A escalada antidemocrática e antissindical da Direção do Banco do Brasil, iniciada antes da greve deste ano, através de boletins pessoais de diretores do BB que ameaçavam o fim da trava de descomissionamento e desconto dos dias parados – ameaças que não se concretizaram -, foi ampliada após a Campanha Salarial, em uma espécie de revanchismo contra os grevistas, aparentemente, por conta do tiro da estratégia autoritária ter saído pela culatra.
No ano em que a Direção do Banco mais pressionou pela não adesão à greve, desde o início do Governo Lula, em 2003, o que, com o aval de Brasília, se refletiu nas agências, o resultado do autoritarismo foi o contrário do que esperavam os adeptos do antissindicalismo.
O número de funcionários que aderiu à greve, que vinha caindo desde 2005, voltou a crescer em 2012 e, depois da greve, a não compensação das horas não trabalhadas continuou com a tendência crescente desde 2004, quando pela primeira vez a compensação foi adotada por determinação do TST (Tribunal Superior do Trabalho), no julgamento do Dissídio da greve daquele ano, que chegou a durar 42 dias em alguns sindicatos. Desde então, os acordos repetem essa fórmula NÃO obrigatória.
Antes de 2004, os dias de greve eram abonados ou descontados, dependendo dos dissídios ou acordos no final das paralisações. Na maioria das greves, inclusive no Militarismo, houve abono. Mas houve também descontos. Alguns, em função de greves longas, foram parcelados em 10 e até 12 vezes.
Agora, a Direção do Banco do Brasil volta à carga antidemocrática e antissindical, lembrando a Ditadura Militar, Collor e FHC, apesar de inúmeros cargos da Direção Geral, estaduais, regionais e gerências serem hoje ocupados por ex-sindicalistas e ex-ativistas sindicais, ou seja, por ex-grevistas.
A Direção do BB passou a entender a Convenção Coletiva, o Acordo específico e a IN 361 de forma diferente dos últimos anos. E ainda impôs um Comunicado no qual insinua que a Direção do BB e os sindicatos são “partes” que concordam com a compensação integral da greve, o que não é verdade.
Nesse contexto, a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco, para denunciar práticas antissindicais e tentar unificar o entendimento desses três documentos, no dia 14, se reuniu com a Secretaria Geral da Presidência da República e solicitou audiência ao Ministério Público do Trabalho, que foi adiada de ontem, segunda-feira, dia 26, para o dia 3/12, além de orientar um DIA NACIONAL DE LUTA nesta QUARTA-FEIRA, dia 28, quando, nas agências de Niterói e Região, a orientação é de que todos trabalhem com roupas pretas, de LUTO, contra as práticas antidemocráticas no Banco do Brasil.
Gerentes, chefias e não grevistas também devem aderir ao Dia de Luto, não só para demonstrarem a mesma solidariedade que solicitam aos grevistas para a compensação da greve, mas também porque todos estão no mesmo barco. Afinal, a Direção do Banco do Brasil não está pressionando apenas grevistas. Está pressionando estaduais, regionais, gerências e chefias para aumentarem o índice de compensação da greve, o que prejudica o clima de trabalho nas agências.
Assim, depois do dia 15 de dezembro, todos podem ser interpelados pela Direção do BB. Não só os que fizeram greve e compensaram pouco ou não compensaram, mas também os que não fizeram greve e não conseguiram cumprir a “meta” de compensação que lhes foi imposta antidemocraticamente.
Então, já que estão todos no mesmo barco, todos de luto, nesta quarta-feira, dia 28!
Por Marcelo Quaresma