Lula participa de ato em defesa da Petrobras no centro do Rio

Manifesto teve a participação de bancários de Niterói e contou com a presença de intelectuais, artistas, jornalistas, trabalhadores, movimentos sociais e estudantes no prédio da Associação Brasileira de Imprensa

Trabalhadores, militantes de esquerda, sindicalistas, movimentos sociais e populares lotaram as dependências da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, no centro do Rio, para participar do ato “Em defesa da Petrobras e do Brasil” organizado pelo CUT – Central Única dos Trabalhadores e a FUP – Federação Única dos Petroleiros. O evento teve a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, intelectuais, jornalistas, artistas e lideranças políticas. Cerca de 600 pessoas lotaram o auditório da casa e outras centenas acompanharam do lado de fora do prédio onde foi montado um telão com a transmissão simultânea do evento.
Representantes do Sindicato dos Bancários de Niterói e região e da Federação dos Bancários dos Estados do Rio e Espírito Santo também participaram do ato.
Lula chegou por volta das 19h30m à sede da ABI e foi recebido com gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”, “olê, olê, olá, Lula, Lula” e “Lula sai do chão, o petróleo é do povão”. Na chegada, Lula foi recepcionado por personalidades como os produtores de cinema Lucy e Luiz Carlos Barreto, o ex-presidente do PSB Roberto Amaral, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) João Pedro Stedile e a grande militância que o aguardava na rua que teve que ser fechada ao trânsito para garantir a segurança dos manifestantes.
Antes do início do ato, um grupo pequeno contrário ao governo petista entoou gritos ofensivos aos militantes que levou a um princípio de confusão logo contornado.
Segundo a PM, 500 manifestantes ficaram do lado de fora da ABI.
Após discursarem representantes dos petroleiros, da OAB, jornalistas e intelectuais, o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, reforçou a necessidade de unidade e luta dos trabalhadores.
Após o discurso do sindicalista, o ex-presidente Lula falou aos presentes por cerca de meia hora e ressaltou que os opositores e a imprensa tentam a todo custo criminalizar o PT.
“O que estamos vendo é a criminalização da ascensão de uma classe social nesse país. As pessoas subiram um degrau e isso incomoda a elite. Quando se faz isso, o processo começa pela sentença. É a tal da teoria do domínio do fato. É o pressuposto de que a mãe tem que saber que o filho é drogado ou foi mal na escola”, disse Lula sobre a criminalização do partido.
Lula também citou a presidente Dilma Rousseff lembrando que ela foi a vencedora das eleições de 2014 e que não deve abaixar a cabeça e, sim, governar o país.
“Nossa querida Dilma tem que levantar a cabeça e dizer: eu ganhei as eleições. E governar o país. Não pode ficar dando trela senão ficamos paralisados. Nós ganhamos a eleição e parecemos envergonhados. Eles perderam e andam por aí, pomposos”, afirmou.
João Pedro Stédile, do MST, clamou a Lula que voltasse às ruas como na época de sindicalista. Lula, então, cobrou que os sindicatos e a militância esboce uma reação rápida contra os ataques à Petrobras.
“Em vez de ficarmos chorando, vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobras é defender a democracia e defender a democracia é defender a continuidade do desenvolvimento social nesse país”.
Lula também pregou que os ataques à democracia é ruim para os trabalhadores.
“Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele nas ruas”, alertou.
Sobre as denúncias de corrupção na Petrobras, o ex-presidente disse que em toda família tem alguém que se perde e faz uma “caca” e por isso merece um castigo.
“O julgamento acontece antes do processo. A ideia básica é criminalizar antes. Tornar você bandido sem ser investigado ou julgado. Porque quando você for criminalizado pela imprensa começa o processo pela sentença. Quem fez a caca tem de ser investigado. Presta atenção. Toda vez que, na história da humanidade, que se tentou criminalizar a política, o resultado foi sempre pior. Olhem o que resultou na Itália: um Berlusconi. No Iraque, já tem gente lá com saudade do Sadam Hussein, porque no tempo dele se vivia em paz”, acrescentou.
Lula lembrou ainda que a imprensa deve ser isenta e que seu papel é apenas informar.
“Quero dizer para a imprensa que eu já ganhei duas eleições sem ela. O povo já consegue fazer análise sem ouvir formador de opinião”, reforçou.
O ex-presidente também fez referência à indústria naval e disse ter orgulho de revitalizado o setor com os investimentos da Petrobras.
“Talvez eu tenha sido o presidente que mais investiu na Petrobras. Eu devo ter em casa mais macacões da Petrobras que o funcionário mais antigo da empresa. Não pense que eu tenho vergonha de ter inaugurado o Cenpes, um dos maiores centros de pesquisas do mundo. Eu tenho orgulho”, disse o ex-presidente, referindo-se ao Centro de Pesquisas da Petrobras.
Antes do discurso de Lula, o ex-presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, também criticou a condução das investigações da Operação Lava-jato coordenadas pelo juiz Sérgio Moro e os procuradores envolvidos. Wadih afirmou que as delações premiadas eram fruto de “chantagem”, obtidas a partir de tortura psicológica dos presos, que teriam direitos constitucionais desrespeitados. Ele afirmou que se Moro e os procuradores descrevessem esses métodos em um exame da OAB não seriam aprovados. Wadih fez referência, ainda, às torturas da época da ditadura com as práticas utilizadas agora com a delação premiada.
“A única diferença da tortura de antes para agora é o pau de arara. Agora a tortura é psicológica e de ameaças”, falou o ex-presidente da OAB-RJ.
Grande Ato de 13 de março
Os militantes foram convocados pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, para uma grande manifestação em todo país no próximo dia 13 de março para defender a estatal da burguesia.

Willian Chaves