Centenas de bancários estão participando do Fórum Social Mundial, que começou dia 27 em Belém (PA) e vai até domingo, 1º de fevereiro.
Centenas de bancários estão participando do Fórum Social Mundial, que começou dia 27 em Belém (PA) e vai até domingo, 1º de fevereiro. Além da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que participa de quatro oficinas no FSM, estão presentes federações e sindicatos de bancários de todo o Brasil.
Quinta-feira a Contraf-CUT participou da oficina que discutiu o papel do Sistema Financeiro Nacional e a necessidade de regulamentação do Artigo 192 da Constituição, de forma a garantir que os bancos, tanto públicos como privados, exerçam uma função social e participem do esforço do desenvolvimento econômico do País.
“A crise financeira internacional tornou ainda mais urgente a implementação de mecanismos claros de controle e fiscalização para evitar situações como essa, em que a especulação financeira gerasse uma dívida que está sendo paga por todos”, disse Miguel Pereira, diretor de Finanças da Contraf-CUT, que apresentou a oficina, na Universidade Federal do Pará.
Fusões bancárias aumentaram após a crise
A economista Ana Carolina Tosetti, do Dieese da subseção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que também participou da apresentação, lembrou que após a crise a concentração bancária, por meio das fusões e aquisições, se elevou ainda mais, já que 85% dos ativos nacionais estão concentrados nas mãos dos cinco maiores bancos do País, a maior parte deles no setor privado.
“Os bancos brasileiros são sólidos e fortes, não existe problema de liquidez, uma prova disso é que quando o governo federal liberou recursos dos compulsórios para ampliar a quantidade de crédito nos bancos para ser disponibilizados a sociedade, os grandes bancos ampliaram seu caixa para aplicar em títulos”, avalia Ana Carolina.
Falta impor contrapartidas sociais aos bancos
Os bancários avaliam que o governo agiu de forma rápida para combater os efeitos da crise, por meio das medidas provisórias 442 e 443, que permitiram a compra de carteiras de crédito e redução dos depósitos compulsórios para que não faltasse crédito no País, mas errou por não impor contrapartidas sociais aos bancos, para manter as operações de crédito e o nível de emprego.
“O grande desafio continua sendo o de criar contrapartidas sociais para garantir o desenvolvimento sustentável. Assim como o ministro Luiz Dulci disse, cabe ao movimento sindical resistir, mobilizar e negociar alternativas à crise sem precarizar empregos e direitos”, disse Miguel Pereira.
Momento para criar alternativas
Os bancários também avaliam que este é um momento ímpar que precisa ser aproveitado para criar alternativas e construir políticas públicas e assim ganhar mais autonomia, como o aumento do uso de moedas nacionais pelos países emergentes para comércio internacional e desenvolvendo as relações de blocos regionais. Os países emergentes passaram a ser a grande esperança na retomada do crescimento econômico, porque menos afetados pela crise e com mais espaço de oportunidade para investimentos apresentam um grande potencial de crescimento.
A regulamentação do Sistema Financeiro despertou o interesse de estudantes e bancários do país que lotaram a sala da Universidade Federal do Pará, para acompanhar os debates sobre o tema.