Bancários permanecem em greve e quinto dia de paralisação continua com 100% de adesão em Niterói e região

Greve entra na segunda semana ainda mais forte e paralisa 9.015 agências. A adesão é de 100% da categoria que soma cerca de quatro mil bancários na região. Até o momento, nenhuma nova proposta foi apresentada pela Fenaban e, por isso, a greve continua amanhã

Diante do silêncio dos bancos, a greve nacional dos bancários entrou na segunda semana ainda mais forte, e continua crescendo em todo o território nacional. Nesta segunda-feira 23, quinto dia do movimento, as paralisações atingiram 9.015 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados nos 26 estados e Distrito Federal, um crescimento de 23,8% em relação à sexta-feira 20.

As informações foram enviadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) até as 18h15 pelos 143 sindicatos que integram o Comando Nacional dos Bancários. No primeiro dia de greve, na quinta-feira 19, haviam sido fechadas 6.145 unidades. Já no segundo dia as paralisações alcançaram 7.282 dependências, um salto de 18,5%.

No quinto dia de greve dos bancários, os 16 municípios que são representados pelo Sindicato dos Bancários de Niterói permaneceram com as agências bancárias fechadas. Não foi registrado nenhum incidente envolvendo bancário e/ou cliente. A adesão é de 100% da categoria que soma cerca de quatro mil bancários na região. Nesta segunda-feira (23), a direção do Sindicato convoca a categoria para uma assembleia extraordinária para avaliar o movimento realizado nos primeiros dias. Até o momento, nenhuma nova proposta foi apresentada pela Fenaban e, por isso, a greve continua amanhã.

Os bancários querem 11,93% de reajuste (inflação mais 5% de aumento real), valorização do piso salarial, PLR maior, mais empregos e fim da rotatividade, melhores condições de saúde e trabalho, mais segurança nas agências e igualdade de oportunidades. A aprovação da greve por tempo indeterminado aconteceu nas assembleias realizadas em todo o país no dia 12, depois de quatro rodadas duplas de negociação com a Fenaban. Os bancos apresentaram a única proposta no dia 5 de setembro, com reajuste de 6,1% (que apenas repõe a inflação), rejeitada pelos bancários em assembleias em todo o país.

“A forte adesão que temos em nossa base revela a insatisfação da categoria com a intransigência dos bancos em não negociar. Os lucros bilionários desmistificam o lobby que os banqueiros tentam fazer afirmando que não é possível conceder o aumento real à categoria. Todo esse lucro, como o do Banco do Brasil que apenas no primeiro semestre de 2013 foi um recorde de R$ 10 bilhões, é resultado de muito trabalho, esforço e dedicação dos bancários. Enquanto nós, na ponta da atividade não somos valorizados, temos executivos dos altos escalões com salários astronômicos causando uma disparidade muito grande, por isso vamos continuar a greve que é o direito legítimo dos trabalhadores para buscar melhores condições de trabalho e remuneração”, afirma Fabiano Júnior, presidente do Sindicato.

Desconcentrar a renda

Lutar por aumento real de salário é combater a concentração de renda no país. Apesar de ser a sexta maior economia do planeta, o Brasil ocupa ainda o vergonhoso 12º lugar no ranking dos países mais desiguais do mundo. E no sistema financeiro a concentração de renda é ainda maior.

Estudo do Dieese com base no Relatório Social da Febraban mostra que a distribuição do valor adicionado nos bancos entre acionistas, governo (impostos) e trabalhadores vem se alterando, aumentando a fatia do capital e reduzindo a participação do trabalho. Veja aqui o estudo comparativo entre 2004 e 2012.

A concentração de renda pode ainda ser medida por outro ângulo. Segundo trabalho do Dieese com base no Censo de 2010, os 10% mais ricos no Brasil têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha durante 3,3 anos para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico.

No sistema financeiro a concentração é ainda maior. No Itaú, por exemplo, os executivos da diretoria recebem em média R$ 9,05 milhões por ano, o que representa 191,82 vezes o que ganha o bancário do piso. No Santander, os diretores embolsam R$ 5,6 milhões, o que significa 119,25 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que paga R$ 5 milhões anuais a seus executivos, a diferença é de 106,09 vezes.

Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o caixa do Itaú tem que trabalhar 16 anos, o do Santander 10 anos e o caixa do Bradesco 9 anos.

As reivindicações gerais dos bancários

> Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação)

> PLR: três salários mais R$ 5.553,15.

> Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).

> Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

> Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.

> Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.

> Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.

> Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.

> Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.

> Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.

Imprensa Seeb-Nit


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