Itaú, Santander, HSBC: encontro internacional

A 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais do Itaú, Santander, HSBC e BBVA definiu das atividades que serão desenvolvidas no primeiro semestre de 2012 em cada um dos quatro bancos.

A 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais do Itaú, Santander, HSBC e BBVA definiu das atividades que serão desenvolvidas no primeiro semestre de 2012 em cada um dos quatro bancos internacionais. O evento, no Chile, terminou quarta-feira, 7 de dezembro, e foi promovido pela UNI Américas Finanças e Comitê de Finanças da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS).

Participaram 94 dirigentes sindicais de 10 países: Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Peru, México, Costa Rica e Espanha. A organização foi da Confederación de Sindicatos Bancarios y Afines (CSTEBA), do Chile.


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“As reuniões das redes sindicais foram produtivas, avaliando a atuação de cada banco na América Latina e no mundo, ampliando e reforçando a luta por negociações para a assinatura de um acordo marco global, na perspectiva de garantir direitos básicos aos trabalhadores em todo planeta”, avalia Ricardo Jacques, secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comitê de Finanças da CCSCS.

Este ano, os sindicalistas também participaram na terça-feira, dia 6, de um seminário sobre o sistema financeiro internacional e aprovaram por aclamação uma declaração conjunta que foca a crise econômica e defende uma nova regulamentação dos bancos, com maior fiscalização dos governos, proteção aos empregos e participação ativa da sociedade.

Veja os principais temas discutidos pelas redes sindicais do Itaú, Santander e HSBC:

Itaú

Os dirigentes sindicais do Itaú avaliaram a situação atual do Itaú, que é campeão de lucros entre os bancos brasileiros, mas continua desrespeitando os trabalhadores, sobretudo com demissões e fechamento de postos de trabalho no Brasil.

Eles apontaram pontos comuns, visando negociar com o banco para firmar um acordo marco global com o banco, destacando-se

– combater as demissões, bem como as metas abusivas, preservando a qualidade de vida e saúde de dos trabalhadores.
– definir uma política de contratações de funcionários que garante igualdade de oportunidades e assegura a inclusão de minorias, como as pessoas com deficiência física, os afrodescendentes e os indígenas;
– combater o assédio moral, a discriminação por gênero, a perseguição aos funcionários sindicalizados;
– lutar contra o trabalho precário e melhorar as condições de saúde e trabalho;
– combater as diferenças de remuneração já na admissão (salários, bônus, etc) que existem nos cargos diretivos e no conjunto dos funcionários, e participar nas discussões sobre participação nos lucros em todos os países;
– cobrar avaliações de desempenho que sejam justas, com participação e controle dos sindicatos, de forma a evitar discriminação no pagamento de prêmios e nas promoções internas.

Para tanto, foi aprovado o envio de carta à direção do Itaú, propondo a realização de negociações para o acordo marco global.

Santander

Os dirigentes sindicais fizeram um balanço das atividades deste ano, como os protestos na final da Copa Santander Libertadores e a Jornada Continental de Lutas. Eles destacaram a importância da América Latina, que participa com 45% do lucro mundial do banco espanhol. Os brasileiros ressaltaram que 25% são gerados no Brasil, mas o banco demite e cortou 1.636 vagas até setembro deste ano.

Os sindicalistas também ressaltaram a primeira reunião com o banco, ocorrida no dia 26 de outubro, na Cidade Financeira do Santander, na Espanha, onde foi entregue um documento, reforçando a proposta das entidades sindicais no Comitê de Empresa Europeu pela formação de uma coordenadora mundial e pela abertura negociações com a UNI Finanças para firmar um acordo marco global.

A decisão do banco de negociar importantes ativos na América Latina para capitalizar a matriz na Espanha foi vista com enorme preocupação pelos representantes dos trabalhadores. Na quarta-feira, o banco divulgou a venda de 95% do Santander Colômbia, após ter anunciado a venda de ações no Brasil e no Chile.

Após debates, foram definidas as atividades para o primeiro semestre de 2012, destacando-se:

– continuidade da utilização da mídia unificada da campanha “Santander, respeite os trabalhadores de cada país”, aprovada em dezembro de 2010;
– efetuar atividades durante a realização da Copa Santander Libertadores da América de 2012, a exemplo da final entre Santos e Peñarol, no Estádio do Pacaembu, em 2011;
– enviar uma carta-resposta a Juan Gorostidi, diretor de Relações Laborais do Santander na Espanha, contestando a negativa do banco em relação as propostas apresentadas visando a formação de coordenadora mundial, a extensão da declaração sobre ventas responsáveis e metas realistas, firmada em outubro de 2011 com a direção do banco no âmbito do Comitê de Empresa Europeu, para a América Latina, assim como a negociação para um acordo marco global.
– em março de 2012, caso não haja resposta satisfatória e se for necessário, as entidades sindicais encaminharão essas propostas para José Luis Gómez Alciturri, diretor de Recursos Humanos de Grupo Santander.
– não havendo uma resposta satisfatória para as demandas apresentadas, representantes dos trabalhadores participarão da próxima Assembleia Mundial de Acionistas do Santander, na Espanha.

HSBC

Os dirigentes sindicais analisaram a realidade do HSBC, que recentemente emitiu uma nota informando a redução em seu quadro em 35 mil funcionários no mundo. Diante disso, o movimento sindical tem observado um reposicionamento do banco inglês na América Latina.

Outra constatação importante é de que o Itaú tem sido o parceiro do HSBC, adquirindo os ativos do banco no Chile e no Paraguai. O fechamento da sede para a América Latina, no México, e a sua transferência para São Paulo, onde está sediado o Itaú, denota os acordos existentes.

O HSBC completará 15 anos no Brasil e, durante todo esse período, o banco alternou o seu foco no mercado diversas vezes: varejo, corporate, premier e global class.

A política de não valorização do seu quadro funcional, más condições de trabalho, pressão para o atingimento de metas desumanas, é padrão em quase todos os países latino-americanos.

Em Curitiba, o alto escalão do banco está sendo dispensado. De janeiro a novembro deste ano, já foram 600 desligamentos, e destes a metade foram pedidos de demissão. Os bancários do HSBC não aguentam mais trabalhar com toda essa pressão e falta de valorização.

No HSBC do Chile havia 300 bancários. Hoje restam apenas 15, em três agências. Todas as carteiras de varejo foram vendidas ao Itaú. E os bancários que ficaram estão apreensivos com o futuro.

No Paraguai, os rumores de venda ao Itaú estão muito fortes. A apreensão é grande. Na Colômbia, o banco possui atualmente 500 trabalhadores (400 já foram despedidos – eram 900). Também há rumores de venda. O mercado imagina que seja para um banco colombiano, pois o Itaú não está presente na Colômbia (ainda). No Peru são 700 trabalhadores e o HSBC está despedindo 230.

Já na Argentina o cenário é diferente. O banco está se expandindo e abriu este ano mais de 30 agências, todas em pequenas e médias cidades. São 4.500 bancários. A previsão é de abertura de mais 30 agências em 2012. Não há rumores de venda, ao contrário. O HSBC tem mais ou menos 500 agências, e está muito forte no país. O salário inicial é de 1.300 dólares. Após seis meses de trabalho há estabilidade para todos. A carreira avança e há possibilidades de crescimento “se o funcionário estiver preparado”. O HSBC entrou em 1999 na Argentina.

No Uruguai, o mercado considera que a venda ao Itaú está praticamente fechada. Atualmente, o banco tem 12 agências e 291 funcionários. Instalou-se em 1999. O salário inicial é de 1.083 dólares. O sentimento também é de apreensão

Frente a esse cenário instável e considerando que o resultado do banco nas Américas e na Ásia tem apresentado quedas, sem mencionar as dificuldades com a crise na Europa, é imperioso aos empregados se apropriarem da real situação do HSBC. E o movimento sindical ficou de organizar um plano de ação em cada país para defender os empregos e os direitos dos trabalhadores.

Fonte: Contraf-CUT
Foto: CSTEBA