O primeiro selo Brasil Território Livre da Homofobia, que pretende divulgar o serviço Disque 100 de denúncias de violência homofóbica, foi lançado e colado na tarde do último sábado (19) na Avenida Paulista, em São Paulo. O selo foi lançado na Casa das Rosas pela ministra da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, com a participação da senadora Marta Suplicy (PT-SP) e do secretário de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, José Gregory. A Contraf-CUT participou do evento, representada por sua secretária de Políticas Sociais, Deise Recoaro.
Segundo a ministra, é importante que as pessoas não tenham medo de denunciar um ato violento contra os homossexuais. “Quem ligar para o Disque 100 será atendido por um grupo altamente qualificado e não necessariamente precisará dizer o seu nome. O mais importante para fazer com que as pessoas estejam fortes, para fazer a denúncia, é que elas percebam que aquilo que elas denunciam é levado adiante, e que a impunidade não permanecerá, que os crimes homofóbicos serão trabalhados, julgados e responsabilizados”, afirmou.
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Além de divulgar o telefone de denúncia contra a violação dos direitos humanos, o selo também servirá para que se faça um levantamento sobre os casos de violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, que servirá para a implantação de políticas públicas voltadas para essa população.
“Queremos ter uma visão nacional sobre essa situação da homofobia, porque há muitas discriminações e muita violência e, disponibilizando o número 100, sete dias por semana, 24 horas por dia, gratuito, e para todo o Brasil. Vamos ter, pela primeira vez, uma amostragem do que significa a situação da homofobia em todo o território nacional”, disse.
Segundo a secretaria dos Direitos Humanos, entre os dias 6 de dezembro de 2010 e 16 de fevereiro deste ano, quando o Disque 100 funcionou apenas experimentalmente, foram recebidas 343 denúncias de violência, 17% delas eram relatos de violência física.
Já um levantamento feito pela organização Grupo Gay da Bahia (GGB) em jornais e na internet, e que estampou faixas que foram penduradas em várias pessoas presentes ao lançamento do selo, mostra que entre os anos de 1969 e 2010 ocorreram 494 homicídios motivados pelo preconceito contra homossexuais. Só em 2010, foram noticiadas 24 mortes.
Durante o lançamento do selo, o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Tony Reis, também falou da importância de que seja aprovado, no Congresso, o Projeto de Lei 122, que pune os crimes homofóbicos.
“Temos um adversário comum, que são os religiosos fundamentalistas. Precisamos ter um diálogo com os religiosos e dizer que não queremos privilégio nenhum, não queremos destruir a família de ninguém. Queremos construir a nossa”, disse Reis.
Segundo a senadora Marta Suplicy, apesar de o Congresso Nacional, hoje, ter uma grande bancada religiosa, a lei deve passar. “Não temos que convencer ninguém que tem um dogma, e que temos que respeitar. Temos é que falar com os deputados e senadores que concordam, mas que têm medo do eleitor. Esses são os que temos que convencer”, disse a senadora.
Segundo ela, o Legislativo precisa vencer o seu atraso perante a sociedade com relação a esse tema. “Não podemos esquecer que quem caminhou foi a área da Justiça e a sociedade civil. Quem se acovardou foi o Legislativo”, completou.
Caminhada
Após a cerimônia de lançamento, cerca de mil pessoas participaram de uma passeata pela Avenida Paulista, em São Paulo, protestando contra a violência homofóbica e pedindo a aprovação do projeto de lei contra a homofobia.
Com apitos, sombrinhas com as cores do arco-íris e muitas faixas, os manifestantes caminharam do cruzamento com a Rua da Consolação até o número 777 da Avenida Paulista, local onde ocorreu uma agressão homofóbica no ano passado contra um jovem que caminhava pela avenida com um amigo. Câmeras instaladas na Avenida Paulista mostraram que o rapaz foi agredido por cinco rapazes com socos e pontapés.
Deise Recoaro participou da caminhada e destacou a importância de atitudes que combatam a homofobia e promovam a igualdade. “Nesse sentido, é fundamental a aprovação do projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia”, destacou.
A Contraf-CUT tem trabalhado para combater as discriminações de raça, gênero e orientação sexual no sistema financeiro. Em reconhecimento desse trabalho, a confederação recebeu o prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, por conta da conquista da cláusula de isonomia de tratamento para casais homoafetivos assegurada na Convenção Coletiva de Trabalho em 2009.
Fonte: Contraf-CUT, com Agência Brasil