Deputado, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é aquele que recebe uma delegação de poderes, uma deputação, um mandato, para cuidar dos interesses dos indivíduos que o elegeram.
Apesar disso, pretendendo resguardar o deputado de possíveis pressões por determinado voto, o Regimento Interno da Câmara permite que, em alguns casos, haja a votação secreta dos representantes do povo.
Se alguém é vulnerável a pressões por este ou aquele voto ou se quer ludibriar a opinião pública não votando em aberto, nominalmente, esse alguém não deveria ser deputado, por ter coragem de menos ou dissimulação de mais.
A polêmica sobre o voto secreto em plenário, que se arrasta há décadas, voltou à ordem do dia com a absolvição dos deputados Roberto Brant (PFL-MG), da oposição – na foto ao lado -, e do governista Professor Luizinho (PT-SP), no último dia 8, às quais se somaram à impunidade de seus colegas Romeu Queiroz (PTB-MG) e Sandro Mabel (GO), todos réus confessos da utilização comprovada de recursos do Valerioduto e, exceto o último, com parecer favorável às cassações do Conselho de Ética da Câmara.
Os quatro deputados que, em 2005, renunciaram para evitar uma possível cassação, Valdemar Costa Neto (PL-SP), Bispo Rodrigues (PL-RJ), Paulo Rocha (PT-PA) e José Borba (PMDB-PR), devem estar arrependidos a essa hora, pois, afinal, somente os dois primeiros indiciados, Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP), foram cassados pelos colegas parlamentares.
Não faltam projetos engavetados que reivindicam o fim da votação secreta dos parlamentares. Mas, se os deputados, corporativistas, unidos na defesa da impunidade à utilização comprovada do caixas dois nas campanhas, não são capazes de votar a cassação de seus semelhantes, ainda que secretamente, será que votarão pela extinção do voto secreto em plenário?
O cidadão que viver, verá ou muitos cidadãos morrerão querendo ver como os representantes do povo votam? (MQ)