Bancário brasileiro: metade que o argentino

O salário de ingresso nos bancos no Brasil é equivalente a 735 dólares, mais baixo o que dos uruguaios (US$ 1.039) e quase metade do recebido pelos argentinos (US$ 1.432).

O piso dos bancários brasileiros é mais baixo que o praticado pelos bancos da Argentina e Uruguai, segundo pesquisa feita pela Subseção do Dieese da Contraf-CUT. O salário de ingresso nos bancos no Brasil é equivalente a US$ 735, mais baixo que o dos uruguaios (US$ 1.039) e quase metade do recebido pelos argentinos (US$ 1.432).

A comparação do valor por hora trabalhada também é bastante desfavorável para os bancários do país. O piso dos brasileiros é equivalente a 6,10 dólares por hora de trabalho, enquanto os argentinos ganham 9,80 dólares por hora, seguidos pelos uruguaios, que recebem 8 dólare por hora. Segundo o levantamento, cerca de 140 mil bancários recebem o piso no Brasil, o que significa aproximadamente 30% ou quase um terço da categoria.


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Pisos Salariais dos Bancários – Brasil, Argentina e Uruguai

– Brasil: US$ 735,29 (jornada de 30 ou 40 horas semanais) – US$ 6,10 por hora
– Argentina: US$ 1.432,21 (jornada de 36,5 horas semanais) – US$ 9,80 por hora
– Uruguai: US$ 1.039,00 (jornada de 32,5 ou 40 horas semanais) – US$ 8 por hora

Elaboração: Dieese – Rede Bancários (dados de agosto/2010)

“É uma situação absurda. Os bancos brasileiros são os maiores da América do Sul e estão em franca expansão, aumentando sua participação nos mercados do continente, comprando bancos nos países vizinhos, como é o caso do Itaú. Não é possível que paguem aqui um piso salarial menor do que na Argentina e Uruguai”, indigna-se Carlos Cordeiro, coordenador do Comando Nacional dos Bancários e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT_.

Uma prova desse processo de internacionalização foi a notícia veiculada nos jornais quinta-feira, 29 de setembro, de que o Itaú comprou a carteira de clientes do HSBC no Chile. São 5.500 novos clientes de alta renda para o banco brasileiro.

Cordeiro destaca que a valorização do piso é um passo na diminuição da concentração de renda no Brasil. “O Brasil está crescendo e já é a sétima economia mundial, mas ocupa a vergonhosa décima posição entre os países mais desiguais do planeta, sendo que o sistema financeiro nacional contribui ativamente para essa mazela. Um alto executivo de banco chega a ganhar até cerca de 400 vezes mais que um bancário que recebe o piso, o que é injustificável”, avalia.

Levantamento do Dieese feito com base no relatório de administração dos seis maiores bancos do país mostra que a remuneração dos executivos somou R$ 665 milhões apenas no primeiro semestre de 2011, um crescimento médio de 12% em relação a 2010. No Santander, o crescimento foi ainda maior, atingindo 45% no mesmo período.

Após cinco rodadas de negociação com o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, a proposta apresentada pela Fenaban não garante a valorização dos pisos, limitando-se a um índice de reajuste de 8% em todas as verbas – o que significa um ganho acima da inflação de apenas 0,56%. Pela proposta, o piso passaria dos atuais R$ 1.250 para R$1.350, muito abaixo da reivindicação da categoria, que é o salário mínimo do Dieese, calculado em R$ 2.297,51 em junho.

Pisos Salariais praticados no Brasil (2010)

– Bancos Privados (pós 90 dias): R$ 1.250,00
– Caixa Econômica (pós 90 dias): R$ 1.600,00
– Banco do Brasil: R$ 1.600,00

Elaboração: Dieese – Rede Bancários

“A valorização do piso é uma das principais reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários e, por isso, precisa ser contemplada pelos bancos na construção de uma proposta decente para resolver o impasse da greve da categoria”, conclui o dirigente sindical.

Fonte: Contraf-CUT, com Dieese