Bancos propõem 8% mais abono R$3,5 mil neste ano. Para 2017, reposição da inflação e 1% de aumento real

Após 30 dias de interrupção dos serviços e mobilização da categoria bancária, a greve arrancou uma nova proposta da Fenaban – Federação Nacional dos Bancos, em reunião nesta quarta-feira (05), em São Paulo, com o Comando Nacional dos Bancários. O acordo de dois anos prevê 8% de reajuste mais abono de R$3,5 mil, em 2016. No vale-alimentação o reajuste proposto é maior, de 15% e no vale-refeição e no auxílio creche/babá é de 10%. Para 2017, a Fenaban aceitou repor integralmente a inflação (INPC/IBGE) mais 1% de aumento real nos salários e em todas as verbas. O Comando Nacional dos Bancários orienta aprovação da proposta e os sindicatos realizam assembleias nesta quinta-feira (6) em todo o país. Em Niterói, os bancários vão deliberar sobre a proposta em assembleia convocada pelo Sindicato, a partir das 19h, no Espaço Assembleia do Seeb-Nit, que fica na Rua Evaristo da Veiga, 37 – Centro – Niterói, ao lado do colégio Liceu Nilo Peçanha. Na plenária também serão deliberados decisões a cerca das propostas dos bancos públicos (BB e CEF).

 

Os dias parados também foram objeto de impasses entre banqueiros e sindicalistas. A Fenaban insistia na compensação de todos, sem prazo limite.  Porém, o Comando Nacional não aceitou a postura dos banqueiros e conseguiu arrancar, na mesa de negociação, o abono total dos dias parados. No entanto, a Fenaban afirmou que a proposta só vale até as assembleias desta quinta-feira (06),  com retorno ao trabalho na sexta feira (07).

 

Dentro da Campanha Nacional deste ano, a defesa do emprego está entre as prioridades, sendo tema constante de debate com a Fenaban.  Neste sentido, a negociação conquistou a instalação de um Centro de Realocação e Requalificação Profissional nos bancos. Com participação bipartite, o projeto vai buscar realocar os funcionários ameaçados pela reestruturação em um determinado local, criando possibilidades de serem transferidos para outras áreas da própria instituição e assim evitar demissões.

 

 

Durante a décima rodada de negociação, os bancos também concordam em implantar a licença-paternidade de 20 dias, conforme lei sancionada neste ano, durante o governo Dilma Rousseff.

 

 

Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários, avalia que os bancários saem vitoriosos de uma das campanhas mais difíceis dos últimos anos, impactada pela conjuntura política e econômica do país.

 

“A primeira proposta de Fenaban que reajustava nossos salários em 6,5% foi apresentada no dia 29 de agosto, em plena efervescência política do processo de impeachment, que aconteceria dois dias depois. Iniciamos nossa greve com um novo governo, que estabeleceu medidas e ajustes que prejudicaram as nossas reivindicações. Os banqueiros insistiram em um modelo aplicado nos anos 90 na Era FHC de reajustar salários abaixo da inflação e conceder abono para compensar a diferença”, ressaltou Roberto.

 

A luta dos bancários contra ações que tentaram enfraquecer a greve ficou evidente. “Foi uma luta desigual onde os bancos utilizaram todo o seu arsenal: a mídia, as associações comerciais, o judiciário, os interditos, as ameaças, a boataria e os constrangimentos. Nada disso derrotou a nossa greve. A luta nos garantiu conquistas”, reforçou Roberto von der Osten.

 

Greve histórica

 

Nesta quarta-feira (5) a greve se manteve forte, 13.123 agências e 43 centros administrativos tiveram as atividades paralisadas, o que representa 55% dos locais de trabalho em todo o país. “Fizemos uma greve forte e, em um ambiente de alta incerteza política e econômica, a categoria garantiu ganho real em 2017 e para este ano manteve a valorização em itens importantes como vale alimentação, refeição e auxilio creche. Garantimos também a não compensação dos dias parados e o Comando vai orientar a aprovação nas assembleias”, disse Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. 

 

Proposta dos bancos

 

Reajuste de 8% e abono de R$ 3.500,00 em 2016.

 

Reposição integral da inflação (INPC/IBGE), mais 1% de aumento real em 2017 para os salários e todas as verbas.

 

PLR 2016

 

PLR regra básica – 90% do salário mais R$ 2.183,53 limitado a R$ 11.713,59. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 25.769,88

 

PLR parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 4.367,07.

 

Antecipação da PLR – Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Regra básica –  54% do salário reajustado em setembro de 2016, mais fixo de R$ 1.310,12, limitado a R$ 7.028,15 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro. Parcela adicional equivalente a 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2016, limitado a R$ 2.183,53.

 

PLR 2017

 

Para PLR e antecipação da PLR- mesmas regras, com reajustes dos valores fixos e limites pelo INPC/IBGE de setembro/2016 a agosto/2017, acrescido de aumento real de 1%, com data de pagamento de pagamento final até 01/03/2018.

 

Pisos 2016

 

Piso portaria após 90 dias – R$ 1.487,83.

 

Piso escritório após 90 dias – R$ 2.134,19.

 

Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.883,01 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa).

 

Vales e Auxílios 2016

 

Auxílio-refeição – R$ 32,60.

 

Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 565,28.

 

Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 434,17.

 

Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 371,43.

 

Gratificação de compensador de cheques – R$ 165,65.

 

Requalificação profissional – R$ 1.457,68.

 

Auxílio-funeral – R$ 978,08.

 

Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 145.851,00.

 

 Ajuda deslocamento noturno – R$ 102,09.

 

Vale-Cultura, valor de R$50,00, mantido até 31/12/16.

 

2017 – Os valores vigentes em 31/08/2017 serão reajustados pelo INPC/IBGE de setembro/2016 a agosto/2017, acrescido de aumento real de 1%.

 

Fonte: Contraf-CUT