Bancários criticam alta da Selic

 

Os trabalhadores do ramo financeiro consideram que a política de juros do Banco Central do Brasil não cumpre a função de reduzir a inflação e atrapalha o desenvolvimento do país, com consequências drásticas para a geração de emprego e renda. Na última quarta-feira (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano.

 

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, criticou a manutenção da taxa.

“É uma verdadeira extorsão! O Brasil tem a maior taxa de juros reais do mundo! E ela é estabelecida exclusivamente com base em análises feitas pelo mercado financeiro, que se beneficia da política de juros mantida pela atual gestão do Banco Central. É como se o dono da granja pedisse para que a raposa desse dicas para a segurança das galinhas e seus ovos”, ressaltou Juvandia.

O Copom toma por base as pesquisas semanais feitas pelo BC com analistas de mercado (boletim Focus).

 

“Dizem que o Banco Central é independente. Mas, que independência é esta que está atrelada às análises feitas por quem se favorece da política a ser realizada? O Banco Central está apostando contra o Brasil e o Congresso Nacional precisa tomar uma providência para tirar Campos Neto de seu comando”, disse.

 

Segundo os bancários, a inflação no Brasil não é gerada por demanda e, por isso, não tem sentido a escalada da taxa de juros no país. Em março de 2021, a taxa básica de Juros (Selic) estava em 2%. A partir de abril começou a subir e atingiu os 13,75% atuais. No mesmo período, a inflação subiu de 6,10%, chegou a 12,13% em abril de 2022 e as estimativas são de que feche 2023 em 6,05%.

Inadimplência

 

Outro argumento do BC para a manutenção da taxa básica de juros contestado pelos trabalhadores é o índice de inadimplência.

 

 “Hoje temos mais de 70 milhões de brasileiros adultos endividados. Em 2021, quando o Banco Central começou sua política de alta das taxas de juros, havia 63 milhões de endividados. Isso apenas comprova que aumentar os juros, além de não reduzir a atual inflação brasileira, contribui para o aumento do endividamento das famílias e o Banco Central utiliza esse aumento para justificar sua política”, observou a presidenta da Contraf-CUT, lembrando que muitas empresas também não estão suportando o aumento das taxas de juros e estão entrando em endividamento.

Se considerarmos os últimos quatro anos, veremos que o endividamento dos brasileiros subiu de 59% para 79% entre as famílias, sendo que 85% delas possui dívidas com as operadoras de cartão de crédito, que cobram juros de 400%.

*Com informações da Contraf-CUT