– Bancários e usuários têm mais o que temer nas agências, após os assassinatos de dois clientes, um em São Gonçalo e outro no Rio.
– Mortes expõem o desrespeito dos banqueiros à população e à categoria.
Há muito tempo, os bancários e a população temem pela sua permanência nas agências, uma vez que os assaltos são constantes e, com eles, o risco de vida.
Desde 1983, o Brasil apresenta um quadro recessivo e, no século XXI, um pequeno crescimento, o que aumentou a miséria e a criminalidade, logo, os assaltos a bancos, muitos com vítimas, nas últimas décadas.
A solução do problema, portanto, passa por questões estruturais do País e até da conjuntura internacional.
Porém, recentemente, o desrespeito à população nos bancos – poucos funcionários, muitas filas, serviços precarizados – assumiu contornos de tragédia com o assassinato de uma cliente por outra, em São Gonçalo, e de um cliente por um vigilante, no Rio de Janeiro.
Ambos os casos ocorreram no Itaú, mas poderiam ter acontecido em qualquer outro banco ou em qualquer agência.
Nesse caso, o problema passa, exclusivamente, pela responsabilidade dos banqueiros.
A classe mais lucrativa do Brasil se recusa a investir no conforto e na satisfação dos clientes e funcionários que lhes dão os lucros, e não contratam mais pessoal ou promovem maior qualificação, para atender com mais presteza e qualidade.
O resultado, que, até essas duas mortes, eram o estresse e o bate-boca, tomou proporções de tragédia.
Sem querer ser o profeta do caos, o Sindicato alerta que, se providências urgentes e significativas não forem tomadas, casos semelhantes se repetirão.
A população não agüenta mais o sacrifício de ir ao banco, de vez em quando, e os funcionários não agüentam mais o sacrifício de estarem no banco todo dia.
Todos estão à beira de um ataque de nervos que, agora, passou a provocar vítimas fatais.
Moral: o pior cego é o banqueiro, que não quer ver.