Bancos cortaram mais de 5 mil empregos em 2014

No Rio, 984 bancários(as) foram demitidos. Mesmo com lucros crescendo, o sistema financeiro nacional continua demitindo. Rotatividade também apresentou dados alarmantes

O ano de 2014 novamente foi marcado por milhares de demissões no sistema financeiro nacional. Foram 5.004 postos de trabalho fechados. A rotatividade no emprego também cresceu. Essa é uma medida encontrada pelos bancos para achatar os salários. Esses dados são da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada, nesta segunda-feira 26, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Apenas no Estado do Rio foram 984 demissões.

Os maiores cortes ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 1.847, 984, 857 e 587 cortes, respectivamente. O estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 290 novas vagas.

“Essa política demissional dos bancos revela a perversidade dos banqueiros no Brasil. O setor é um dos mais rentáveis e que conquista lucros extraordinários revelando a verdadeira face do sistema que é demitir por demitir e a busca do lucro a qualquer custo. Milhares de bancários perdem seus empregos sem nenhuma justificativa. Na base do nosso sindicato tivemos demissões em larga escala em bancos como HSBC, Santander e Itaú. Isso fez com que fossemos para porta de agências para protestar e até paralisar o funcionamento de algumas. Não há justificativa para as demissões”, revela Heber Mathias, secretário de Imprensa do Seeb-Nit.

O alto índice de demissões no setor bancário precariza ainda mais o trabalho, aumenta a pressão e o assédio das gerências em cima dos bancários. A não reposição dos postos de trabalho resulta num atendimento mais conturbado e nas enormes filas na maioria dos bancos.

O desemprego no setor seria ainda mais acentuado não fosse a atuação da Caixa Econômica Federal, a única grande instituição financeira a criar vagas (2.600). Os bancos agem assim na contramão da economia brasileira, que gerou 396.993 novos em 2014.

Rotatividade achata salários

De acordo com o levantamento Contraf-CUT/Dieese, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta no período. Os bancos brasileiros contrataram 32.952 funcionários e desligaram 37.956.

A pesquisa mostra também que o salário médio dos admitidos pelos bancos no ano passado foi de R$ 3.374,99 contra o salário médio de R$ 5.338,12 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 37% menor que a remuneração dos que saíram.

Desigualdade entre homens e mulheres

A pesquisa mostra também que as mulheres, ainda que representem metade da categoria e sejam mais escolarizadas, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração, ganhando menos do que os homens quando são contratadas. Essa desigualdade segue ao longo da carreira, pois a remuneração das mulheres é bem inferior à dos homens no momento em que são desligadas dos seus postos de trabalho.

Enquanto a média dos salários dos homens na admissão foi de R$ 3.805,74 em 2014, a remuneração das mulheres ficou em R$ 2.921,66, valor 23,2% inferior à remuneração de contratação dos homens.

Já a média dos salários dos homens no desligamento foi de R$ 6.017,45 no período, enquanto a remuneração das mulheres foi de R$ 4.4522,87. Isso significa que o salário médio das mulheres no desligamento é 26% menor que a remuneração dos homens.

Imprensa Seeb-Nit com informações do Dieese