Contraf-CUT está sugerindo ao Ministério da Fazenda, ao Banco Central, à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e aos órgãos de defesa do consumidor a realização de um fórum nacional em que os bancos possam apresentar seus dados e esclarecer as dúvidas da sociedade.
Embora tenha aumentado nos últimos anos, a oferta de crédito no Brasil, vital para o desenvolvimento econômico e social, é ainda muito pequena comparada com os padrões internacionais. A principal razão disso são as taxas de juros e o spread cobrados pelos bancos que operam no país, que continuam os mais elevados do mundo.
As reduções anunciadas nos últimos dias pelo sistema financeiro não são transparentes, gerando grande confusão para os clientes e até para os profissionais do setor. Em razão disso, a Contraf-CUT está sugerindo ao Ministério da Fazenda, ao Banco Central, à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e aos órgãos de defesa do consumidor a realização de um fórum nacional em que os bancos possam apresentar seus dados e esclarecer as dúvidas da sociedade.
“Os clientes estão reclamando que os bancos estão sonegando informações, que muitas medidas de barateamento de empréstimos anunciadas são excessivamente restritivas e que a falta de critérios claros não permitem fazer comparações entre os preços das diferentes instituições financeiras”, critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
“Essa ausência de transparência reforça a sensação de que as medidas para reduzir os juros são apenas perfumaria e propaganda enganosa para ludibriar os clientes. Tanto as autoridades monetárias como os bancos têm a obrigação de prestar esclarecimentos à sociedade e dar transparência às suas ações. E nada melhor do que reunir todos num mesmo fórum para apresentar seus dados”, diz Cordeiro.
O crédito no Brasil, segundo o Banco Central, cresceu de 24% do Produto Interno Bruto (PIB) em janeiro de 2004 para 48,8% em janeiro de 2012, acompanhando a evolução da demanda interna.
Estudo elaborado pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) mostra que essa expansão foi “impulsionada principalmente pelo dinamismo do mercado de trabalho” e pela injeção de recursos direcionados a programas do governo federal, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.
Estudo comparativo do Dieese com base em dados do Banco Mundial, que usa metodologia diferente do Bacen, mostra no entanto que a oferta de crédito no Brasil ainda é muito baixa em relação aos padrões internacionais. O Chile, por exemplo, em 2010 tinha o equivalente a 86,3% do PIB em operações de crédito, a África do Sul 145,5% e os Estados Unidos 202,2%.
Para o Dieese, a sustentação do crescimento econômico do Brasil passa necessariamente pela expansão do crédito ao consumo e à produção. O estudo aponta, porém, que os juros e os spreads (a diferença entre a taxa de captação e de empréstimo dos bancos) mais caros do mundo praticados pelos bancos no país são a principal barreira para a ampliação do crédito.
Spread e falta de competição
Segundo o estudo do Dieese, o alto custo do crédito no Brasil deve-se hoje principalmente à ausência de competição e à oligopolização do sistema financeiro nacional, em que os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) concentram mais de 80% dos ativos totais e das operações de crédito.
“Quando o sistema financeiro nacional foi aberto aos bancos estrangeiros, na década de 90, o argumento era que isso contribuiria para melhorar a competitividade do setor, barateando os custos para os clientes. Isso não aconteceu. Ao contrário, os bancos estrangeiros cobram aqui spreads, juros e tarifas muito mais altos que em seus países de origem”, critica Carlos Cordeiro, da Contraf-CUT.
O spread bancário no Brasil, segundo o Banco Central, é composto por custo administrativo (12,6%), inadimplência (28,7%), compulsório (4,1%), impostos diretos (21,9%) e margem de lucro (32,7%)
Fonte: Contraf-CUT