O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre de 2023, com crescimento 11,7% maior que o registrado no mesmo período em 2022. Em comparando com os três primeiros meses deste ano, o resultado foi 2,8% superior.
A expectativa dos analistas era de lucro líquido de R$ 8,592 bilhões no segundo trimestre. O indicador ficou acima do registrado pelos bancos Itaú, Bradesco e Santander.
O retorno sobre patrimônio líquido do banco fechou o segundo trimestre em 21,3%, registrando alta de 0,3 ponto-percentual em relação aos três primeiros meses do ano. Um ano antes, o ROE estava em 20,8%.
Em comunicado o Banco do Brasil informou que “no trimestre, o resultado foi influenciado pelo bom desempenho comercial e pelo crescimento das carteiras de crédito que impactaram positivamente a margem financeira bruta e as receitas de prestação de serviços, especialmente àquelas vinculadas ao desembolso de crédito.”
A margem financeira líquida do banco foi de R$ 15,711 bilhões, com crescimento anual de 11,3%. A margem financeira com clientes ficou em R$ 20,049 bilhões e a margem com mercado, em R$ 2,838 bilhões. As receitas com prestação de serviço somaram R$ 8,286 bilhões, com alta de 5,6%.
Entretanto, em 12 meses, concluídos no final de junho, o banco fechou 1.282 postos de trabalho, sendo 426 postos no último trimestre.
“Ficamos preocupados com essa redução no quadro. Os lucros obtidos pelo banco são graças ao trabalho de milhares de bancárias e bancários. E, um corpo funcional mais reduzido, significa aumentar a pressão sobre eles para que correspondam às metas”, ressaltou a coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes.
Fernanda lembrou “nós já fizemos essa exigência em mesa de negociação com o banco, que é a abertura de mais concursos públicos. Também estamos atuando sobre mudanças no programa de metas.”
Se por um lado, foi relevante o volume de desligamentos de funcionários, por outro, no semestre houve apenas a redução de uma agência tradicional, em comparação a junho de 2022, totalizando a manutenção de 3.172 agências tradicionais, além de 813 agências digitais ou especializadas.
As despesas do BB com pessoal, no período de 12 meses, apresentaram aumento de 9,5% (incluindo o pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados/PLR), e totalizaram R$ 13,53 bilhões.
“Esse valor reflete o reajuste salarial conquistado pelos trabalhadores na convenção coletiva de trabalho da categoria, em setembro de 2022”, observou a coordenadora da CEBB.
A carteira de crédito ampliada da instituição financeira atingiu R$ 1,045 bilhão, com alta de 1,2% em relação ao primeiro trimestre e de 13,6% na comparação com um ano antes. A carteira ampliada pessoa física registrou crescimento de 0,6% na comparação com março de 23 e de 10% em 12 meses, alcançando R$ 302,1 bilhões.
Já a carteira ampliada pessoa jurídica registrou crescimento de 2,5% na comparação trimestral e de 10,4% em bases anuais, atingindo R$ 371,9 bilhões. Destaque para a carteira de micro, pequenas e médias empresas, com evolução de 1,4% no trimestre e 21,8% em 12 meses.
O crescimento trimestral para as grandes empresas foi de 2,9% e de 9,3% em bases anuais. Para o agronegócio, a carteira ampliada alcançou o saldo de R$ 321,6 bilhões, um crescimento anual de 22,7%.
Provisionamento adicional para Americanas
O Banco do Brasil provisionou R$ 7,176 bilhões no segundo trimestre, alta de 143% em bases anuais e volume 22,6% maior que o registrado no primeiro trimestre.
De acordo com informações do banco, o crescimento foi decorrente do agravamento em linhas de créditos não consignados na carteira pessoa física e da piora de riscos na carteira pessoa jurídica. Esta última foi impactada pela elevação de nível de risco de crédito da Americanas (AMER3), saindo de risco F (50%) para o risco G (70%).
Com isso, houve provisionamento adicional para o caso e impacto negativo de R$ 338 milhões.
O índice de inadimplência para empréstimos com mais de 90 dias de atraso cresceu de 2,62%, no primeiro trimestre, para 2,73% no segundo.
“No trimestre, parte das operações de crédito com o cliente específico do segmento large corporate que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023 passou a impactar o indicador de inadimplência acima de 90 dias”, explica o banco, referindo-se à Americanas. Sem este impacto, o índice ficaria em 2,65%.
Revisão de projeções
O Banco do Brasil elevou as previsões de crescimento da carteira de crédito em 2023, prevendo uma ampliação entre 9% e 13%. No guidance anterior, a previsão era de expansão entre 8% e 12%. No primeiro semestre, a carteira de crédito cresceu 15,3%.
O guidance para o crédito pessoa física foi mantido, mas o BB elevou as projeções para empresa (alta de 8% e 12% na nova projeção) e de agronegócios (expansão entre 14% e 18%).
Para a margem financeira bruta, a previsão agora é de crescimento entre 22% e 26% (ante 17% e 21%).
As projeções para provisões também foram revisadas para cima. Agora o Banco do Brasil espera provisionar entre R$ 23 bilhões e R$ 27 bilhões em 2023 – no guidance anterior, essa previsão estava entre R$ 19 bilhões e R$ 23 bilhões. No ano, até agora, foram R$ 13 bilhões provisionados.
O guidance de receita com prestação de serviços também revisado para baixo. Agora, o BB espera alta entre 4% e 8% nessa linha do balanço. Na previsão anterior, previa avanço entre 7% e 11%.
Dividendos e JPC
O Banco do Brasil também anunciou a distribuição de mais de R$ 410 milhões em dividendos e aproximadamente R$ 1,9 bilhão em juros sobre capital próprio (JCP). O pagamento será feito no dia 30 de agosto e terá como base a posição acionária do próximo dia 21. As ações vão ser negociadas a “ex” a partir do dia 22.
Fonte: InfoMoney, Exame e Contraf-CUT