceleraram o crédito bancário, principalmente para as famílias. Porém, em agosto as concessões de crédito subiram 8% para pessoas físicas e 11,2% para empresas.
Dívidas
A inadimplência, que são atrasos acima de 90 dias, tem se mantido estável com pequenas oscilações, segundo o Banco Central. Nas operações para pessoas físicas está em 4,1% e para pessoas jurídicas em 2,7%.
O endividamento das famílias (relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses) ficou em 47,8% em julho, registrando queda de 0,4 pp no mês e de 2,3% em 12 meses.
Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,2% no oitavo mês do ano.
O comprometimento da renda (relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período) ficou em 27,6% em julho, redução de 0,7 pp na passagem do mês e com alta de 0,3 pp em 12 meses.
Fonte: Agência Brasil