Carta do Comando Nacional dos Bancários ao presidente Lula foi fundamental para que a Caixa recuasse no Dissídio e fizesse uma nova proposta. Funcionários da CEF aceitaram a nova proposta, principalmente, o abono dos dias parados e oferecer uma PLR quase linear, o que favorece a maioria do funcionalismo (técnicos bancários e caixas). Movimento sindical sempre defendeu a PLR linear porque entende que o lucro é construído por todos [charge] e que a diferença de cargos, no dia-a-dia, é remunerada mensalmente. Clique em “veja mais” e leia, na íntegra, a carta ao presidente.
Carta do Comando Nacional dos Bancários ao presidente Lula foi fundamental para que a Caixa recuasse no Dissídio e fizesse uma nova proposta. Funcionários da CEF aceitaram a nova proposta, principalmente, o abono dos dias parados e oferecer uma PLR quase linear, o que favorece a maioria do funcionalismo (técnicos bancários e caixas). Movimento sindical sempre defendeu a PLR linear porque entende que o lucro é construído por todos [charge] e que a diferença de cargos, no dia-a-dia, é remunerada mensalmente.
Até o fechamento desta edição, haviam aceitado a nova proposta os seguintes sindicatos: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Espírito Santo, Porto Alegre, Curitiba, Ceará, Florianópolis, Pernambuco, Acre, Alagoas, Campo Grande, Mato Grosso, Piauí, Rondônia, Roraima, Pará e Amapá.Belo Horizonte, Bahia, Maranhão e Sergipe rejeitaram a proposta.
Eis a íntegra da carta do Comando dos Bancários ao presidente Lula, enviada na segunda-feira, dia 8:
“Presidente, todas as bancárias e todos os bancários conhecem sua biografia e seu passado como sindicalista. Tanto os que votaram quanto os que não votaram sabem que o senhor tem no diálogo uma de suas principais características.
Pois, neste momento, o governo do qual o senhor é presidente está cometendo uma afronta aos trabalhadores e rompendo de maneira unilateral as negociações da campanha nacional dos bancários. A direção da Caixa Econômica Federal, nomeada pelo senhor, com a anuência de seus ministros e órgãos de controle das estatais, adotou uma postura ditatorial e antitrabalhadores.
Cumprindo ameaça feita na semana passada, após apenas três rodadas de negociação e sem apresentar nenhuma proposta, ajuizou nesta segunda-feira dissídio no Tribunal Superior do Trabalho, TST. Mecanismo que foi criado pela ditadura para passar por cima do direito constitucional dos trabalhadores de fazer greve.
Presidente, o senhor deve se lembrar que, em junho de 1995, enviou a Fernando Henrique Cardoso, carta em que afirmava: “o prosseguimento da greve, que todos afirmam querer concluir, se deve à intransigência do governo, que deveria ter capacidade negociadora”. A greve então era a dos petroleiros, que acabou julgada pelo Tribunal Superior do Trabalho, com pesadas multas para os sindicatos, dentro do espírito dos tucanos de “quebrar a espinha dorsal dos sindicatos”.
Agora, seu governo adota a mesma postura. Aciona o Tribunal para “resolver” o conflito entre capital e trabalho na Justiça. Passando por cima das partes e usando o poder normativo dessa Justiça, o que é um absurdo. Não é nem a questão do resultado dos julgamentos, mas sim de concepção. O novo sindicalismo ligado à CUT, cujo senhor é seu maior expoente, desde que surgiu no final da década de 1970 luta para que trabalhadores tenham seus direitos respeitados, inclusive o de greve, e façam suas atividades e negociem até à exaustão com liberdade.
Temos clara a divisão entre governo, partidos e sindicatos. O governo tem de fazer a parte dele e administrar as empresas estatais para que tenham o melhor resultado possível para a sociedade. Divergimos da concepção de que esse resultado seja exclusivamente bater recordes de lucratividade, como os bancos privados. Acreditamos num papel social que as empresas públicas devam ter, financiando o desenvolvimento e a justiça social.
Presidente, um alerta. A postura de seu governo está passando por cima do que o senhor sempre defendeu. A sociedade deu um recado claro na última eleição de que não aprova as políticas liberais, de desmonte do Estado e de ataque aos trabalhadores. Sua campanha destacou, inclusive, que os adversários queriam desmontar os bancos públicos para privatizá-los.
Neste momento, a postura de seu governo em pouco difere da desses adversários que sempre quiseram derrotar os trabalhadores para imporem a hegemonia do capital, que tornou este país um dos mais injustos do mundo. Não permita que manchem sua biografia usando um instrumento da ditadura para “resolver” conflito trabalhista. Acreditamos numa sociedade democrática em que se busca o diálogo. Quando não é possível, o conflito tem de ser resolvido entre as partes, como o senhor mesmo sempre pregou.”