DIÁRIO DE CAMPANHA – 2º TURNO – 6 A 26 DE OUTUBRO/2014
20/10 – No debate da Record, Aécio Neves disse, mais uma vez, que não vai privatizar o Banco do Brasil, que vai profissionalizar o seu quadro e que vai valorizar os funcionários de carreira.
Se os tucanos forem eleitos novamente, a promessa de não privatizar pode ser cumprida com a fusão do BB com a Caixa Econômica. Na Era FHC, depois que não se conseguiu privatizar o BB e a CEF, foi esse o projeto que o PSDB tentou concretizar… Com a fusão, na prática, um banco público sumiria sem privatização. Muitos de seus funcionários também. E a promessa seria cumprida.
Aécio não gosta de debater o passado. Afinal, o passado de seu DNA tucano, condena o PSDB.
Quanto a “profissionalizar” o Banco do Brasil, o que significa isso?… Que os funcionários do BB não são profissionais, que não trabalham, que são “vagabundos”, como FHC chamou os servidores públicos?… Ou será que a profissionalização virá de fora, com a vinda de quadros “qualificados”, das “melhores cabeças”, talvez de ONG’s ligadas a Marina ou de institutos ligados ao PSDB, através da terceirização?…
Aécio gosta de debater o futuro. Afinal, dizem que o futuro a Deus pertence. Então, para o futuro é possível fazer promessas, de preferência vãs, sem mentir, mas também sem falar a verdade… No futuro se discute sonhos, no passado se discute a realidade.
Então, vamos falar do passado, da realidade. Afinal, recordar é viver!…
No DNA de Aécio, o DNA tucano do PSDB, está a seguinte “valorização” dos funcionários do Banco do Brasil:
1 – Demissão “voluntária” ou por “Ato de Gestão”, criado na Era FHC, que dispensava processo administrativo nas demissões, que ficaram ao bel-prazer das gerências, de 41 mil empregados, 34% ou pouco mais de 1/3 do quadro. Ou seja, de cada três funcionários, um deixou o Banco na Era FH.
2 – Arrocho salarial, com reajuste zero de 1995 a 1999. Nessa época, a grande mídia e os tucanos diziam que “a inflação acabou”. Então, para que reajuste de salário?… Para realimentar a inflação?… Apesar dessa retórica, a inflação conseguiu se alimentar… Em 1995, o INPC foi de 21,9%; em 1996, foi de 9,1%; em 1997, 4,3%; em 1998, 2,4%; e em 1999, 8,4%. Total: 46,1%. Ou seja, os funcionários do Banco do Brasil perderam cerca da metade de seu poder aquisitivo em cinco anos… Que “valorização”, hein?…
Considerando o INPC dos últimos 12 meses, em 6,5%, como o de 2014, e somando-o aos de 2013 (5,5%), 2012 (6,1%), 2011 (6,0%) e 2010 (6,4%), teremos uma inflação de 30,5%, nos últimos cinco anos, cerca de 1/3 a menos que a do período 1995 a 1999.
Perguntar não ofende!…
Com 46,1% de INPC em cinco anos, “a inflação acabou”, e com 30,5%, nos últimos cinco anos, “a inflação é alta”?…
Os tucanos do PSDB, dizem que Dilma e o PT, além “dessa gente do Sindicato”, fazem terrorismo no Banco do Brasil sobre um possível governo Aécio… Será que não é porque no DNA de Aécio, do PSDB e dos tucanos está a Era FHC que foi um terror para o Banco do Brasil?
19/10 – Deu no Globo, o Diário Oficial do PSDB… “Com a inflação em alta, o brasileiro voltou a fazer compra de mês e estocar alimentos. Nas redes que vendem quantidades grandes no varejo, as vendas sobem 24%. Este mês, três supermercados iniciaram promoções. O brasileiro está indo menos aos supermercados e fazendo compras maiores. Não por acaso, as grandes redes vêm investindo cada vez mais em promoções. Só este fim de semana, no Rio, as três maiores do setor estão com grandes ofertas, levando os consumidores a encher carrinhos e enfrentar filas quilométricas”.
Perguntar não ofende!…
Inflação não é o aumento de preços, que gera a perda do poder aquisitivo?… Então, como é que promoção, que significa a redução dos preços, e aumento das vendas, que significa o aumento do poder aquisitivo, é “inflação em alta”?…
18/10 – A grande mídia e os tucanos têm alardeado que os juros estão muito altos no Brasil, uma vez que a Taxa Selic, que norteia esse setor está em 10,9% ao ano. Em relação ao mundo, pode ser. Mas, considerando o padrão Brasil das últimas décadas…
Recordar é viver!…
Em junho de 1996, quando a Selic foi criada, no governo FHC, os juros anuais foram fixados em 23,2%. E chegaram a 45,6% em outubro de 1997. Em janeiro de 2001, aconteceu a menor Taxa Selic tucana, 15,1%. E FH entregou o governo, em dezembro de 2002, com a Selic em 24,9%.
Entre julho de 2009 e março de 2010, a Selic se manteve em 8,6%, o menor patamar da Era Lula, que terminou o governo, em dezembro de 2010, com a Taxa Selic em 10,6%, próxima à de hoje.
Entre julho de 2012 e março de 2013, com Dilma, a Selic variou em seu patamar histórico mínimo, na faixa dos 7%, batendo o recorde da História da Taxa em janeiro de 2013: 7,1%.
O DNA de 45% de juros Selic com FHC foi a “base” para os 8% da Taxa com Lula e dos 7% com Dilma?…
A “Mudança” também pode ser para pior…
17/10 – Os opositores de FHC, do PSDB, dos tucanos e de Aécio, dizem que os neoliberais são adeptos das privatizações e que essas geram desemprego… Mas nem sempre é assim… Na Era FH (1995-2002), a Caixa Econômica e o Banco do Brasil não foram privatizados.
Apesar disso, em 1995, no início da Era FHC, a Caixa Econômica tinha 76 mil funcionários. Em 2002, último ano de FH, a CEF tinha 53 mil funcionários, ou seja, menos 23 mil postos de trabalho, menos 30,2% do quadro.
No Banco do Brasil, não foi muito diferente. Em 1995, o Banco tinha 119 mil funcionários. Em 2002, o BB tinha 78 mil funcionários, ou seja, menos 41 mil postos de trabalho, menos 34% do quadro.
Então, é possível desempregar mesmo sem privatizar.
Em 2014, a Caixa tem 99 mil funcionários e o BB 112 mil. Em relação ao último ano da Era FHC, nos governos petistas, a Caixa aumentou seu quadro em 86,7% e o BB em 43,5%.
Que DNA você prefere?… O do desemprego ou o do emprego?…
Perguntar não ofende!…
Política tucana de desemprego foi a “base” da política petista de criação de empregos?…
16/10 – A Nova Política, termo que estava no DNA de Marina e que, agora, foi apropriado por Aécio, usa o velho discurso de que é necessário “sanear os bancos públicos”, ideia que serviu para Collor e FHC acabarem com quase todos os bancos estaduais do país, tentarem privatizar o Banco do Brasil e tentarem fundir a Caixa Econômica com o BB.
Em 2002, último ano da Era FHC, considerada a correção monetária pelo INPC, o Banco do Brasil tinha um patrimônio de 17 bilhões de reais e teve um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões… Em 2013, o patrimônio do BB passou a 70 bilhões de reais e o lucro líquido foi de R$ 15,7 bilhões…
Os governos petistas multiplicaram o patrimônio do Banco do Brasil por 4,1 e o lucro por 7,1, ou seja, o patrimônio aumentou mais de 300% e o lucro mais de 600%…
Se é que o BB algum dia precisou de “saneamento”, como afirmava FH, parece que isso foi feito, sem privatização e desemprego, pelos governos petistas.
Incompetência é isso aí!…
15/10 – No debate da Band, Aécio diz que vai “sanear” os bancos públicos.
Considerando o governo FHC, onde, segundo o candidato tucano, está o “DNA” dos aspectos positivos dos governos Lula e Dilma, na época, para o PSDB, “sanear” era sinônimo de “privatizar”. E, sob a nova direção do mercado, que, não se esqueçam, gosta de Armínio Fraga, a maioria esmagadora dos funcionários dos bancos estaduais privatizados saiu pelo ralo e acabou na rua, desempregado.
Já o BESC, de Santa Catarina, no governo Lula, e a Nossa Caixa, de São Paulo, no governo Dilma, foram “saneados” sendo incorporados ao Banco do Brasil, que manteve todos os empregados desses bancos… Ou seja, para o PT, “sanear” é limpar a caixa de gordura. E não vender a casa.
Incompetência é isso aí!
Alguns dizem que tudo que foi bom nos governos petistas foi por causa das “bases do governo FHC”…
Perguntar não ofende!…
Nos bancos públicos, privatizar e desempregar foram “as bases” tucanas para os petistas manterem bancos como públicos e manterem os empregos desses bancos?…
11/10 – Deu no Globo!… “Geração de vagas deve ser a menor em 14 anos”… Uma rápida leitura dessa manchete nos leva a crer que, atualmente, o desemprego é o maior dos últimos 14 anos. Mas não é bem assim… A reportagem esclarece que, em setembro, devem ter sido criados quase 100 mil novos empregos, enquanto em setembro de 2013 foram criadas 211 mil novas vagas… Ou seja, embora timidamente, o nível de emprego aumentou, apesar de ter sido o menor aumento desde 2000… Então, ao contrário do que possa parecer, o desemprego diminuiu no mês passado. Mas isso O Globo não diz… A crise existe, mas não é do tamanho que a grande imprensa quer que acreditemos.
Por falar em desemprego, recordar é viver!… Segundo o IBGE, em 2002, no último ano da Era FHC, o desemprego foi de 12,6%. Em 2010, no último ano da Era Lula, o desemprego foi de 6,7%. E em agosto deste ano, com Dilma, o desemprego foi de 4,9%… Incompetência é isso aí!
Mudança também pode ser para pior e a Nova Política pode ser uma volta ao passado.
10/10 – Nas delações premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, indicado para a estatal pelo PP – e não pelo PT -, e do doleiro Alberto Youssef, que foram presos no governo Dilma Rousseff, são 13 empreiteiras foram acusadas de formação de cartel e superfaturamento nas licitações da Petrobras, entre elas, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Camargo Correa e OAS.
Perguntar não ofende…
Por que a grande imprensa cobra com veemência a punição dos políticos corruptos, especialmente os petistas, e não exige punições para as empreiteiras corruptas?…
Para toda a corrupção passiva, a dos políticos, não tem que haver a corrupção ativa, a dos empresários?…
Tendo, supostamente, participado da corrupção na Petrobras nos governos petistas, no 2º turno, para quem será que vai o voto dos donos dessas empreiteiras?… Para Dilma ou para Aécio?…
Na delação premiada, Paulo Roberto Costa também disse que “As diretorias da Petrobras, seja nos governos Sarney, Collor, Fernando Henrique ou Lula sempre foram ocupadas por indicações políticas. Eu fui indicado pelo deputado Janene [PP]”… Segundo o ex-diretor da Petrobras, na Nova República, desde 1985, a estatal sempre foi usada pelos governos, inclusive os dois tucanos de FH.
Perguntar não ofende…
Será que só houve corrupção na Petrobras nos governos petistas ou será que nos governos anteriores a corrupção na Petrobras não foi investigada, punida e divulgada?…
09/10 – Deu no Globo!… “Inflação ainda mais alta”… A manchete do Globo se baseia no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), um índice do IBGE que abrange famílias de um a 40 salários mínimos, ou seja, de R$ 724 a 28.960 reais, que, em agosto, foi de 6,5% e, em setembro, de 6,7%.
Recordar é viver!… Em 2010, no último ano da Era Lula, o IPCA anual foi de 5,9%. Em 2002, no último ano da Era FHC, o IPCA anual foi de 12,6%.
Perguntar não ofende…
Por que O Globo e os tucanos, hoje, chamam a inflação de 6,5% de “alta” e a de 6,7% de “ainda mais alta” e, em 2002, diziam que “a inflação acabou”, com o IPCA em 12,6%?…
08/10 – Jair Bolsonaro, deputado federal reeleito (PP-RJ): “Serei a direita mostrando sua cara. Voto no Aécio. O grande mal do Brasil é o PT. Se Dilma conseguir a reeleição, não fugiremos de uma ida para Cuba sem escala na Venezuela. É um governo que se preocupa em caluniar as Forças Armadas 24 horas por dia”… Assim como alguns pensam que o Holocausto foi uma invenção dos judeus, que controlam Hollywood, para caluniar a memória de Hitler, Bolsonaro deve sonhar que a Ditadura Militar brasileira não existiu, apesar dos torturados ainda terem pesadelos com os Anos de Chumbo.
Marcelo Freixo, deputado estadual reeleito (PSOL-RJ): “Voto na Dilma. O retorno dos tucanos com o Aécio é um retrocesso. Não tenho saudade dos oito anos do governo Fernando Henrique. Os funcionários públicos ficaram sem reajuste. Houve uma política brutal sobre os movimentos sociais. O segundo turno serve para isso: votar em quem você considera que possa derrotar um projeto ainda pior”… Parece que a memória de Freixo é melhor que a de Bolsonaro. Mas, como dizem que os brasileiros têm memória curta, Bolsonaro teve 464.572 votos e Freixo 350.408.
EM TEMPO: Duas tragédias se abateram sobe o PSB nos últimos meses. A queda do avião de Eduardo Campos. E o atropelamento de Marina por Aécio Neves.
07/10 – Recordar é viver… Nesta terça-feira, vamos lembrar alguns trechos da entrevista de Armínio Fraga à Folha de São Paulo, em 13 de Abril de 2014. Armínio foi diretor do Banco Central com Fernando Collor de Mello (1991-1992) e presidente do Banco Central com o tucano FHC (PSDB), entre 1999 e 2002, e é o líder da assessoria econômica da campanha do tucano Aécio Neves (PSDB), de quem, em um possível futuro governo (2015-2018) seria o Ministro da Fazenda.
06/10 – Nesta segunda-feira, a ida improvável do tucano Aécio Neves (PSDB) ao 2º turno fez a Bolsa de Valores subir 4,72% em um dia ou 72,3% da inflação de 6,5% dos últimos 12 meses… Se o mercado financeiro gostou, os trabalhadores devem gostar também?…
1 – “Há uma inflação alta, em torno de 6%”… E o que será que Armínio achava da inflação quando estava à frente do Banco Central?… Na época, o INPC foi de 8,4%, em 1999; 5,2%, em 2000; 9,4%, em 2001; e 14,7%, em 2002. E o governo FHC dizia que a inflação acabou. Agora, 6,5% é inflação alta.
2 – Sobre a Petrobrás: “O governo vem asfixiando o fluxo de caixa da empresa”… Segundo Armínio, o Governo não vem aumentando o preço dos combustíveis e a solução é aumentar os combustíveis.
3 – “O Brasil tinha que ter como objetivo juros de BNDES para todo mundo. Ou seja: ter juros mais normais no Brasil”… Segundo Armínio, os juros atuais são anormais: 10,9% ao ano (taxa Selic). Com ele à frente do Bacen, 1999 terminou com a Selic anual em 19,0%; 2000, em 15,7%; 2001, em 19,0%, de novo; e 2002, em 24,9%. Atualmente, a TJLP do BNDES está em 5% ao ano.
4 – “Não tenho um programa pronto aqui para discutir”. Se o programa não está pronto em 2014, ficará pronto em 2015. Ou seja, primeiro, você dá o voto, depois, você vê no que vai dar.
5 – “O próprio Aécio falou que está disposto a tomar medidas impopulares. Mas o que ele não falou é que o custo de tomar as medidas impopulares é muito menor do que o de não tomar”. O Tira-Gosto adverte!… Medidas impopulares são aquelas das quais o Povo não gosta. E o Povo somos nós!
6 – “O Bolsa Família não consome tanto dinheiro assim. Às vezes, fazem ameaças: dizem que vão acabar com o Bolsa Família. Isso é um absurdo”… Quem diria, os tucanos passaram a gostar do Bolsa Família!
7 – “O crescimento vem de mais investimento em capital e de mais produtividade. E quem é o grande participante da economia? O Estado”… Tradução: o Estado dá mais Capital para os empresários e os empresários dão mais Trabalho – e menos salário – para os trabalhadores… Produtividade, é isso aí!
8 – “Demanda não basta. É preciso oferta: mais produção, mais investimento”. Tradução: demanda, que é o poder aquisitivo do consumidor, o salário, não tem muita importância. Importante é a produção, industrial, e mais investimento, para o empresário. Menos crédito para a demanda, nóa, e mais para a oferta, eles.
9 – “A China tem uma preocupação com o emprego, mas só um regime autoritário pode fazer o que eles fizeram”… Como o Brasil não é um regime autoritário, se Ministro da Fazenda, Armínio não fará o que a China fez: se preocupar com o emprego.
10 – “O Plano Real tirou o País do caos. Depois veio a reforma do Estado. O Estado no Brasil fazia coisas demais. Estava envolvido em siderurgia, tinha presença maciça no setor financeiro, com bancos estaduais. Houve essa guinada e a decisão de Fernando Henrique foi focar em Saúde e Educação”… Ah, entendi! No Brasil, por causa dos recursos das privatizações de FHC, a Saúde e a Educação viraram essa maravilha que temos no país. Que foco, hein, FH?
11 – “Eu penso que não há nada mais saudável do que a concorrência”… De preferência, tirando o Estado da concorrência, com as privatizações. E, de preferência, a preço de banana.
12 – “O salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos. Mesmo as lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade, sob pena de engessar o mercado de trabalho”… Armínio acha que 724 reais por mês é um espetáculo. E o de quem ganha mais que o salário mínimo, nem se fala. E que só pode haver emprego se o salário for mais mínimo que o atual mínimo. Os empresários agradecem essa lógica… E será que os sindicalistas reconhecem mesmo que os salários, mínimos ou não, cresceram muito?
13 – “Sou a favor da independência do Banco Central. A definição das metas ficaria com o governo e deveriam ser de longo prazo para não ficarem expostas aos ventos do círculo político”… Se o Bacen ficar independente do Governo, ficará dependente de quem?… Que tal do mercado, dos empresários e dos banqueiros?… E se não fica exposto aos ventos políticos, que tal dos ventos econômicos do mercado?…