A greve é dos vigilantes, mas fechamento de agências é responsabilidade das gerências

Sindicato dos Bancários apoia greve dos que correm risco de vida por R$ 864, mas, legalmente, não pode fechar agências, pois a greve é de outra categoria. Sindicalistas podem ser chamados para cobrar das administrações o fechamento de agências em desacordo com o plano de segurança aprovado pela PF. Seguradoras não cobrem valores nem vidas perdidos sem a segurança mínima da PF.

O Sindicato dos Bancários de Niterói e Região apoia a greve dos vigilantes, uma categoria que corre risco de vida no Estado do Rio por R$ 864 mensais, um dos piores salários do país, repetindo tragicamente a situação dos PM’s fluminenses. Além disso, os donos das empresas de vigilância não compareceram a duas mesas redondas de conciliação no Ministério do Trabalho, propõe reajuste zero e a retirada dos 8% de periculosidade recebido pela categoria no Estado, verba que o movimento sindical bancário pretende, por isonomia, estender aos bancários. Os vigilantes reivindicam ainda aumento do auxílio alimentação de R$ 8,85 para R$ 16,50. Por isso, nosso Sindicato cedeu gratuitamente sua futura sede para a realização da assembleia que deflagrou a greve dos vigilantes de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito e Maricá.

A greve dos vigilantes tem grande impacto sobre as agências bancárias, pois coloca em risco a integridade física e até a vida dos bancários, em casos de assaltos, facilitados pela falta dos vigilantes. Porém, legalmente, o Sindicato dos Bancários não pode fechar agências em uma greve de vigilantes. Como ocorreu na greve da PM, quando não havia segurança externa, a responsabilidade pela abertura de agências, sem a segurança interna, é de responsabilidade das gerências, que, devem avaliar a situação com seus funcionários, à luz do Plano de Segurança protocolado e aprovado na Polícia Federal.

Ao contrário do que muitos dizem, o Plano de Segurança da PF não especifica um número mínimo de vigilantes. Ele exige apenas, explicitamente, uma “cabina blindada com vigilante”. Porém, isso não quer dizer que basta um vigilante para que a agência possa funcionar. Cada agência tem um Plano de Segurança aprovado pela Polícia Federal, no qual o número mínimo de vigilantes varia de acordo com as características de cada unidade bancária. Por isso, é preciso verificar o número mínimo de vigilantes exigidos no Plano de Segurança de cada agência. A maioria delas trabalha com o número mínimo exigido. Então, em geral, se não houver o número de vigilantes de todos os dias, desconfie, pois, provavelmente, a agência estará em desacordo com o Plano de Segurança da PF.

Apesar de tudo isso, os sindicalistas podem ser chamados para cobrar das administrações o fechamento de agências em desacordo com o Plano de Segurança que insistam em abrir a unidade bancária, assumindo a responsabilidade pela facilitação de assaltos e colocando em risco a integridade física e até a vida de seus colegas, que podem, por escrito, exigir a garantia de sua integridade física e de sua vida aos gerentes que exigirem o trabalho em uma situação de ilegalidade e, principalmente, de risco de assalto, violência e morte. Em casos extremos, o bancário pode até solicitar, também por escrito, a dispensa do trabalho, diante da falta de vigilantes. Afinal, as seguradoras não cobrem valores ou vidas perdidos em meio a uma situação de descumprimento da legislação vigente.

“Como aconteceu na greve da PM, mais uma vez, o dilema está na mesa. O que vale mais, as metas ou as vidas?”, comentou Marcelo Quaresma, sindicalista do BB em Niterói e Região.

A GREVE DOS VIGILANTES EXIGE A RESPONSABILIDADE DOS BANCÁRIOS


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