O leilão do prédio da sede do Banco do Brasil, conhecido como ‘Sedan’, foi suspenso após pressão do movimento sindical. O processo não apresentava a transparência necessária e poderia beneficiar o banco BTG Pactual. O leilão estava marcado para o próximo dia 20, mas seu edital foi retirado do site de lances para revisão. Segundo informações do movimento sindical, não há informações sobre cancelamento definitivo.
As informações sobre a venda do prédio surgiram em 2020, com alegação de que a medida fazia parte de um programa de modernização e corte de custos. Mas somente em 28 de novembro deste ano, após o resultado das eleições presidenciais, é que foi publicado o edital de leilão do edifício de 45 andares, um dos mais altos do Rio, por R$ 311 milhões.
Segundo o Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga, “existem suspeitas de irregularidades em todo esse processo como, por exemplo, constar no edital que a avaliação em valores do imóvel é zero”. Ele também ressalta que, durante processo para preparar o Sedan à venda, o BB alugou um imóvel no Condomínio Ventura Corporate, onde passariam a funcionar as dependências do Sedan e da BB Asset Manegement.
“Acontece que o BTG Pactual, empresa que foi fundada pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, é uma das proprietárias do Condomínio Ventura. Em outras palavras, o banco coloca à venda uma estrutura própria e em bom estado, para alugar por valores milionários o local de uma empresa que tem ligação direta com Guedes”, afirma.
O movimento sindical está atuando junto aos parlamentares e ao governo de transição para tentar impedir o leilão. Segundo Rita Mota, que integra a Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), estão sendo exigidas explicações sobre a falta de transparência e também o motivo do processo estar acontecendo de maneira apressada, além de explicações sobre o favorecimento do BTG Pactual na alocação do novo prédio.
Em 2020, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu explicações ao ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a venda da sede do Banco do Brasil e “posterior locação, supostamente antieconômica de outro espaço”, pertencente ao BTG Pactual. A parlamentar questionou os “critérios técnicos” utilizados para as duas manobras e cobrou explicações econômicas, chamando a atenção sobre a vinculação de Guedes com o BTG.
Em resposta, o ministro justificou que as medidas seriam para manter a ‘competitividade em condições de igualdade’ do BB com os demais agentes financeiros, mas sem trazer subsídios técnicos e econômicos.
O BB também respondeu, argumentando que tanto a venda do Sedan quanto a alocação no condomínio do BTG Pactual faziam parte do programa FlexyBB, para adoção de um “novo padrão” de gerenciamento, que inclui também a desocupação de 19 prédios, entre locados e próprios.
Para Fukunaga, “essa resposta da atual direção do BB foi bastante problemática, porque revela o desmonte de patrimônio público e não traz dados técnicos de que a manutenção de equipamentos próprios é mais cara ao banco do que o aluguel milionário de empreendimentos de terceiros sendo, curiosamente, um deles de empresa ligada a Guedes, que comanda o Ministério da Economia, ao qual o BB hoje está subordinado”.