Bancários de Niterói e região rejeitam por unanimidade proposta da Fenaban e mantêm greve

Bancários dão recado aos bancos de que não aceitam acordo rebaixado. Greve cresce no 19º dia, com 11.717 agências fechadas, aumento de 90,6% desde o primeiro dia

A proposta dos bancos de 7,1% de reajuste salarial foi rejeitada por unanimidade pelos bancários de Niterói e região que também aprovaram a continuidade da greve por tempo indeterminado. Os bancários se reuniram no início da noite desta segunda-feira (07) em assembleia convocada pelo sindicato para avaliar a proposição feita pela Fenaban na semana passada. A categoria considerou insuficientes os índices oferecidos pelos banqueiros.

Nesta terça-feira (08) completam 20 dias de greve nos 16 municípios que compõem a base de representação do Sindicato dos Bancários de Niterói. Ao todo, 231 agências bancárias estão fechadas. Nos últimos dias o Sindicato disponibilizou um contingente de funcionários para atendimento a aposentados e pensionistas que deve ser reduzido ao longo da semana já que o calendário de pagamento de benefícios se encerra nesta terça.

Durante a assembleia os bancários afirmaram que a mobilização deva ser maior no restante da semana.

O presidente do Sindicato, Fabiano Júnior, destacou o fechamento de 100% da base regional de Niterói.

“O fechamento de todas as unidades é uma demonstração de força, união e tradição da nossa categoria. Isso é extremamente gratificante e referência em nível de Brasil”, alegou.

Cláudio Vigilante, presidente do Sindicato dos Vigilantes de Niterói e região, também participou da assembleia e reafirmou o apoio da categoria aos bancários.

“Estamos visitando as agências e procurando dar total apoio à greve dos bancários. Ficamos tristes quando vemos os banqueiros tratando seus funcionários como “escravos” quando oferecem um índice de reajuste tão inferior ao reivindicado diante desses lucros cada vez maiores que os bancos alcançam. É um desrespeito”, protestou Cláudio Vigilante.

Com relação à proposta, o presidente do Sindicato dos Bancários, acredita que a categoria pode avançar mais e lembrou sobre as tentativas dos bancos em furar o movimento através de interditos proibitórios.

“Avaliamos que temos condições de avançar. Temos capacidade de conquistar mais. Todos os bancos tentaram interditos. Só conseguiram o Bradesco e Itaú na região de Itaboraí e Araruama. Mas, com o trabalho do nosso departamento jurídico já conseguimos derrubar com Mandado de Segurança o interdito do Bradesco nessas duas regiões e vamos amanhã tentar derrubar o do Itaú. Todas as demais tentativas nas outras regiões foram indeferidas pela Justiça que considerou nossa greve legítima”, revelou Fabiano Júnior.

Moção de Congratulação

O vereador de Niterói, Henrique Vieira (Psol), entregou ao presidente do Sindicato uma Moção de Congratulação aprovada por unanimidade dos vereadores.

“Esse é o nosso papel enquanto parlamentar. É mostrar que estamos ao lado do trabalhador. Essa moção é o reconhecimento dos vereadores às reivindicações da categoria e à luta do sindicato em busca por melhores condições de remuneração e trabalho para os bancários. Todos os vereadores aprovaram a moção e reconhecem a luta da categoria”, argumentou o vereador.

Proposta da Fenaban

A proposta dos bancos, de elevar de 6,1% para 7,1% (ganho real de 0,97%), foi apresentada na sexta-feira (4), depois de um mês de silêncio. No mesmo dia foi rejeitada pelo Comando Nacional, que enviou ofício à Fenaban reafirmando “a necessidade de os bancos apresentarem uma nova proposta que de fato atenda às reivindicações econômicas e sociais dos bancários”.

No 19º dia da paralisação, os bancários mantiveram fechadas 11.717 agências e centros administrativos de bancos privados e públicos em todos os 26 estados e no Distrito Federal – o que representa um crescimento do movimento de 90,6% em relação ao primeiro dia, quando 6.145 estabelecimentos financeiros foram parados.

Segundo o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito, o número de pessoas em busca de crédito diminuiu 9,8%, em setembro, comparado a agosto, em razão da greve dos bancários.

Na sexta-feira 4, a CNDL (confederação dos lojistas) havia estimado perda nas vendas de até 30% em regiões como a Nordeste, onde o uso do dinheiro no varejo é maior, por conta da paralisação da categoria.

A nova proposta dos bancos rejeitada pelos bancários

– Reajuste: 7,1% (0,97% de aumento real).

– Pisos: Reajuste de 7,5% (ganho real de 1,34%).

– Piso de portaria após 90 dias: R$ 1.138,38.

– Piso de escriturário após 90 dias: R$ 1.632,93.

– Piso de caixa após 90 dias: R$ 2.209,01 (que inclui R$ 391,13 de gratificação de caixa e R$ 184,95 de outras verbas).

– PLR regra básica: 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.694,00 (reajuste de 10%), limitado a R$ 9.011,76.

– PLR parcela adicional: 2% do lucro líquido distribuídos linearmente, limitado a R$ 3.388,00 (10% de reajuste).

– Auxílio-refeição: de R$ 21,46 para R$ 22,98 por dia.

– Cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 394,04.

– 13ª cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 394,04.

– Auxílio-creche/babá: de R$ 306,21 para R$ 327,95 (para filhos até 71 meses). E de R$ 261,95 para R$ 280,55 (para filhos até 83 meses)

– Adiantamento emergencial – Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo médico do trabalho em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS.

– Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho – Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa.

– Adoecimento de bancários – Constituição de grupo de trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos afastamentos.

– Inovações tecnológicas – Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial.

As principais reivindicações dos bancários

> Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação)

> PLR: três salários mais R$ 5.553,15.

> Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).

> Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

> Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.

> Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.

> Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.

> Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.

> Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.

> Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.

Imprensa Seeb-Nit


> Curta a amizade do Sindicato no Facebook.
> Acompanhe as notícias em tempo real no Twitter.
> Comunique-se com o Sindicato no Orkut.
> Assista a vídeos dos bancários no Youtube.
> Veja fotos sobre os bancários no Picasa.
> Receba as notícias sobre os bancários no celular.