O noticiário mal-humorado de Marcelo Quaresma

@ 17 de janeiro – 22º dia do massacre de Israel à Faixa de Gaza:
– Os perigosos, violentos, extremistas e radicais terroristas do Hamas, com seus foguetes iranianos, mataram nove israelenses.
– As incursões defensivas de resposta do governo de Israel, com seus mísseis norte-americanos, mataram 1.157 palestinos.

@ O Tira-Gosto adverte: os israelenses mortos no conflito, na verdade, são 13. Porém, quatro deles foram mortos pelos próprios militares israelenses, no chamado “fogo amigo”. 

@ Fala-se muito no preconceito contra os judeus. E o preconceito contra os palestinos que, diante da indiferença da opinião pública mundial, são mortos como gado?

@ Música da semana: “Ê, ô, ô, vida de gado!… Povo massacrado, ê!… Povo infeliz!” (baseado em “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho).

@ Outra música da semana: “A carne mais barata do mercado é a carne palestina!… Que vai de graça pro presídio e pra dentro do plástico. Que vai de graça pro cemitério e pros hospitais psiquiátricos” (baseado em “A Carne”, de Seu Jorge, Marcelo Yuca e Ulisses Cappelletti)

@ A Faixa de Gaza tem um milhão e meio de habitantes, o equivalente a uma cidade como São Gonçalo, e, diz o governo israelense, que tem 15 mil militantes do Hamas, ou seja, 1% da população palestina da região. Assim, na média, quando se lança um míssil contra 100 palestinos, se acerta um terrorista. Os outros 99 palestinos mortos são o “efeito colateral” do combate ao terrorismo internacional.

@ O governo de Israel está descontando nos palestinos o que Hitler fez com o povo judeu ou não é só o povo brasileiro que tem memória curta?

@ Acabar com a infraestrutura bélica do Hamas é acabar com a água, a comida, a energia elétrica, os remédios e as estradas dos palestinos?

@ O discurso do governo de Israel de atirar mísseis para acabar com os túneis do Hamas, não lembra as cavernas de Bin Laden, em 2001, e Saddam Hussein encontrado em um buraco, em 2003?

@ O discurso de não negociar com o Hamas porque é um grupo terrorista é uma meia-verdade. Hoje, o Hamas também é um partido político que, em 2006, venceu as eleições legislativas na Autoridade Nacional Palestina e que, por isso, democraticamente, tem a maioria do Parlamento da ANP?

@ O governo de Israel não quer os terroristas do Hamas no governo da ANP, mas a vontade da maioria do povo palestino, expressa na urna, em 2006, é que o Hamas governe a Faixa de Gaza… É Democracia não gostar do resultado de uma eleição e, por conta disso, bombardear todo um povo?

@ “A perda de vidas civis é uma grande preocupação para mim” (Barack Obama). Para o preocupado presidente dos Estados Unidos, não sendo civil, pode matar à vontade.

@ Pensamento da coluna mal-humorada: o Tira-Gosto critica o governo de Israel, não o povo israelense ou os judeus espalhados pelo mundo, muitos dos quais se incorporaram às manifestações contra o massacre à Faixa de Gaza. Confundir o governo com o povo seria como, ao criticar Hitler e seus asseclas, criticarmos todos os alemães. Lembrem-se que governo é uma coisa e povo é outra coisa.