Terminou em impasse mais uma vez a audiência de conciliação realizada dia 13 no Tribunal Superior do Trabalho (TST) com representantes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Sem acordo, a greve deve ir a julgamento na semana que vem, provavelmente na próxima sessão do TST, que deve ocorrer na quinta-feira, dia 21. A Executiva Nacional dos Bancários, no entanto, ainda tenta uma saída negociada da greve.
O presidente do TST, ministro Vantuil Abdala, propôs para os dois principais bancos públicos a manutenção do reajuste de 8,5%, mais R$ 30 para quem ganha até R$ 1.500, com o adicional de um abono de R$ 1.000 e o pagamento dos dias parados. “Foi a proposta que sonhei esta noite”, disse o presidente do TST à imprensa.
O Banco do Brasil, no entanto, manteve a proposta inicial e negou o abono. Apenas acenou que pode negociar o pagamento dos dias parados. “Estamos num impasse. A Contec ajuizou o pedido de dissídio, mas não tem poder de representação junto aos bancários. Ainda assim, o BB continua irredutível e nem a proposta rebaixada da Contec o banco aceitou”, disse Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e responsável pelas negociações.
Já a Caixa, além de não aceitar nenhum benefício adicional, ainda afirmou que vai pedir a abusividade da greve.
Marcel reclamou da Confederação oficial, que mesmo sem qualquer representatividade rebaixou a proposta dos bancários para 9,5% de reajuste e mais um abono de R$ 1.000. “Quem tem autonomia para refazer a proposta é a CNB, que representa mais de 90% dos bancários e faz assembléias diárias com milhares de trabalhadores para avaliar a Campanha. A Contec não tem representatividade para isto”, destacou.
Já Plínio Pavão, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, disse que a forma de agir da Contec é velha conhecida do movimento sindical cutista. “Nós não esperávamos outra coisa, pois ela sempre quis ser a porta-voz dos bancários, mesmo não representando nem 10% da categoria. O que nos causou estranheza mesmo foram setores, que se dizem combativos, se alinharam hoje com a Confederação oficial para pedir o julgamento de dissídio”, comentou.
Segundo Marcel, o Sindicato dos Bancários de Bauru, por exemplo, pediu para assinar o pedido de ajuizamento de dissídio juntamente com a Contec. “Não dá para conceber que setores do movimento sindical se aliem à velha e retrógrada Confederação criada pelo governo Vargas para esvaziar os sindicatos”, lamentou.
O dissídio, agora, será julgado até quinta-feira em sessão ordinária do TST. O relator do caso será o ministro Antonio Barros Levenhagen. “Infelizmente a nossa Campanha Salarial está caminhando para o dissídio, o que não será nada fácil para os trabalhadores. Os bancários do Banco do Brasil ainda sentem as conseqüências do julgamento do dissídio de 1997, que permitiu à direção do banco reduzir o interstício entre as referências, de 12% para 3%, e do dissídio de 1999, que permitiu ao banco retirar o anuênio. Mas vamos continuar a nossa luta na tentativa de reabrir as negociações e evitar assim a intervenção da Justiça”, finalizou Marcel.
Os bancários da Caixa também sofreram com o dissídio na greve de 1991, quando Justiça não concedeu nenhum das reivindicações e determinou a suspensão do movimento. Como a greve era muito forte, o movimento continuou e a direção da Caixa demitiu 110 empregados, cuja reintegração só se deu após um ano após muita luta.
Fonte: Fábio Jammal Makhoul – CNB/CUT