Bancários debatem a Violência doméstica contra a mulher

 

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março, o Sindicato dos Bancários de Niterói e Regiões promoveu um encontro, na noite desta terça-feira (7), com duas mesas de debate, no auditório da OAB Niterói. O tema da noite foi “Violência Doméstica contra a Mulher”.

 

Logo na abertura, foram lembrados os dados de diversos institutos, comprovando a violência contra a mulher. Só em 2022 foram registrados, oficialmente, 2.423 feminicídios, com 495 óbitos. A questão da mulher no trabalho também preocupa e foi focado em diversas ocasiões, pois elas ganham em média 21% a menos que os homens no desempenho da mesma função.

 

 

O presidente do Sindicato dos Bancários de Niterói e Regiões, Jorge Antonio, saudou a todos e ressaltou que o dia da mulher é todo dia.

 

“Como é bom ver essa mesa composta em sua maioria por mulheres. Dia da mulher é todo dia. Eu quero fazer uma saudação especial a toda direção do sindicato, todas as mulheres, todos os funcionários. Como é gratificante esse dia. Como é gratificante falar da mulher”, disse o presidente.

 

Jorge Antonio fez uma breve homenagem à advogada trabalhista Simone Torres por sua atuação no sindicato. Ele lembrou a covardia que o setor financeiro vem fazendo, fechando agências, demitindo inúmeros bancários, e ressaltou o orgulho que tem da categoria.

 

“Quem dera que outras categorias fossem organizadas como a dos bancários. Faço parte de CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) há 30 anos e quem negocia com os banqueiros são três mulheres, a Juvandia, presidenta da Contraf-CUT, a Ivone, do Sindicato de São Paulo e Adriana Federa-RJ), que aqui se encontra. Isso é bom demais. Como não ter orgulho dessa categoria, como não ter orgulho de ser bancário? Esse legado é que nós temos que deixar, resistência. As mulheres vão lutar, as mulheres negras vão ocupar nas agências bancárias, não só na área de limpeza, que não é demérito algum, mas ocupar no gerencial, na diretoria porque a mulher tem mais sensibilidade. A mulher é tão especial que foi ela que o Arquiteto do Universo escolheu para trazer o Salvador. A mulher não veio para apanhar, veio para ser compreendida e amada. Obrigado por vocês existirem”, ressaltou o presidente.

 

O presidente da OAB-Niterói, Pedro Gomes, saudou a mesa dizendo que “apesar do tema violência, hoje é dia de festa”. Pedro falou da importância de comemorar também o dia 24 de fevereiro, que foi uma grande vitória feminina com a conquista do voto, e falou do trabalho da OAB na cidade.

 

“Nossa instituição aqui de Niterói hoje é voltada para a cidadania e a gente vem fazendo um trabalho de grande relevância frente à Comissão de violência doméstica, com atendimento de 18 mulheres por semana, vítimas de violência doméstica. Uma das nossas preocupações é com a subnotificação, pois muitas mulheres, por medo, não procuram os canais de atendimento”, lamentou Pedro.

 

A vice-presidente da CUT-Rio, Duda Quiroga, lembrou que a violência doméstica é estrutural e precisa ser combatida sempre.

 

“Ainda que pareça uma utopia distante, precisamos estar sempre combatendo a violência doméstica, lutando para que ela acabe. Quantas de nós, muitas vezes, deixamos de trabalhar, perdemos nossos empregos, não temos compreensão dos nossos patrões e patroas porque sofremos violência. Então, é preciso falar desse assunto e combate-lo até que ele seja extinto. Isso só será possível com cada um e cada uma assumindo sua responsabilidade no enfrentamento da violência doméstica”, afirmou Duda.

 

 

A presidenta da Federa-RJ, Adriana Nalesso  falou sobre  a importância do papel social dos sindicatos.

 

“A gente não discute só salários, a gente discute condições de trabalho, a gente discute violência doméstica. A discussão de igualdades e oportunidades trouxe conquistas para nossa categoria. A categoria dos bancários foi a primeira a incluir a creche na sua coletiva de trabalho nacional, conseguimos incluir os homoafetivos nos planos de saúde, antes de qualquer coisa. Tenho muito orgulho de pertencer a essa categoria porque eu acho que é um papel social das entidades sindicais. O patriacardo permanece em nosso país, o machismo também. Sem dúvida alguma a categoria bancária acaba sendo exemplo para as demais entidades sindicais.

 

Adriana explicou que uma mulher, vítima de violência doméstica, certamente perde o emprego, pois ela falta porque apanhou. “Toda forma de violência deve ser combatida. É nosso papel. A mesa de igualdades e oportunidades vai desde o acolhimento até uma linha de crédito diferenciada para a mulher vítima de violência, que precisa reconstruir sua vida, sua história”, afirmou Adriana, que parabenizou o sindicato pela iniciativa de fazer o debate junto com a OAB para discutir a violência doméstica.

 

A coordenadora do Eixo de Enfrentamento à Violência da Codim (Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres), Ana Beatriz Quiroga agradeceu a oportunidade de integrar a mesa e ressaltou a importância do evento e do trabalho do sindicato.

 

“É muito importante que a gente tenha direções de sindicatos comprometidas com o direito das mulheres. Falar sobre direito das mulheres é falar sobre classe trabalhadora, já que nós somos mais da metade da população brasileira, somos chefes de família. A Codim tem 20 anos aqui em Niterói. É preciso ressaltar que precisamos aumentar a participação das mulheres em todos os setores. Precisamos votar em mulheres comprometidas com a pauta de mulheres”, afirmou Ana Beatriz.

 

O advogado criminalista Dr. Custódio de Carvalho aproveitou o debate para traçar um histórico da luta da mulher desde a Idade Média, falando da violência que ela sempre sofreu, sendo excluída da sociedade e impedida de exercer atividades.

 

A assessora jurídica da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-Cut), Dra. Phamela Godoy falou sobre os diversos tipos de violência doméstica e sobre a Lei Maria da Penha. Ela lembrou a importância da participação de todos no combate à violência doméstica.

 

 

 

“É muito importante que a gente entenda que a responsabilidade para acabar com a violência doméstica é de toda sociedade, porque isso não é um problema privado, e o Sindicato dos Bancários vem fazendo isso já há algum tempo. Em 2020, foi a primeira categoria do país a conseguir na convenção coletiva de trabalho um programa de combate à violência doméstica contra a mulher, que dá aos bancos um conjunto de medidas protetivas para a mulher e também traz para os sindicatos o Projeto Basta! Que oferece assessoria especializada para que as bancárias tenham todos os instrumentos necessários para romper o ciclo de violência doméstica”, afirmou.

 

A advogada trabalhista Simone Torres fez questão de parabenizar o evento.

 

“O tema é de grande importância, eu como advogada trabalhista, advogada do Sindicato dos Bancários, eu posso dizer que a luta das mulheres tem tido um avanço no combate a todo tipo de violência. Porém, ainda precisa melhorar bastante. A luta das mulheres não é mi-mi-mi. As mulheres buscam por equidade e igualdade de direitos. Quero agradecer a participação nessa iniciativa do sindicato que foi bastante enriquecedora”, ressaltou a advogada.

 

Participaram das mesas de debate o presidente do Sindicato dos Bancários de Niterói, Jorge Antonio, o presidente da OAB Niterói, Pedro Gomes, a presidente da Federa-RJ, Adriana Nalesso, a vice-presidente da CUT-Rio, Duda Quiroga, a assessora jurídica da Contraf-Cut, Dra. Phamela Godoy, a coordenadora do Eixo de Enfrentamento à Violência da Codim, Ana Beatriz Quiroga, e o advogado criminalista do Sindicato dos Bancários de Niterói, Dr. Custódio de Carvalho. Também esteve presente, Katia Lucimar Rocha Branco Lopes, vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.